Coluna Fernando Calmon
Nº 1.141 — 18/3/21
COROLLA CROSS: PRODUTO CERTO,
CHEGA NO MOMENTO CERTO
Quando começou o seu
projeto no Japão, o Corolla Cross tinha em vista as limitações de mercado onde
seria vendido: América Latina e países de menor poder aquisitivo da Ásia. Hoje
há uma luta incessante para manter os custos sob controle. Os projetistas japoneses
começaram por analisar os concorrentes. O principal é o Compass, que reina
absoluto. Mas há também Equinox e Tiggo 7, entre outros. E o VW Taos, no
segundo trimestre.
O novo produto da
Toyota se enquadra, tecnicamente, mais como crossover do que SUV convencional.
O visual atende muito bem o público-alvo, porém algo menos convincente do que
os concorrentes. Vão livre do solo é quase igual ao do Corolla sedã: apenas 1,3
cm a mais. Então, nem de longe, dá para esperar desempenho fora de estrada.
Distância entre eixos, 2,64 m, praticamente igual à do Compass e espaço interno
também. Além do bom acesso ao banco traseiro.
Como então manter um
preço competitivo? O modelo da Jeep é fabricado em uma região que recebeu
incentivos, além de suas qualidades intrínsecas. O Cross adotou suspensão
traseira por eixo de torção (independente no rival direto). A diferença no
comportamento em curvas existe, mas para o motorista médio pode passar
despercebida. Motor igual ao do Corolla (177 cv) deveria supor a mesma suspensão
traseira independente do sedã. Aí surgiu a primeira opção explícita pelo menor
custo. Por outro lado, essa solução permitiu um porta-malas de 440 litros, 30
litros a mais que o Compass.
A segunda está no
sistema de freio de estacionamento por pedal. Esta solução vem caindo em
desuso, em favor do sistema elétrico, particularmente útil quando se trata de
câmbio automático para evitar aquele típico avanço lento no para e anda do
trânsito. O sedã Corolla mantém a alavanca comum no console central, mais fácil
de operar do que um pedal. A Toyota lembra que ganhou espaço entre os bancos
dianteiros, no caso do Cross. Parece pouco convincente.
O conjunto bastante
agradável do Cross, inclusive com versão híbrida flex, indica um forte
concorrente na sua faixa de preço (R$ 139.900 a 179.900). Claro que as vendas
do sedã serão afetadas, mas a fábrica pretende administrar esse processo e
ganhar participação de mercado.
VW fabricará baterias para reduzir custos
Um plano consistente e
audacioso de produzir baterias para carros elétricos, dentro do próprio
continente europeu para evitar dependência de fornecedores externos, foi
anunciado pela VW em teleconferência mundial, nesta segunda-feira, comandada
por Thomas Schmall. Este é um nome conhecido aqui por ter presidido a filial
brasileira entre 2007 e 2014 e, hoje, dentro do Conselho de Administração do
grupo lidera os assuntos ligados à tecnologia como um todo.
Serão seis as
fábricas, a primeira na Suécia (2023) e a segunda na Alemanha (2025). As outras
ficarão prontas até 2030. Todas funcionarão a partir de fontes renováveis para
neutralizar as emissões de CO2, um dos gases de efeito estufa e de
mudanças climáticas. A empresa não revelou o investimento total, mas também
atuará na reciclagem.
Schmall disse que os
custos das baterias, com um novo tipo de célula em desenvolvimento, serão
bastante reduzidos. “Gradualmente, entre 30% e 50%, repassados aos nossos clientes.”
Também pontuou que em meados desta década as baterias de estado sólido estarão,
finalmente, viabilizadas e assim darão segurança para uma transição. O Grupo VW,
porém, continuará a lançar tanto modelos elétricos quanto híbridos ao longo dos
próximos cinco a dez anos.
Não se abordou o tema
do cobalto nas baterias atuais. Há um movimento na Europa para rastrear como se
faz a mineração deste metal. A maioria da produção mundial vem do Congo sob
condições humanas degradantes. Aumento da procura também acelerou o preço do
cobalto e alternativas em estudo sairão mais caras. Hoje, no entanto, existe um
esforço para chegar à bateria livre de cobalto. Talvez em dois ou três anos,
desde que o custo se mantenha compatível.
Por outro lado, em
visita ao Brasil, o presidente da Stellantis Carlos Tavares voltou a criticar o
açodamento dos governos europeus em forçar a transição sem medir consequências.
“Concordo plenamente: a mobilidade tem que ser zero emissões. Mas precisa haver
tempo para isso. Se barrarem modelos atuais, deixaremos parte dos consumidores
fora do mercado”, enfatizou.
Carlos Zarlenga,
presidente da GM América do Sul, no recente simpósio Perspectivas 2021, afirmou
que nesta região o ritmo de aceitação dos elétricos é incerto, pois depende de
preços mais competitivos, além de definição de investimento específico.
Em qualquer caso, a bateria ainda precisa cair de 50% do preço atual de um veículo elétrico para cerca de 20%, entre outros aspectos que influenciam tanto positivos quanto negativos.
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