Coluna Fernando Calmon
Nº 1.322 — 13/10/2024
Salão do Automóvel, no Anhembi,
volta em 2025 ao local tradicional
Sete anos depois, o
tradicional Salão do Automóvel acaba de ter sua data confirmada. Será de 22 de
novembro a 1º de dezembro do próximo ano e confirma informação que adiantei
seis meses atrás sobre onde se realizaria. Ao longo do tempo, surgiram dúvidas
sobre o local exato em razão de negociações. Desta vez, porém, prevaleceu a
óbvia escolha do Distrito Anhembi, o pavilhão no centro de São Paulo agora totalmente
reformado do piso ao teto.
Desapareceram
aquelas grandes colunas metálicas internas em diagonal que enfeavam o visual,
mas era a tecnologia disponível à época, quando o pavilhão foi inaugurado em 20
de novembro de 1970. Ar-condicionado levou décadas para instalação: apenas em
2016. O Distrito Anhembi é privilegiado pela localização, infraestrutura de
transporte e estacionamento para cerca de 6.000 veículos.
O local anterior,
São Paulo Expo, era menos central e sem mais necessidade de uma área tão
grande. Salões de automóveis internacionais encolheram e o de Genebra desapareceu.
Organização continuará de responsabilidade da empresa inglesa Reed Exhibitions,
rebatiza de RX Brasil. Anfavea, no entanto, assumirá maior protagonismo.
Possivelmente, poderá haver comercialização nos estandes, antes vetada, mas que
o Festival Interlagos demonstrou como nova tendência. Em 2018 o Salão do
Automóvel atraiu 742.000 visitantes.
Mercado terá 2024 bem melhor; Fenabrave previu já em abril
Balanço de vendas de
setembro e do acumulado do ano permite projetar que haverá crescimento além do
previsto pela Anfavea. A Fenabrave tinha detectado desde o início do segundo
trimestre a movimentação acima do esperado nos salões de exposição das
concessionárias.
O mês passado
contabilizou 236,3 mil veículos leves e pesados vendidos. A alta foi de 19,5%
em relação ao mesmo mês do ano passado e é recorde para o nono mês do ano nos
últimos 10 anos. Perde, entretanto, para as 245 mil unidades de dezembro de
2023. No acumulado de 2024, as vendas totalizaram 1,86 milhão de unidades:
14,1% superiores ao mesmo período de 2023.
Maurício Andreta
Jr., presidente da Fenabrave, reafirmou o bom momento e continuará até
dezembro. Já a Anfavea admitiu que o mercado subiu além do previsto com a média
diária de vendas 13,8% superior a setembro do ano passado. Márcio Leite,
presidente da associação dos fabricantes, disse que os números ainda poderão
mudar até o final de 2024 em razão do aumento previsto das taxas de juro ao
consumidor puxadas pelos aumentos da Selic.
Realmente, os
compradores podem estar se antecipando aos juros maiores previstos para os
próximos meses e o início de 2025. Contudo ainda falta assegurar uma
normalidade de 70% de vendas financiadas e 30% à vista. Hoje, cerca de 50% ainda
são à vista.
Anfavea apontou que
o acumulo de importação chinesa nos portos “atrapalhou a logística no fluxo de
peças do exterior para produção local”. Na realidade só a BYD trouxe carros em
massa para fugir do aumento do imposto de importação sobre elétricos, agora em
“suaves” saltos até 2026. Afinal, um erro de avaliação do governo federal:
cronograma acabou sob medida para apenas uma marca.
Basalt, terceiro novo produto Citroën, afinado ao mercado
SUVs cupês têm
atraído atenção e o Basalt atende a este segmento. Não se trata exatamente de um
SUV e sim crossover. Mas consegue se diferenciar
do Fiat Fastback, ambos produtos da Stellantis. Há equilíbrio de linhas com
destaque para as grandes lanternas traseiras que se estendem às laterais, o
conjunto ótico dianteiro e a curvatura do teto. Distância entre-eixos, 2.645 mm
(garante bom espaço interno, em especial para cabeças no banco traseiro); comprimento,
4.343 mm; largura, 1,821 mm e altura, 1.585 mm. Porta-malas de 490 L também
muito bom, ligeiramente inferior ao do Fastback (516 L).
Motor é o mesmo de
origem Fiat, 1 L turbo, 130 cv, 20,4 kgf·m (etanol ou gasolina) e também igual
câmbio CVT de sete marchas. A fábrica indica aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4
s. Esse conjunto se revelou bem adequado ao uso urbano e rodoviário, respostas
imediatas ao acelerador, freios bem dimensionados e direção precisa durante
primeira avaliação entre São Paulo e a Fazenda Capoava, em Itu (SP). Posição do
volante, com boa definição de centro, peca pela falta de regulagem de distância
e a de altura sem amortecimento (queda-livre). Suspensões são firmes, mantêm conforto
em pisos irregulares, nem muito dura e nem macia em excesso, dentro do alto
padrão da engenharia brasileira em geral.
