Coluna Fernando Calmon
Nº 1.278 — 23/11/23
GM continuará no Brasil e
acena abertura para híbridos
Durante o Congresso Autodata Perspectivas
2024, realizado esta semana em São Paulo (SP), o vice-presidente de Comunicação
de Relações Governamentais, Fábio Rua, reafirmou que a empresa não sairá do
Brasil. A tentativa recente de reduzir o quadro de funcionários não prosperou
nas condições imaginadas pela companhia. Ao contrário disso, o executivo
anunciou que “muito em breve” haverá a revelação de um novo ciclo de
investimentos, sem adiantar pormenores.
Apesar de a matriz em Detroit ter optado pela
passagem direta dos motores a combustão para elétricos, Rua pareceu nas
entrelinhas menos enfático em relação à negativa anterior de desenvolver
híbridos nos mercados em que a eletrificação levará bem mais tempo para se
tornar viável.
Sua declaração indica isso: “Se o futuro nos
disser que precisamos, talvez, ser um pouco mais abertos ao nosso espectro de
investimento em novas tecnologias, seremos.”
No mesmo Congresso, Mauro Correia, presidente
da HPE que representa Mitsubishi e Suzuki, revelou que novos investimentos
estão sendo estudados para os próximos três anos, inclusive para a fábrica de
Catalão (GO), onde se produzem a picape média L200 e o SUV Eclipse.
“Vamos importar em 2024 um SUV híbrido. Há
mais de uma opção para diminuir emissões de CO2. O Brasil segue o
bom caminho de legislar sobre o resultado das emissões, sem direcionar qualquer
tecnologia”, afirmou.
Pesquisa aponta que preço ainda é maior barreira aos elétricos
Certamente os preços dos veículos elétricos (VE) estão entre os principais
obstáculos para as vendas subirem com mais ímpeto. Em países cuja renda
familiar é abaixo da média mundial esse fator traz muitas dificuldades. No
entanto, isso também ocorre nos mercados maduros e ricos.
Essa conclusão está na recente pesquisa da Standard & Poors, uma renomada agência de classificação de
risco de países e empresas conhecida pela sigla S&P, que divulgou o relatório Mobilidade Global no começo deste
mês. Quase metade (48%) dos 7.500 entrevistados em países de vários níveis de
renda (EUA, União Europeia, Brasil e Índia entre outros) apontaram o preço como
fator inibidor, apesar de entenderem se tratar de uma tecnologia mais cara.
Igualmente, menos da metade dos potenciais compradores acredita que a
tecnologia está pronta para adoção em massa. Segundo a agência noticiosa PRNewswire com acesso ao relatório, “embora
67% dos participantes inquiridos em maio deste ano estivessem abertos à
ideia de comprar um VE, houve uma queda importante de 19 pontos percentuais em
relação ao mesmo levantamento em 2021”.
Ponto preocupante é o relato frequente de defeitos nas redes públicas de
recarga, um forte desestímulo para quem tenciona viajar com carro elétrico. Segundo
a agência de notícias, o relatório apontou que vários obstáculos precisam ser
superados para alcançar a aceitação generalizada de VE. “Os compradores
podem querer esperar pelo próximo avanço tecnológico ou estar preocupados com o
tempo de recarga e a disponibilidade de carregadores, mas no final é o bolso do
consumidor – e não a engenharia – que lidera a atual resistência às compras”.
Na Europa, onde a aceitação de VE só perde para a China, há igualmente
incertezas no ritmo das vendas. Embora estas tenham crescido 47% entre janeiro
e setembro deste ano, as previsões estão bem menos otimistas para os próximos
períodos. A VW adiou o início de sua quarta fábrica de baterias das seis
previstas. Ford e LG Solutions desistiram também de construir uma nova
instalação prevista na Turquia.
