Ao longo deste mês, viajantes de voos domésticos que partam dos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) acompanharão instalação, testes e início da operação do sistema que dispensa apresentação de cartões de embarque e documentos físicos
Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) são os primeiros aeroportos brasileiros a implantar de forma definitiva o embarque facial biométrico 100% digital para passageiros e tripulantes. Combinando análise de dados e validação por biometria, a tecnologia dispensa a apresentação de cartões de embarque e documentos de identificação dos viajantes de voos domésticos partindo desses terminais.
Serão beneficiados especialmente os usuários da ponte aérea São Paulo/Rio de Janeiro. Com o procedimento instalado nos aeroportos que formam a rota de maior movimento do país, o Brasil tem agora a primeira ponte área biométrica de ponta a ponta do mundo.
O processo de implantação definitiva da tecnologia já está em andamento: ocorre de forma gradual e simultânea nos aeroportos paulista e fluminense. Quando concluído, os viajantes que estiverem em voos com embarques biométricos e optarem pelo uso da tecnologia só precisarão da imagem de seus rostos para fazer check-in e acessarem salas de embarque e aeronaves.
No caso de comissários de bordo e pilotos, a solução inclui o acesso a áreas restritas dos dois terminais aéreos. A iniciativa, que é implantada de forma gradativa, tem o objetivo de tornar mais eficiente, ágil e seguro o processamento de passageiros e tripulantes, tendo por premissa a segurança no tratamento e a proteção dos dados pessoais dos usuários contra uso indevido ou não autorizado.
A implantação do sistema biométrico nos dois aeroportos, e na quinta ponte aérea do mundo em fluxo de voos, foi possível após ele ser testado durante o projeto piloto do programa federal Embarque +Seguro, sob condução do Ministério da Infraestrutura (MInfra) e Serpro, empresa de tecnologia do Governo Federal, em parceria com a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.
De outubro de 2020 a janeiro deste ano, mais de 6,2 mil passageiros participaram da fase de testes do programa, realizada em sete aeroportos do país. Entre pilotos e comissários de bordo, quase 200 profissionais avaliaram o embarque biométrico em Congonhas e no Santos Dumont, de novembro de 2021 a janeiro deste ano.
Como funciona
Cada empresa aérea operando em Congonhas e Santos Dumont poderá adotar procedimentos próprios para o cadastramento biométrico e validação do passageiro na base governamental, por meio do Serpro. Neste início, para usar o sistema, o usuário deve dispor de documento biométrico válido; passagem aérea e acesso ao canal de cadastramento e validação biométrica da companhia aérea.
Por meio do canal, no momento do check-in ou após a sua realização, o passageiro realizará a validação biométrica associada a seu voo. Ele deverá aceitar os termos da Lei Geral de Proteção de Dados (LPGD), devendo fazê-lo a cada novo voo. Executada essa ação, de forma digital, e sendo validado o cadastro, o passageiro estará apto a usar o sistema biométrico para o respectivo voo.
No aeroporto, a biometria facial será usada em duas etapas: primeiro, no acesso à sala de embarque; depois, no acesso à aeronave. Na entrada da sala de embarque, totens farão a leitura biométrica da face, consultando a base do governo e verificando o cadastro do passageiro e a existência do cartão de embarque válido. Aprovada a biometria, o passageiro fica autorizado a ingressar no local. A segunda etapa ocorrerá no portão de embarque, no momento de ingresso na aeronave.
Na fase de testes do programa, foram medidos indicadores como redução no tempo em filas, no acesso à sala de embarque e à aeronave. Com a biometria, o tempo médio do embarque caiu de 7,5 segundos para 5,4 segundos por passageiro. Isso significa que, com a biometria, será possível processar mais embarques no mesmo tempo do processamento atual, correspondendo a um ganho de 27%. Mas os viajantes poderão optar entre o sistema e os procedimentos tradicionais de check-in e embarque, que continuam disponíveis.
Para tripulantes, o uso do novo sistema também é opcional. Quem escolher o procedimento biométrico deve acessar a aplicação Embarque +Seguro Tripulantes, por meio de dispositivo móvel, em sua conta pessoal da plataforma GovBR, onde ocorre a checagem dos dados/documentos profissionais, seguida de captura de selfie e habilitação do usuário como participante do Embarque +Seguro Tripulantes. O procedimento biométrico, contudo, não exime o profissional de se submeter à inspeção de segurança aeroportuária.
Tecnologia em 20 portões de embarque
Para que fosse adotado em definitivo em dois dos principais aeroportos do país, a Infraero, operadora do Santos Dumont e de Congonhas, firmou cooperação técnica com o Serpro, desenvolvedor do sistema de validação biométrica para o Embarque +Seguro. A disponibilização dos equipamentos e interface, incluindo totens de leitura biométrica e catracas automáticas, está a cargo das empresas de TI Pacer e Digicon, respectivamente.
Os dispositivos estão sendo instalados gradualmente em todas as áreas de check-in e portões de embarque dos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont: são 12 portões e 10 catracas no terminal paulista; e oito portões e cinco catracas no fluminense.
Após realizados os devidos testes, cada equipamento torna-se imediatamente operacional, liberando a solução tecnológica para uso de todas as companhias aéreas que operam nos dois terminais e que tenham formalizado sua adesão à iniciativa junto ao Serpro, por meio de assinatura de termo de confidencialidade e de aceite às regras da LGPD.
Investimentos nos últimos três anos focaram em segurança, conforto e otimização da capacidade do aeroporto
O Aeroporto de Congonhas investiu nos últimos três anos cerca de R$ 240 milhões. A principal delas foi o sistema EMAS (Engineered Material Arresting System), que consiste na instalação de blocos de concreto que se deformam quando uma aeronave ultrapassa o limite da pista, fazendo com que o avião desacelere.
Foram investidos R$ 122,5 milhões oriundos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac) para implantar o sistema. Congonhas é o primeiro do país e da América Latina a contar com essa tecnologia que salva vidas e reduz danos, caso ocorra uma saída de pista.
Anterior à implantação do EMAS, houve a recuperação da pista principal de pousos e decolagens, incluindo a aplicação da Camada Porosa de Atrito (CPA); a revitalização do pátio de aeronaves; a reforma e adequação das pistas de taxiamento; um novo balizamento noturno da pista com tecnologia LED e a recuperação da sinalização de pistas e pátios.
No terminal de passageiros, a área de inspeção foi ampliada e recebeu mais canais de inspeção e a nova tecnologia - dual view - que apresenta o objeto escaneado em duas ou mais perspectivas de visualização.
Dessa forma, é possível melhorar a qualidade e a eficácia do procedimento de inspeção, minimizando erros de interpretação de imagem e elevando o nível de segurança da aviação civil para os passageiros e usuários do transporte aéreo.
O conforto também pode ser percebido com a ampliação de sanitários e da sala de embarque remoto. Outras melhorias de destaque são: implantação de novo projeto de iluminação, das novas fachada e calçada; dos pisos do saguão central e da área de check-in, além de troca e revitalização de elevadores.
O aeroporto ganhou ainda nova climatização, revitalização das pontes de embarque e novas escadas rolantes. O mezanino na área do saguão central foi modernizado e o terminal agora possui novas coberturas para os ônibus que fazem o transporte até as aeronaves.
As melhorias também abrangeram a ampliação no sistema elétrico e a implantação do terminal de aviação executiva internacional. Destaca-se também a readequação dos fluxos comerciais e operacionais, melhorando a experiência do passageiro.
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