Antigomobilismo
Marca preferida do meu pai, tivemos 26 Cadilac's de modelos diversos sendo deste número uma parcela considerável da década de 50, os anos de ouro da Cadillac.
Chamados de “standard of the world”, realmente não tinha para ninguém em nenhum lugar do mundo.
Tivemos algumas boas aventuras com esse Caddy. Escolhi uma muito boa pra relatar. Como eu trabalhava com locação de veículos um belo dia recebi um pedido um pouco diferente.
Por Ricardo Caffarelli
O famoso Cadillac rabo de peixe...
“Cadillac 1952 Series 62 fleetwood convertible”
Caros amigos, leitores e apaixonados por automóveis antigos. Escolhi escrever sobre um símbolo americano que atingiu seu auge na década de 50.
Marca preferida do meu pai, tivemos 26 Cadilac's de modelos diversos sendo deste número uma parcela considerável da década de 50, os anos de ouro da Cadillac.
Tinham o máximo de luxo, sofisticação, conforto, desempenho, tudo em doses algumas vezes exageradas.
O carro escolhido desta vez foi uma Cadillac, 1952, conversível, preta, com interior verde. Muitos a conhecem genericamente por Cadillac rabo de peixe.
O carro escolhido desta vez foi uma Cadillac, 1952, conversível, preta, com interior verde. Muitos a conhecem genericamente por Cadillac rabo de peixe.
Na verdade, o rabo de peixe ou fish tail teve seu “debut” em 1948 e foi a grande sensação da marca durante quase uma década. Em 1948, os EUA estavam com sua economia em grande expansão.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, o maior desejo do povo americano era trocar de carro, e queria novidades. A GM e as outras grandes cumpriram muito bem seu papel.
Seu ex-proprietário, um amigo nosso, carioca, também apreciador da marca, mas focado em outros modelos um pouco mais recentes contou que adquiriu-o de um português.
Seu ex-proprietário, um amigo nosso, carioca, também apreciador da marca, mas focado em outros modelos um pouco mais recentes contou que adquiriu-o de um português.
Eram na verdade dois irmãos, um comprou um Cadillac preto com interior verde (essa que adquirimos) e seu irmão comprou uma verde com interior preto. Coisa de Português mesmo!
Um carrão de mais de duas toneladas, tinha um motorzão V-8, de 5.400 cc, de comando de válvulas no cabeçote (o chamado OHC de overhead camshaft) e que nesse ano ganhava pistões banhados de estanho e um carburador quadrijet que elevava sua potência para 190 hp, câmbio automático de quatro marchas (acreditem,... eu tive de pesquisar para confirmar esta informação pois achava que eram três marchas), bem suave, direção hidráulica com “48 voltas de batente a batente”, vidros elétricos, bancos elétricos, até a capota neste modelo já era elétrica.
Um carrão de mais de duas toneladas, tinha um motorzão V-8, de 5.400 cc, de comando de válvulas no cabeçote (o chamado OHC de overhead camshaft) e que nesse ano ganhava pistões banhados de estanho e um carburador quadrijet que elevava sua potência para 190 hp, câmbio automático de quatro marchas (acreditem,... eu tive de pesquisar para confirmar esta informação pois achava que eram três marchas), bem suave, direção hidráulica com “48 voltas de batente a batente”, vidros elétricos, bancos elétricos, até a capota neste modelo já era elétrica.
Só não tinha ar condicionado, equipamento que surgiria de série no Cadillac dois anos mais tarde e normalmente encontrado nos modelos fechados.
Outros detalhes significativos para este ano foram o uso do V que ornamentava capô e tampa da mala. Eram dourados comemorando 50 anos da marca, luzes de marcha-a-ré brancas passaram a incorporar as lanternas traseiras que aliás tinham um detalhe muito interessante.
Outros detalhes significativos para este ano foram o uso do V que ornamentava capô e tampa da mala. Eram dourados comemorando 50 anos da marca, luzes de marcha-a-ré brancas passaram a incorporar as lanternas traseiras que aliás tinham um detalhe muito interessante.
A lanterna do lado direito abre-se para cima ao acionar um botão que tem função estética de refletor e libera também esta trava onde encontra-se o bocal de abastecimento de gasolina.
Chave? Pra que? Nos EUA a gasolina sempre foi barata. Não havia isso de roubar gasolina..., só nos filmes.
Reparem na saída do escapamento, já era dupla! E disfarçada nas extremidades do para-choques traseiro. Que estilo!