O pacote de
segurança, embora razoável, deixa de fora itens caros como faróis de LEDs e
alerta de colisão frontal. Em contrapartida apresenta preços competitivos entre
R$ 89.900 e R$ 107.390.
Creta 2025 recebe primeira atualização mais
profunda
Harmonia de linhas
marca a primeira grande mudança estética da segunda geração, surgida três anos
atrás. Grade, para-choque, faróis e um filete de LED de um lado ao outro mostram
uma frente inteiramente nova. Na traseira o Creta 2025 recebeu lanternas
interligadas de ótimo efeito visual, que se completam com para-choque também
redesenhado. Há novas rodas de liga leve diamantadas. No interior destaque para
duas telas integradas de 10,25 pol. Versões Ultimate e N-Line foram lançadas
simultaneamente.
Mantiveram-se as dimensões
externas com simbólica mudança de 20 mm no comprimento. Mecanicamente, novo
motor 1.6 turbo e injeção direta substituiu em boa hora o anterior 2-litros de
aspiração natural. Agora entrega 193 cv e 27 kgf·m, apenas na versão a gasolina.
Câmbio é automático de sete marchas com duas embreagens.
Na primeira avaliação
em Itu (SP), apenas com o motor mais potente entre todos os SUVs compactos do
mercado, a mudança é muito marcante com respostas imediatas e aceleração de 0 a
100 km/h em apenas 7,8 s. Ótima estabilidade em curvas. Nível de ruído, outro
destaque do novo motor do Creta. Sistemas de segurança (ADAS, em inglês),
testados à parte, corresponderam ao esperado.
Preços mantidos: R$ 141.890
a R$ 182.090. Só na versão de topo Ultimate, com o novo motor, mais R$ 2.000 (R$
189.990)
Ranger Black tem o preço mais competitivo do mercado
Picape média na
versão de entrada da Ford recebeu pequenas melhorias de acabamento, especialmente
no interior, além de itens de decoração externa. Substitui a versão anterior XLS
e o preço de R$ 219.990 coloca a Ranger Black numa posição privilegiada frente
aos concorrentes diretos. Manteve inalteradas as especificações de tração 4x2,
câmbio automático de seis marchas e o mesmo motor diesel de 170 cv e 41,2 kgf·m,
agora também fabricado na Argentina, o que costuma ajudar na redução de custos.
No interior o
volante é revestido em couro. Os bancos não recebem esse material, mas melhorou
bem o seu aspecto e a resistência da forração. Com um pormenor bem-humorado nas
laterais dos bancos dianteiros da famosa frase em inglês de Henry Ford: “So
long as it’s black”. Ele se referia a que o cliente poderia escolher
qualquer cor de carroceria desde que fosse o preto, no começo do século 20.
Além da padronização, a tinta secava mais rápido.
Apesar do nome
Black, as cores da carroceria não se limitam ao preto: também pode em branco,
prata e azul.
BMW investe R$ 1,1 bilhão e confirma híbrido plugável
Em abril último, a
fabricante alemã já havia anunciado que produziria aqui o primeiro híbrido
plugável premium do País, ao iniciar a comemoração de 10 anos de instalação da
fábrica de Araquari (SC). Agora, além de revelar o investimento de R$ 1,1 bilhão
de reais, entre 2025 e 2028, confirmou o início de fabricação do X5 híbrido
plugável na versão a gasolina. Atualmente importado dos EUA, a produção
nacional do SUV médio-grande deve se iniciar em novembro. Milan Nedeljković,
responsável pela produção e membro da administração mundial da BMW, na sede em
Munique, veio ao Brasil para o anúncio do desembolso e do início das vendas nas
próximas semanas.
O diretor também não
descartou uma futura versão híbrida flex que estaria nos planos, se houver
demanda. A BMW já reúne experiência com este desenvolvimento desde seus
primeiros motores do tipo, ao projetar o sensor de etanol junto ao sistema de
injeção, bem mais preciso e confiável que o utilizado comumente após o
catalisador.
Há ainda intensão de
produzir outros modelos no País e também híbridos, como confirmou a presidente
da operação local Maru Escobedo. Uma vantagem competitiva da marca da Bavária
alemã é utilizar a mesma carroceria para oferecer carros com motores a
combustão, híbridos e elétricos. Isso foi reconhecido até pelo jornal americano
The New York Times, ao afirmar que a
estratégia surtiu efeito nas vendas, algo de que os concorrentes duvidavam.
Entretanto, a BMW já
exibiu protótipos de um sedã e um crossover
específicos para motorização elétrica. Devem estrear até 2026, em alemão a Neue Klasse (Nova Classe).
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