Coluna Fernando Calmon
N 1.134 — 28/1/21
TODOS OS VENCEDORES
DE 2020
Em ano atípico de recuo de 26% nas vendas em relação a 2019,
o ranking dos modelos líderes em 2020 mostrou poucas surpresas. Os modelos mais
caros, nacionais e importados, sofreram menos. A única mudança entre os 16
segmentos foi a liderança do T-Cross. No segundo ano de mercado o modelo da VW
ultrapassou o Renegade por apenas 1 ponto percentual e se tornou o SUV mais
vendido.
A queda entre os segmentos foi desigual. Os SUVs compactos (sem
incluir derivações aventureiras dos hatches) atingiram pela primeira vez 24%.
Ainda distantes da soma de subcompactos e compactos (hatches e sedã) que
representam 57% do total.
Só os carros esporte e de topo tiveram crescimento de
surpreendentes 51% e 35%, respectivamente. Porém, como as vendas são muito
baixas, um avanço bastante forte – no caso da Porsche, 32% – distorce as
estatísticas. BMW e Chevrolet lideraram três segmentos, cada. O Série 7 atingiu
o maior percentual de participação deste levantamento: 77%. Foi seguido por
dois modelos da FCA: Compass e Strada, ambos com 65% do mercado. A picape da
Fiat e o SUV da Jeep alcançaram sua melhor posição histórica.
O ranking tem critérios próprios e técnicos com
classificação por silhuetas. Referência principal é distância entre eixos, além
de outros parâmetros. O enquadramento às vezes implica dúvidas e a escolha, em
pouquíssimos casos, torna-se subjetiva. Base de pesquisa é o Registro Nacional
de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais
representativos (mínimo de três) e em função da importância do segmento. Compilação
de Paulo Garbossa, da consultoria ADK.
Hatch subcompacto: Kwid,
48%; Mobi, 45%; up!, 7%. Líder sob ameaça.
Hatch compacto: Onix+Joy, 23%; HB20/X, 15%; Gol, 12%; Ka, 11,6%;
Argo, 11,3%; Polo, 7%; Sandero/R.S./Stepway, 5%; Uno, 3,9%; Yaris, 3,8%; Fox,
3,5%; Etios, 1,5%. Onix mantém desempenho.
Sedã compacto: Onix Plus+Joy, 32%; Virtus, 11%; Ka, 9,3%;
Voyage, 8,8%; HB20S, 8,7%; Cronos, 5,9%; Yaris, 5,8%; Logan, 5,%; Versa/V-Drive,
4,4%; Grand Siena, 4%; City, 2,6%; Etios, 2%. Mais folga na liderança.
Sedã médio-compacto: Corolla, 49%; Civic, 24%; Cruze, 10%.
Nenhum incomoda o Corolla.
Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 59%; Mercedes Classe C, 24%;
Volvo S6, 9%. BMW ampliou vantagem.
Sedã grande: BMW Série 5/6, 25%; Panamera, 21%; Mercedes Classe
E/CLS, 20%. Luta equilibrada.
Sedã de topo: BMW Série 7, 77%; Mercedes Classe S, 16%; Jaguar
XJ, 6%. Participação inigualável.
Cupê esportivo: Mustang, 55%; Camaro, 18%; BMW M2, 14%. Mustang
bem firme.
Cupê esporte: 911, 49%; 718 Boxster/Cayman, 27%; BMW Z4, 13%. 911
à vontade.
SUV compacto: T-Cross, 16%; Renegade, 15%; Tracker, 13%; Creta,
12%; Kicks, 9%; HR-V, 8%; EcoSport, 6%; Duster, 5%; Nivus, 4%; Captur, 3%; C4
Cactus, 2,5%. Novo líder é da VW.
SUV médio-compacto: Compass, 65%; ix35/Tucson, 6%; RAV4, 4%.
Compass continua a mandar.
SUV médio-grande: SW4, 25%; Tiguan, 23%; Equinox, 13%. Luta
apertada.
SUV grande: Trailblazer, 33%; XC90, 10%; BMW X5/X6, 9%.
Trailblazer tranquilo.
Monovolume: Fit/WR-V, 59%; Spin, 39%; C3 Aircross, 2%. Fit
sempre à frente.
Picape pequena: Strada, 65%; Saveiro, 25%; Montana, 5%. Strada
avançou mais.
Picape média: Toro, 33%; Hilux, 20%; S10, 16%. Nenhuma ameaça ao líder.
PANDEMIA EM ALTA AFETA PREVISÕES
Está difícil mesmo
olhar através da “neblina” em que este ano, mal começou, se transformou. Tudo
dependerá da velocidade da vacinação, regressão da pandemia e consequente ritmo
de recuperação da economia. Em relação a 2020, um ano de recessão, sem dúvida
haverá crescimento em especial da indústria automobilística.
As previsões no
primeiro mês são díspares para a aceleração de vendas totais (veículos leves e pesados):
Anfavea, mais 15%; Fenabrave, 16%; GM, 25% (ou mais) e, agora, a VW, 10% a 12%.
O ano de 2021, com
encolhimento da Ford, mudanças de estratégias de participação de mercado como a
da Renault e as primeiras sinergias da fusão FCA e PSA que deu origem a
Stellantis, deverá reacomodar as marcas.
Segmento mais
rentável continuará sendo o de SUVs. O alvo da vez é o Compass que detém 65%
(ver abaixo) na sua categoria. O modelo da Jeep terá motor turbo flex, como
resposta ao inteiramente novo VW Taos. O modelo, já fabricado no México, entrará
em produção dentro de dois meses na Argentina com lançamento simultâneo no
Brasil, no segundo trimestre. Chegada às concessionárias será em junho.
O Taos partilha sua base mecânica com o Jetta (entre-eixos praticamente o mesmo) e terá apenas tração 4x2 (o que o torna mais leve), além de um abrangente sistema de assistência eletrônica de segurança.
PLANOS DE ASSINATURA TENDEM A CRESCER
A Renault é a sétima
marca a oferecer uma opção de uso do veículo com todas as despesas incluídas. Este
sistema traz praticidade aos seus usuários. A marca francesa optou por digitalização
total do processo de assinatura pelo celular. Cliente com histórico positivo de
crédito contrata o serviço em 10 minutos, segundo a empresa. Plano para um Kwid
sai por R$ 879,00, em 24 parcelas mensais, tudo incluído.
Essa forma de
comercialização não se trata de novidade. Locadoras e companhias de seguro já o
ofereciam. Conhecido no exterior por leasing privado ficou atraente, a ponto de
envolver as próprias fabricantes, por ser possível agora calcular com mais
precisão a taxa de desvalorização do veículo.
Nos EUA, o leasing
convencional responde por cerca de 80% das vendas. No Brasil, no começo da
década passada, chegou a 4%, mas por problemas com clientes inadimplentes
encolheu para 1%. Os planos de assinatura têm potencial de chegar a 4% ou mais.
Em alguns países europeus, como a França, 20%.
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