A Suíça anunciou que encerrará a isenção de imposto de importação para
os VE em janeiro próximo, como acontecerá também aqui, alegando restrições
orçamentárias. Isso indicaria que outros países também podem seguir esse
exemplo. Em suma, no Velho Continente, são claros os sinais de desaceleração.
A fim de tentar reverter este cenário, VW e Renault anunciaram quase ao
mesmo tempo planos para dentro de dois e três anos, respectivamente, lançarem
um modelo elétrico compacto (ainda sem nome) e subcompacto (novo Twingo). Ambos
custariam em torno de 20.000 euros (cerca de R$ 110.000, em conversão direta).
Range Rover Sport PHEV é superlativo até no preço
As dimensões chamam atenção por onde passa: 4.946
mm, comprimento; 2.047 mm, largura; 1.820 mm, altura; 2.997 mm, entre-eixos. Porta-malas
de 835 litros não deixa ninguém descontente. É necessário ter cuidado para se
adaptar também à massa em ordem de marcha, que se aproxima das três toneladas (exatos
2.810 kg).
O Range Rover Sport PHEV (híbrido plugável) impressiona
em termos de desempenho ao associar um suave 6-cilindros em linha turbo a
gasolina de 340 cv/48,9 kgf·m a um elétrico de 143 cv. O conjunto entrega 510
cv e nada menos que 71,4 kgf·m de torque combinado. Câmbio é automático
convencional de oito marchas e tração 4x4. A bateria de 38,2 kW·h permite um
alcance de até 88 km no modo elétrico.
As respostas ao acelerador são vigorosas,
porém sua capacidade de manobra chama ainda mais atenção. O diâmetro de giro de
apenas 11 m (até um pouco menor que os 11,6 m de um Corolla), graças ao esterçamento
de 7,3 graus das rodas traseiras, alivia um pouco o sufoco de achar uma vaga
para estacionar. A visibilidade para trás é prejudicada pelo formato do teto e das
colunas traseiras com reduzida área envidraçada.
Rodas de 23 pol. de diâmetro e pneus 285/40
tomam pouco conhecimento de valetas e buracos, mas não convém abusar. Apesar de
suas dimensões trata-se de um veículo relativamente dócil ao volante e freios
bem dimensionados.
No interior, destacam-se bancos de couro com
22 regulagens elétricas, central multimídia de tela curva com 13,1 pol.,
conjunto de áudio de primeira linha, sistema de cancelamento de ruído externo, compartimento
climatizado em posição central e duas telas para os passageiros do banco
traseiro colocadas na parte posterior dos encostos de cabeça dianteiros.
O preço não poderia ser outro: R$ 1 milhão.
Telemetria IturanMob das ruas para as pistas
Durante décadas o automobilismo de competição transformou-se em um
imenso laboratório que levou e ainda leva a grandes avanços técnicos e de
segurança diretamente das pistas para as ruas e estradas. Agora, esse processo também
pode ser invertido por meio da telemetria em tempo real que a IturanMob
desenvolveu para rastrear veículos comuns em gestão de frotas, acompanhamento
em planos de assinatura e capacidade de monitoramento em casos de furto e
roubo.
A iniciativa envolve as provas da Porsche Cup no Brasil e, futuramente,
poderá ser estendida a outros países. Os dados de desempenho de cada veículo
são coletados por indução e enviados por meio da rede pública de telefonia
móvel. Isso permite monitorar desde o boxe de cada equipe o funcionamento de
motor, câmbio e diversos outros parâmetros. Elimina-se dessa forma a antiga
abordagem passiva dos dados, o que aumenta o nível técnico da competição e
diminui a possibilidade de acidentes e panes.
De acordo com Paulo Henrique Andrade, CEO da empresa, novos avanços
serão testados a partir de 2024. “Objetivo é proporcionar atualizações de
parâmetros para ajudar o piloto a tirar o máximo proveito da tecnologia, sem
que precise parar nos boxes à semelhança com a F-1”, explicou.
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