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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Carros elétricos tão desejados por uns, o público, e não tanto pelos governos - o do Brasil que o diga - já se nota pelas ruas da Europa e dos Estados Unidos, onde os totens de recarga de suas baterias estão espalhados pelas cidades. A Alemanha tem sua meta de colocar nas ruas até 2020 uma boa quantidade de elétricos à custa de um subsídio de 5.000 euros, mas ainda é muito caro para o consumidor em relação aos tradicionais veículos com motor de combustão. Uma decisão inteligente seria incentivar os híbridos


Alta Roda 

Nº 912 — 27/10/16

Fernando Calmon

Pés no Chão

Que o futuro dos automóveis deve ser elétrico, poucos duvidam. O problema é saber quando e como isso deve acontecer. 

Há dois meses um dos países mais engajados nos incentivos para a substituição dos motores a combustão, a Noruega, desmentiu haver algum prazo ou obrigatoriedade. 

No país nórdico carros elétricos são isentos de impostos de compra, de circulação e de pedágio urbano. 

Podem transitar nos corredores de ônibus, e recebem recarga e estacionamento gratuitos.

Semana passada uma proposta no parlamento alemão de impedir a venda de automóveis a gasolina ou diesel no país a partir de 2030, foi interpretada aqui como favas contadas. 

Não é bem assim. A aprovação depende ainda de muitos fatores, inclusive de um acordo geral com a União Europeia. 

Afinal, o mercado automobilístico alemão responde por um quarto de todo o continente, ao contrário do norueguês, que mal passa de umas gotas em um copo.

O avanço da tração elétrica tem mais impedimentos do que simplesmente baixa autonomia, tempo de recarga ou de como se obtém a essa energia, entre outros. 

Apenas um dos fatores limitantes, o custo da bateria, parece caminhar melhor. Segundo a consultoria Bloomberg, seu preço em US$/kWh caiu 65% entre 2010 e 2015, devendo ir bem abaixo disso na próxima década. 

A reciclagem em massa das baterias, porém, não apresenta ainda uma equação financeira plausível.

Até mesmo o modelo de negócio do carro elétrico carece de contabilidade precisa. A Faraday, que apresentou seus planos no começo do ano e conseguiu incentivos do estado americano de Nevada, está com obras e contas atrasadas. 

A Tesla, do bilionário e visionário Elon Musk, acumula prejuízo há 18 trimestres consecutivos. 

Mas isso não impedirá que seu Model S esteja no Salão do Automóvel de São Paulo, entre 10 e 20 de novembro próximo, e possa até ser testado na pista fechada do Expo Center.

Voltando à Alemanha, o país tem uma meta menos ambiciosa de colocar nas ruas um milhão de carros elétricos até 2020 à custa de um pesado subsídio de 5.000 euros (cerca de R$ 20.000) por veículo. 

Essas contas tendem a não fechar, pois no ano passado foram vendidos no país apenas 30.000 unidades ou 1% do total comercializado. 

Reconhecido pelo rigor fiscal nas contas públicas, precisam combinar antes com o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble...

EUA e França também construíram programas de incentivos ou de abatimento de impostos a pagar para incentivar o uso de energia alternativa por parte dos consumidores. 

Como o elétrico ainda é um produto muito mais caro do que um carro convencional, grandes avanços técnicos ocorrem hoje nos motores a combustão e há poucos indicadores de o preço dos combustíveis fósseis voltar a patamares muito elevados, fica difícil um comprador tomar sua decisão em meio a tantas indefinições.

O fato real é que ninguém sabe quanto tempo vai durar a transição. Grandes capitais europeias podem, de fato, criar zonas centrais de exclusão para veículos com motores apenas a combustão. 

Mais prudente seria incentivar os híbridos, que apresentam custos mais palatáveis e significam opção com os pés no chão.

Roda Viva

Fabricantes, como Honda, têm suas próprias metas para 2030. A previsão é objetiva: 50% de sua produção se concentraria em carros elétricos a bateria e híbridos (não informou em que proporção), 15% de elétricos com pilha a hidrogênio e 35% com motores a combustão exclusivamente. Estes motores estarão ainda nos híbridos e, portanto, vão longe...

Outra previsão, desta vez da Honeywell/Garrett, indica que em cinco anos veículos leves com motores turbo passarão de 20% para 30% na América do Sul. 

É mais desempenho com menor consumo de combustível. Já existem vários modelos de alto volume, produzidos aqui e na Argentina, exclusivamente turbos: VW Jetta e Golf, Chevrolet Cruze, Citroën C4, Peugeot 308 e 408.

Novo Mercedes-Benz Classe E está mais requintado e aerodinâmico com Cx de apenas 0,23. Versão E250 (2 L/211 cv) ficou 65 kg mais leve e assim diminuiu consumo de combustível. 

Dos recursos de direção semiautônoma destacam-se controle ativo de cruzeiro até 210 km/h e assistente de manutenção dentro das faixas entre 60 e 200 km/h. Preços: R$ 309.900 a 325.900.

Volvo XC90 oferece no Brasil, pela primeira vez entre os SUVs, o mais avançado dos seus sistemas semiautônomos: permite acelerar, frear e a movimentar o volante a até 130 km/h, mesmo sem seguir um carro à frente. 

Mas o motorista deve manter sempre as mãos no volante. Também aciona os freios se tentar virar à frente de outro carro em sentido contrário.

Denatran continua com sua incoerência. Não é mais preciso que o agente de trânsito use um decibelímetro para constatar excesso no nível sonoro musical de um carro. 

Mas milhões de veículos continuam a rodar com películas escurecedoras nos vidros dianteiros, ilegais e perigosas, principalmente à noite e em locais escuros. Em Brasília, então, nenhuma “autoridade” segue a lei.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

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