Os Cadillac´s conversíveis são bastante raros hoje em dia e desde aquela época já tinham um alto valor e foram sempre muito disputados pelos colecionadores.
Os Cadillac´s conversíveis são bastante raros hoje em dia e desde aquela época já tinham um alto valor e foram sempre muito disputados pelos colecionadores.
A explicação é simples, um carro conversível que, quando zero km, sempre foi mais caro do que seu o equivalente de carroceria fechada. A produção menor já o tornava mais raro.
O fato ainda de serem carros muito mais “degradáveis” com o tempo, contribui ainda mais para a escassez de exemplares.
Tivemos algumas boas aventuras com esse Caddy. Escolhi uma muito boa pra relatar. Como eu trabalhava com locação de veículos um belo dia recebi um pedido um pouco diferente.
Não se tratava de um aluguel para novela, filme, propaganda ou videoclipe, mas sim compor o cenário de uma festa de aniversário.
E não era apenas um carro, queriam pelo menos três carros. Achei o pedido bastante peculiar.
E não era apenas um carro, queriam pelo menos três carros. Achei o pedido bastante peculiar.
Escolhemos então três carros, esse Caddy, um Plymouth Custom Royal Lancer Coupé, 1956 (de que terei prazer em escrever sobre ele em outra oportunidade), e um terceiro que acho que era um Chevrolet Impala, 1958...??? - memória falhando.
Tratava-se da festa de 50 anos de um famoso banqueiro carioca, que reservava-se o privilégio de morar em Correias (Petrópolis) e ir todo dia trabalhar no seu helicóptero, por sinal na época um Sikorsky maravilhoso.
Acertados os detalhes, eu precisava despachar os carros para lá. Esse Cadillac eu resolvi me dar o prazer de levar pessoalmente.
O carro estava muito bom. Para não correr riscos desnecessários e também não ficar a pé na volta, um motorista foi levando um outro carro “normal”.
Tratava-se da festa de 50 anos de um famoso banqueiro carioca, que reservava-se o privilégio de morar em Correias (Petrópolis) e ir todo dia trabalhar no seu helicóptero, por sinal na época um Sikorsky maravilhoso.
Acertados os detalhes, eu precisava despachar os carros para lá. Esse Cadillac eu resolvi me dar o prazer de levar pessoalmente.
O carro estava muito bom. Para não correr riscos desnecessários e também não ficar a pé na volta, um motorista foi levando um outro carro “normal”.
Saí de São Conrado, tempo bom, mas com a capota fechada. No pé da serra encostei no acostamento.
O motorista, preocupado, parou também e veio perguntar se estava tudo bem. Eu falei: “Claro, está tudo ótimo, mas vou abaixar aqui a capota para curtir esse verde”.
Ah, outro detalhe, liguei o rádio, esperei um pouco as válvulas esquentarem e depois fui curtindo algumas músicas das rádios AM que conseguia sintonizar alí na região. Que viagem maravilhosa.
Fui subindo a serra com toda a calma que a situação exigia. Motor forte, mas bastante silencioso, numa ou noutra curva um pouco mais fechada, um leve ruído do rolar dos pneus que não chegava a incomodar.
Chegando no local da festa, boa parte da decoração estava pronta. Na verdade, eles utilizaram o hangar do helicóptero para fazer a festa.
Chegando no local da festa, boa parte da decoração estava pronta. Na verdade, eles utilizaram o hangar do helicóptero para fazer a festa.
Estacionei o Caddy, conferi a posição dos outros dois carros, deixei um responsável lá e voltei pra o Rio. Não fui na festa. Uma pena, por que deve ter sido de arromba!
Hoje, os proprietários de um carro destes devem se sentir privilegiados, pois possuem um automóvel único, um misto de obra de arte sobre rodas.
Hoje, os proprietários de um carro destes devem se sentir privilegiados, pois possuem um automóvel único, um misto de obra de arte sobre rodas.
Na década seguinte (anos 60), acho que os carros americanos ficaram um pouco mais “uniformizados”. Claro que a parte mecânica evoluiu muito e também ficaram os ícones.
Como não falar dos Corvettes, dos Mustangs, Camaros, Oldsmobiles como o Toronado e o Doctor Olds 442, os Barracudas, Daytonas entre outros.
Mas nunca mais tivemos carros tão expressivos e tão diferentes como os automóveis americanos da década de 50. De longe você identificava marca, modelo e ano.
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