Coluna Fernando Calmon
Nº 1.275 — 2/11/23
Volta do seguro
obrigatório
não pode ser mais
adiada
Faltam apenas 60 dias para o Governo Federal regulamentar e
autorizar a volta da cobrança do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos
Automotores de Via Terrestre (DPVAT), criado em 1974. O assunto é espinhoso
depois que a Seguradora Líder, um consórcio de empresas do setor, decidiu se
autodissolver em 2020. Tudo começou com a diminuição gradual do preço do chamado
seguro obrigatório (prêmio, no jargão próprio) que caiu de R$ 105,65 em 2016 para
simbólicos R$ 5,21 em 2020, no caso de automóveis.
Entre 2021 e 2023 o prêmio foi zerado para automóveis e uma
solução precisa ser encontrada até 31 de dezembro próximo. Sempre se deve
lembrar que o chamado Seguro Obrigatório, além de sua função de indenizar
vítimas de acidentes de trânsito, impede o licenciamento a cada ano, caso deixe
de ser pago pelo proprietário do veículo.
Trata-se de um seguro de grande importância social e
econômica por amparar vítimas de acidentes de trânsito, em especial pedestres,
independentemente de culpa. Os valores indenizatórios estão congelados há 17
anos e, por consequência, hoje são quase desprezíveis: R$ 13.500 em caso de
óbito ou invalidez permanente e R$ 2.700 para despesas médicas e hospitalares.
Atualmente o sistema é gerido pela Caixa Econômica Federal,
mas em 31 de dezembro próximo algo precisa acontecer para que o DPVAT (ou outro
nome) continue a vigorar de 2024 em diante. Em audiência pública no último dia
17 na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), a matéria foi debatida.
O assunto está afeto ao Ministério da Fazenda. Patrícia
Menezes, diretora jurídica do Centro de Defesa das Vítimas do Trânsito, foi enfática,
de acordo com a Agência Câmara de Notícias: “Fomos convidados para dar
sugestões. Cadê o fundo? O valor? Nós não sabemos quanto tem, onde tem. Precisamos
de transparência, ter a real noção para que seja feita, de maneira urgente, a manutenção
do seguro DPVAT.”
Somente a atualização pelos 40 salários mínimos, válidos em
2007, as indenizações acima subiriam para R$ 52,8 mil e R$ 10.560,00,
respectivamente. Prepare-se porque o valor do novo prêmio deve arder no seu
bolso.
Dirigibilidade: fator que diferencia o Honda ZR-V
Colocado estrategicamente em termos de porte entre o HR-V e
o futuro CR-V (chega em janeiro próximo), a Honda aposta que o ZR-V vindo do
México, sem imposto de importação, reúne potencial de vender 1.000 unidades por
mês. O preço em versão única Touring de R$ 214.500 o torna menos competitivo
frente a concorrentes diretos não híbridos como Compass, Corolla Cross, Taos e
Tiggo 8, porém todos os itens de segurança, conforto e comodidade são de série.
Visto ao vivo é mais atraente do que em foto ou vídeo, em
particular caimento do teto, capô longo e conjuntos ópticos dianteiro e
traseiro. Por dentro, surpreende a ótima posição ao volante típica de hatches e
sedãs, fugindo da mesmice dos SUVs. Do Civic herdou as saídas do
ar-condicionado do tipo colmeia elegantes e eficientes, sem deixar de lado as
saídas pelo assoalho para passageiros do banco traseiro. Há oito porta-objetos
e até local para laptop.
O console central tem desenho fora do convencional e
agradável, bem como as laterais de portas. Tela multimídia de 9 pol. está bem
posicionada com apoio para os dedos que facilita o manuseio com o carro em
movimento. Pode recarregar até seis celulares: por indução e por cinco portas
USB. Há bom espaço atrás também para pernas, cabeças e ombros, mas o
porta-malas de 389 litros perde para os principais rivais.
Um ponto alto do ZR-V é o comportamento dinâmico, em retas e
curvas. O motor de 2 L, gasolina, 161 cv e 19,1 kgf·m tem desempenho bastante razoável,
consideradas as limitações do câmbio CVT de sete marchas. No trecho de
avaliação entre São Paulo (SP) e São Roque (SP), os 1.446 kg de massa não
atrapalharam ultrapassagens e os quatro freios a disco mostraram precisão e
eficiência.
OICA escolheu o Brasil para seu encontro anual
Pela primeira vez a Oica (Organização Internacional de
Fabricantes de Autoveículos, na sigla em francês) trouxe sua conferência anual
para o Brasil. A reunião em São Paulo (SP), realizada pela Anfavea, contou com
14 dos 36 membros que formam a entidade sediada em Paris, França e fundada em 1919.
Quase a totalidade dos 90 milhões de veículos leves e pesados em produção hoje
no mundo é de responsabilidade dos filiados desta organização setorial.
O presidente da Oica, o americano John Bozzella, não se
furtou em comentar os desafios que as marcas ocidentais enfrentam para acelerar
a fabricação de veículos elétricos. Em declarações ao site Automotive Business
ele admitiu que fabricantes do Ocidente reconhecem, hoje, problemas técnicos e
financeiros superiores aos que se imaginavam inicialmente.
Segundo Bozzella, a situação econômica tanto na Europa
quanto nos EUA com inflação e taxas de juros altas tornou os consumidores de
veículos mais reticentes em abraçar uma transição que trouxe preços maiores e, inesperadamente,
uma competição ferrenha vinda principalmente da China.
Fiat Sportback Abarth acerta na proposta esportiva
Desta vez, nada de mera maquiagem decorativa, rodas maiores,
algumas faixas na carroceria e estamos conversados. O Sportback Abarth recebeu tratamento
apurado de engenharia e esportividade. Ajudou o fato deste SUV dispensar barras
de enfeite no teto e receber uma imperceptível, porém válida redução de 5 mm na
altura de rodagem, além de um discreto defletor sobre a tampa do porta-malas.
Mais interessante ainda é que o motor flex 1,3 turbo manteve
os mesmos números de potência – 185 cv (E)/180 cv (G) – e torque – 27,5 kgf·m –
do Pulse Abarth de menores massa e dimensões, porém ainda assim acelera de 0 a
100 km/h em 7,6 s, exatamente o mesmo tempo. Se a comparação for com o Fastback
de motor igual, a versão Abarth é meio segundo mais rápida.
Há uma série de pormenores incrementais que explicam: rodas
mais leves, pneus de maior aderência, recalibração do sistema de injeção direta
de combustível, uso da tecla “Poison” no raio direito do volante e escapamento
duplo bilateral. Durante a avaliação no Autódromo Capuava, em Indaiatuba (SP), transmite
a sensação de que se pode acelerar mais a cada volta. A direção é um pouco mais
rápida com ótimo resultado (relação 14,5:1 contra 15:1), mediante braços de
direção mais curtos, pois caixa em si não mudou.
Apesar dos freios a tambor nas rodas traseiras, a proposta
coerente indicaria discos, mas o preço subiria. Da mesma forma, ideal seriam
seis airbags em vez dos quatro do projeto original. Esta versão de topo custa
R$ 159.990,00.
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