Coluna Fernando
Calmon
Nº 1.328 — 22/11/2024
Brasil: primeiro
tímido passo rumo
a ainda distante era
do hidrogênio
Há uma série de vantagens no
hidrogênio, entra estas sua abundância na natureza e sem emissões de gás
carbônico (CO2), material particulado, monóxido de carbono (CO), óxidos
de nitrogênio ou enxofre. Único subproduto no uso deste combustível de alta
eficiência em motores é vapor d’água. Quando produzido a partir de fontes e/ou
tecnologias renováveis (hidrelétrica, vento, sol, biomassa ou biogás) chama-se hidrogênio
verde (H2V). Utilização em automóveis e caminhões não chega a ser novidade (ensaios
também em aviões).
Em 1979, a BMW desenvolveu o primeiro sedã experimental
movido a hidrogênio líquido, o 520, depois o 750 hL. Não foi à frente. Até fez
uma conferência sobre o assunto no Brasil, em 2003. Lançará, em 2028, o iX5
Hydrogen. Toyota foi mais persistente e produz por ano cerca 2.000 sedãs grandes
Mirai; Honda encerrou a fabricação do Clarity em 2021. As duas nipônicas ensaiam
a volta ao H2. Todas são inciativas válidas e estendem sem prazo a vida dos
clássicos motores a combustão interna.
Dificuldades maiores são a produção em larga escala e construir
uma rede de abastecimento. Elétricos até hoje penam com a baixa oferta de
postos de recarga, em particular nas estradas. Apenas a Noruega avançou, para
valer, neste ponto.
Apesar de distante e incerta era do hidrogênio no Brasil e
no mundo, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) inaugurou no fim de
outubro último um Centro de Hidrogênio Verde. Além de pesquisas, começou a
produção em escala simbólica do combustível para teoricamente até 20 carros
compactos por dia. Recebeu ajuda financeira do governo alemão e apoio do
Ministério de Minas e Energia, segundo relatou o reitor Edson Bortoni ao jornal
O Estado de S. Paulo. Governo de Minas Gerais e a chinesa Great Wall Motors
(GWM) também assinaram um memorando de entendimento de apoio à tecnologia.
Entretanto, bom ressaltar que hidrogênio exige um tanque ou cilindro(s)
de armazenamento que suportem nada menos de 900 Bar (13.000 psi, quase 400
vezes a pressão de um pneu comum e 4,5 vezes mais que um cilindro de GNV). Um
obstáculo severo de volume e massa em qualquer carro atual ou futuro.
Então, vamos com calma e cautela.
Carde está muito acima
do que já viu no Brasil
Trata-se de um dos mais incríveis e surpreendentes museus de
automóveis, em nível internacional. Sua inauguração ao público será no próximo
dia 28, em Campos do Jordão (SP). Carde é acrônimo de Carro, Arte, Design e
Educação. Sua proposta vai além de um clássico local de exposição. Destaca o
automóvel como protagonista principal e enfoca no desenvolvimento histórico,
econômico, político e social do Brasil durante o século XX.
Sua temática dinâmica reserva espaço para todo tipo de
demonstração artística, da arquitetura à moda, pintura, escultura e outros. A
começar pelo inusitado saguão de entrada no qual, sobre um estilizado cajueiro
em metal, paira um raro Uirapuru. Este charmoso cupê esporte, criado no Brasil
e lançado em 1964, era continuidade do Brasinca 4200 GT. No Carde teve a
pintura caracterizada pelo artista Rudá Jenipapo com tema tribal nativo.
Este saguão dá acesso a nove salas temáticas divididas por
épocas e tipos de veículos, que contam a evolução da mobilidade no País. Já no
grande salão superior ficam expostos automóveis de diversas épocas e modelos em
sistema rotativo do acervo, que tem cerca de 500 veículos. Houve aquisições no
Brasil e no exterior, inclusive alguns repatriados. Inclui até um McLaren GTR.
