Coluna Fernando Calmon
Nº 1.191 — 10/3/22
IPI MENOR PODE ABRIR ESPAÇO
PARA REFORMA TRIBUTÁRIA
As vendas nas concessionárias em fevereiro cresceram apenas 2,2% em relação a janeiro, mas o primeiro bimestre deste ano foi fraco, com queda de 24,4% sobre o mesmo período de 2021. O ritmo de vendas diárias no mês passado permaneceu baixo, apenas 6.500 unidades.
A tendência era de recuperação, mas as notícias de redução das
alíquotas do IPI na última semana de fevereiro levaram ao adiamento das decisões
de compra. Este mês o mercado começou a reagir. De 1º a 7 de março foram
comercializadas em média 8.700 unidades/dia. Se subir para o nível de
10.000/dia neste e nos próximos meses, 2022 será um ano bastante razoável.
Anfavea indica que há
dois movimentos: um positivo (IPI menor) e outro negativo (invasão da Ucrânia
pela Rússia). Há possibilidade de cerca de 80.000 veículos nos estoques das
concessionárias serem refaturados para incluir o desconto do IPI. A associação
dos fabricantes afirma que os preços são livres e, portanto, cada empresa
decidirá o grau de repasse do imposto menor. Em outros termos, pode ser
integral, parcial ou nenhum.
Mesmo que os carros não
caiam de preço nominalmente, os aumentos talvez sigam em ritmo menor. Essa
torna-se uma discussão sem grande sentido. Em primeiro lugar porque, feitos os
cálculos, a redução limita-se a percentuais bem baixos. Dependendo de como cada
modelo se enquadra a partir de cilindrada, motor a gasolina, flex ou diesel,
picape leve ou média, furgões e híbridos ou elétricos o impacto potencial no
preço final varia de menos 1,4% a menos 4,1%. O percentual maior só é aplicável
em modelos mais caros que representam cerca de 2% do mercado.
Assim, fica difícil
de saber o que realmente foi ou não repassado, mesmo parcialmente, em um
cenário de persistentes aumentos de custos. A Kia, por exemplo, divulgou uma
nova tabela de preços com reduções de até 3,7%. Trata-se, porém, de uma
importadora com outros custos envolvidos, como a variação do dólar.
A redução do IPI tem
um aspecto positivo e importante. Trata-se de um raríssimo movimento de
diminuição permanente, porém pequeno, da carga fiscal. No passado, houve corte
não definitivo das alíquotas. Os preços caiam, compradores antecipavam compras.
Depois o imposto voltava a subir e o mercado afundava. Um movimento de
vai-e-vem que se provou contraproducente para o planejamento e a geração firme
de empregos.
O que se espera agora
é o início de uma reforma tributária verdadeira e criação do IVA (Imposto sobre
Valor Agregado), existente em outros países. O sistema atual gera créditos
tributários nas exportações que se acumulam sem serem restituídos.
ALTA RODA
RENAULT deu um passo importante para atualizar sua linha de produtos no Brasil.
Vai estrear a arquitetura CMF-B, a mesma do Clio hatch europeu. Trata-se de um
SUV compacto em estágio avançado de desenvolvimento (projeto HJF para início de
2024) e não tem até agora um modelo correspondente na Europa. Estreará também o
motor 1-litro turbo flex, triclindro, que na Europa desenvolve 100 cv/16,3 kgf.m
e inclui opção de câmbio automático CVT. Aqui potência e torque deverão ser até
20% maiores, em especial com etanol.
STELLANTIS acredita que o mercado brasileiro de veículos deverá crescer este ano,
apesar do começo de ano difícil. Antonio Filosa, presidente do grupo na América
do Sul, planeja 16 novos modelos e 28 reestilizações na região até 2025, inclusive
mais uma marca importada do grupo. Haverá ainda sete elétricos e híbridos
plugáveis, começando pelo Compass 4xe S importado da Itália (240 cv). Um
híbrido leve será fabricado em Betim (MG) com motor flex. Picape média Ram (monobloco,
como a Toro, porém maior) está nos planos para produção local na faixa de
Hilux, S10, Ranger, Frontier, L200 Triton e Amarok.
PICAPE média de cabine dupla pode atender uma ampla gama de usuários. A Ford
enxergou públicos específicos ao oferecer a sexta opção entre os modelos com
tração 4x4. Ranger FX4 custa (já com o repasse do novo IPI) R$ 288.990, o mesmo
preço da versão XLT. Foi identificado um perfil de comprador focado no fora de
estrada, porém mais exigente em requinte e recursos. Como acessório há um
snorkel na coluna dianteira direita (mais segurança em superação de alagados
até 80 cm). “Santantônio” novo, mais parrudo, tem pontos para amarração de
equipamentos. Na caçamba é possível incluir caixas organizadoras com chave e
volume de 42 litros cada.
NOVA estratégia mundial da VW, batizada de Accelerate, enfatiza a digitalização de processos produtivos e dos
veículos, além de ampliação da meta para vender 70% de modelos 100% elétricos
na Europa (antes previa 35%), 50% na China e nos EUA até 2030. Também pretende impulsionar
a condução autônoma a partir de 2026, começando no nível 2,5 até chegar ao
nível 4 (avançado). Para isso construirá uma fábrica inteiramente nova em
Wolfsburg (projeto Trinity). Exigirá investimento de 2 bilhões de euros (R$ 11 bilhões),
simplificando sua gama de modelos e versões.
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www.fernandocalmon.com.br
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