Coluna Fernando Calmon
Nº 1.237 — 9/2/23
Por que as vendas no primeiro
mês do ano não foram animadoras
Janeiro apontou que
este pode ser um ano mais complicado, em termos de vendas, do que se previa. Mesmo
com um dia a mais de comercialização do que o mesmo mês de 2022 foram vendidas 142.900
unidades de veículos leves e pesados, apenas 12,9% a mais em relação a uma base
comparativa muito baixa de 12 meses atrás. O cenário indica dificuldades ao
longo do ano pelo desequilíbrio entre demanda (em queda ou na melhor das
hipóteses estagnada) e a produção que está próxima de superar as dificuldades
com o suprimento de semicondutores.
Um bom termômetro é o
estoque de 38 dias nos pátios dos fabricantes e concessionárias. Trata-se de um
volume quase igual aos 40 dias em média com o qual a indústria costumava
trabalhar antes dos problemas causadas pela pandemia da covid-19. Por outro
lado, a boa notícia é a volta paulatina das promoções e melhores condições de
financiamento subsidiado mesmo que as taxas de juros continuem muito altas, inibindo
as vendas.
A estratégia de cada
marca deve mudar, mas não de maneira uniforme. Algumas vão preferir oferecer
financiamentos mais atraentes, outras manterão os preços inalterados por mais
tempo, o que significa um preço real menor sem acompanhar a inflação. Diminuição
dos preços sugeridos de tabela será alternativa pouco comum, porém já há um
exemplo (ler abaixo sobre o Corolla).
Para manter os níveis
de produção e de emprego a Anfavea confia nas exportações que subiram 19,3% em
relação a janeiro do ano passado. Ainda assim a entidade vê com cuidado um
enfraquecimento da demanda no Chile e Colômbia. Nos países do Mercosul espera
uma articulação entre os governos para fortalecer o bloco.
Quanto à perspectiva de produção de carros elétricos a bateria no Brasil, a Anfavea defende que para se tornar viável, em um momento difícil de prever, haverá necessidade de retirar a atual isenção do imposto de importação (II). Neste caso os modelos elétricos importados se submeteriam aos mesmos 35% de II que os veículos com motores a combustão.
Virtus 2023 tem pretensões de incomodar o Corolla
Para tanto, a estratégia de
reposicionamento do Virtus no mercado começa pelo número de versões e motores,
além de reformulação de preços. O sedã compacto sempre se destacou por ter
ótima distância entre eixos (2.651 mm), além de um porta-malas generoso de 521
litros (VDA), maior que o do Corolla (470 litros) e do Jetta (501 litros). Um
recurso que a VW enxergou foi aproveitar o redesenho da parte frontal, de fato
bem melhor e mais imponente, para dar uma esticada no comprimento de 4.482 mm
para 4.561 mm.
Isso, porém, não chega a
classificá-lo como sedã médio, a exemplo dos dois citados acima porque o espaço
interno continua menor. Por via das dúvidas, a Toyota, depois de aumentar o
preço do Corolla no começo de janeiro passado se “arrependeu” e rebaixou a
tabela ainda no mesmo mês. O movimento confundiu o mercado e foi interpretado
como rara posição defensiva da marca japonesa.
A VW trocou o motor 1,6 L
quatro-cilindros de aspiração natural pelo tricilindro turbo de 1 L /116
cv/16,8 kgf.m/etanol, cujo IPI é menor, e também freios traseiros a disco por
tambor que têm custo inferior. Esta é a versão de entrada 170 TSI com câmbio
manual que custa R$ 103.990, valor acima do Onix Plus LT (líder do segmento),
porém traz novos itens como faróis e lanternas de LED, luzes de rodagem diurna
(DRL), carregamento de bateria de celular por indução, vetorização por torque,
sensores de estacionamento traseiro e monitoramento de pressão de pneus, entre
outros.
Mas o desempenho segue como
virtude a partir do 200 TSI (tricilindro 1-L turbo /128 cv/20,4 kgf.m/etanol)
com câmbio automático epicíclico e ótimo comportamento dinâmico por R$ 121.990.
Na parte superior da gama, a versão GTS foi substituída pela Exclusive 250 TSI,
que chega no segundo trimestre. Além do visual mais sofisticado, é a única
equipada com o motor 1.4 turbo de 150 cv e 25,5 kgf.m, além de rodas de liga
leve de 18 pol. herdadas do GTS e vários equipamentos de série, por R$ 144.990.
Todos os preços são promocionais
de lançamento e válidos até o dia 28 deste mês.
ALTA RODA
ALIANÇA Renault-Nissan-Mitsubishi acertou nova estrutura
societária a partir de março próximo. Negociações intensas, depois de rusgas,
deu equilíbrio de participação cruzada de 15% no capital dos dois grupos
(Nissan detém 100% da Mitsubishi). A marca japonesa passa a exercer os mesmos
direitos de voto que a francesa e por consequência também nos resultados
financeiros. Haverá implicações nas operações da América Latina, Europa e
Índia, que passarão a ser mais integradas. Já está acertado que a nova geração
da picape intermediária Oroch passará a ser fabricada na Argentina, incluindo
uma versão Nissan, com previsão para o final de 2024 ou 2025. Frontier e
Alaskan permanecem nas instalações argentinas. Para o Brasil um novo SUV médio
continua nos planos. A aliança também decidiu que produzirá, para ambas as
marcas, um subcompacto elétrico a bateria, sem estipular um prazo. Hoje há o
Kwid E-Tech importado da China.
ESTE ano o C-MOVE – Congresso da Mobilidade e
Veículos Elétricos – será realizada pela primeira vez em Brasília (DF) com o
objetivo de incentivar as discussões sobre infraestrutura, novas tecnologias e
políticas públicas para o setor. Será nos dias 7 e 8 de março próximos e
voltado aos profissionais especializados no assunto e estudantes. Entre os
destaques a palestra da consultoria McKinsey sobre o futuro da matriz
energética no transporte brasileiro. Em um dos painéis se abordará um tema que
merece atenção desde já: a tributação sobre a recarga de baterias dos veículos.
Com certeza isso é de interesse para quem tem ou pretende adquirir um veículo
elétrico e que vai utilizar essas instalações principalmente em estradas, onde
não pode contar com as módicas tarifas residenciais.
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