“Boa parte pertenceu ao saudoso Og Pozzoli, mais importante
colecionador brasileiro de automóveis, falecido em 2017. O acervo foi comprado
no ano seguinte por dona Lia Maria Aguiar, que doou para a fundação que leva o
seu nome”, destacou Luiz Goshima, idealizador do projeto, conselheiro e membro
honorário da FMLA Carde.
Ingresso: R$ 120, de
quinta a segunda-feira.
BMW X2 M35i é caro, mas devolve em desempenho
Padrão repete o
conceito da linha M que se estende ao menor dos SUVs cupês da marca alemã.
Fácil de reconhecê-lo pelas caixas de rodas traseiras aumentadas, defletor de
teto, novo para-choque e ponteira dupla de escapamento. Lateralmente, rodas de
21 pol. para pneus 245/35R21 e pinças de freio em vermelho destacam-se. Grade
tem contorno iluminado. Sob o capô o 2-L, quatro-cilindros turbo de 317 cv/
40,8 kgf·m (ganho de 113 cv e 9,8 kgf·m) para garantir desempenho digno da
grife M: 0 a 100 km/h em 5,4 s. Tração é integral e o câmbio automático de sete
marchas, duas embreagens.
Dimensões: comprimento, 4.567 mm; largura,
1.845 mm; altura, 1.575 mm; entre-eixos, 2.692 mm; porta-malas, 560 L.
Finalmente a BMW
melhorou o destravamento das portas por celular ou smart watch, dispensando sua aproximação à maçaneta. Não era tão
prático como a chave presencial com esta mesma função, guardada no bolso e já
existente em outros carros. Pacote M Sport Pro apresenta acabamento interior em
camurça Alcantara no painel. Suspensão é adaptativa.
Em primeira
avaliação no Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), a pista estava bastante
molhada e foi escolhido modo Sport
para as quatro voltas (incluídas a inicial e a de retorno aos boxes). Mesmo
moderada por um carro-guia, deu para sentir ótima resposta ao volante e
trabalho bem correto das suspensões em um modelo de elevado centro de
gravidade, como todo SUV. Em resumo, não tão rápido como sedãs refinados da
marca bávara, porém sem sustos.
Preço: R$ 512.950.
Não à toa, F-150 é a picape mais vendida nos
EUA
Ao contrário do que
acontece no maior mercado de picapes do mundo, as de grande porte apresentam
vendas limitadas no Brasil em razão do preço elevado. Contudo, pelo viés de
prestígio a Ford não titubeou em importar a versão mais recente (2025) e cara
da F-150, a Lariat, por R$ 519.990.
Sem dúvidas quanto
ao porte avantajado: comprimento, 5.907 mm; largura, 2.430 mm; altura, 1.958
mm; entre-eixos, 3.694 mm e massa, 2.387 kg. Para lidar com este último e elevado
parâmetro há o motor Coyote a gasolina, V-8 de 5-L, da mesma família do
Mustang, 405 cv, 56,7 kgf·m e câmbio automático de 10 marchas.
Grade frontal tem
novo desenho e sistema ativo de persianas
móveis para adaptação às condições de uso. Faróis igualmente são novos.
Destaques: iluminação com autoajuste de altura e a função perimetral de 360° que
identifica obstáculos, dispensando uma lanterna manual; tampa elétrica da
caçamba aceita abertura lateral (como portas de armário) e para baixo.
No interior, quadro de
instrumentos digital de 12 pol., tela multimídia também de 12 pol. com conectividade sem fio Android Auto e Apple CarPlay. Estreia o
Head-up Display (projetor de dados no para-brisa) para conferir velocidade,
alerta de obstáculos e curvas à frente sem desviar o olhar da pista.
Primeiro contato, de
São Paulo a Itatiba (SP) ao longo de 228 km, ida e volta. A F-150 destacou-se
por respostas imediatas do acelerador (quase ignora sua elevada massa em ordem
de marcha), silêncio e sem vibrações a bordo, suavidade relativa de rodagem por
se tratar de picape de grande porte e surpreendente desempenho geral em estrada,
inclusive dos freios. Enorme viagem no tempo frente à longínqua F-1000 a
diesel.