Coluna Fernando Calmon
Nº 1.271 — 5/10/23
Primeiro-ministro inglês quer frear
expansão do limite de 30 km/h
A Grã-Bretanha tem grande tradição na difusão do automóvel como meio de transporte, mas no começo de sua história o cenário era completamente oposto. Foi lá que surgiu, em 1862, a Lei da Bandeira Vermelha.
Os primeiros arremedos de veículos autopropelidos só podiam circular precedidos de um homem a pé com a sinalização da bandeira (algumas fontes dizem que também soprando uma corneta). Isso não mudou nem a partir de 1886 com o primeiro carro, um triciclo, patenteado por Karl Benz na Alemanha. A lei citada só se revogou em 1896.
Chegando a 2023, avança em todo o Reino Unido a introdução
de zonas onde o limite de velocidade é de 20 milhas/hora (32 km/h). Isso ocorre
em bairros de baixo tráfego, mas de forma excessiva. Por isso, o
primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, defendeu um freio para a expansão desenfreada
dessas zonas em clara abertura para conquistar votos de eleitores.
Segundo a revista Autocar, o Automóvel Clube Real (RAC, na
sigla em inglês) defendeu o limite de 32 km/h onde este é mais necessário.
Porém, ressalvou que a implantação generalizada pode prolongar
desnecessariamente os tempos de viagem, desacelerar o tráfego e até aumentar os
congestionamentos.
Estas medidas anticarros, de fato, vêm-se expandindo de
forma irracional. Por exemplo em São Paulo, onde o limite de 50 km/h está
praticamente em toda a cidade, salvo as vias expressas marginais (90 km/h).
Mesmo em avenidas o limite anterior de 70 km/h foi revogado. Nos municípios
vizinhos a velocidade permitida nas avenidas é de 60 km/h e nem por isso há
mais acidentes.
No entanto, os motoristas paulistanos (e de outras procedências) têm sido surpreendidos por zonas de 40 km/h que surgem do nada e sinalizadas por placas que podem passar despercebidas. Será que quem cuida do trânsito no País poderia seguir os ingleses e adotar medidas mais racionais e menos exageradas?
Fenabrave revisa para cima as vendas em 2023
Os bons resultados de vendas no mês de setembro nos
segmentos de veículos leves e pesados levou a Fenabrave a revisar para cima
suas previsões para o fechamento deste ano: crescimento de 5,6% sobre os
números de 2022. No início do ano a federação das concessionárias se mostrou
cautelosa e estimou crescimento zero em 2023. Em razão de menos dias úteis em
setembro frente a agosto, as vendas chegaram a cair 4,8%, mas a média diária cresceu
para 9.372 unidades, um bom resultado.
De acordo com José Andreta Jr, presidente da Fenabrave, este ano deve fechar com cerca de 2,2 milhões de unidades comercializadas. O único segmento a se retrair será o de caminhões em função do aumento de preços nos novos motores Diesel, agora menos poluentes.
A entidade sugeriu ao Governo
Federal que um corte nos impostos não teria reflexo na arrecadação tributária,
pois o mercado é bastante sensível a uma queda de preços e consequente avanço
na comercialização, como demonstrado em meados deste ano.
A Bright Consulting também melhorou a sua projeção para
2023. A consultoria foca somente em automóveis e comerciais leves, tendo
revisado para cima seus números: de 2,069 milhões de unidades para 2,125
milhões. Para o executivo-chefe da empresa, Paulo Cardamone, o ritmo de
emplacamentos não deverá arrefecer nos próximos meses.
Outra referência positiva está no mercado de veículos usados. Segundo a Fenauto, o volume comercializado nos nove primeiros meses deste ano cresceu 8,8% em reação ao mesmo período de 2022.
Metas para fabricação de elétricos não serão alcançadas
Já faz tempo que defendo uma previsão cautelosa sobre o
avanço global dos carros elétricos. Não há dúvida de que o rumo está certo, porém
o ritmo é incerto. Uma pesquisa mundial que acaba de ser revelada pela Automotive
Manufacturing Solutions e a ABB Robotics apontou: metas obrigatórias de
abandono total da produção de veículos com motores a combustão, a partir de
2035, não são viáveis.
Foram ouvidos cerca de 600 entrevistados ao redor do mundo entre fabricantes de veículos e de componentes, empresas de engenharia de ponta e especialistas em vários níveis de gerenciamento.
Quase 60% dos respondentes
destacaram as maiores dificuldades: investimentos muito altos para a transição,
escassez de matérias-primas, organização da cadeia de suprimentos para
baterias, infraestrutura de recarga a ampliar e capacidade insuficiente da rede
elétrica em muitas das instalações atuais.
Muitos dos que responderam também chamaram atenção para o
preço elevado dos veículos elétricos e a necessidade de aumentar ainda mais
capilaridade e potência dos carregadores públicos ou privados.
Deve-se notar que outras dificuldades ainda estão por ser resolvidas em alta escala, como desmonte e reciclagem das baterias, além de programação da chamada segunda vida. Fora tudo isso, dois terços da energia elétrica gerada hoje no mundo vêm de fontes fósseis que emitem CO2 responsável pelo aumento da temperatura do planeta.
Sinal verde para BYD: Ford entrega fábrica ao governo baiano
Nos próximos dias o presidente mundial da BYD, Wang Chuanfu,
chegará a Salvador (BA) para sacramentar a posse das instalações da Ford em
Camaçari (BA). A marca do oval azul concluiu agora em 4 de outubro o acerto de
contas com o governo da Bahia. No fundo, como havia comentado antes, a
geopolítica influenciou essas negociações que se arrastaram desde 2022. Outra
fábrica da empresa americana, na Europa, não foi vendida à BYD.
A marca chinesa continua a ampliar sua oferta no Brasil. Na
segunda quinzena deste mês começam as entregas do Dolphin Plus que se
diferencia da versão já lançada basicamente por um novo motor elétrico de 204
cv e 31,6 kgf·m, além do teto pintado de preto, novas rodas de 17 pol. e teto
solar panorâmico. Com toda essa potência o hatch é bem mais rápido com
aceleração de 0 a 100 km/h em 7 s (o modelo básico em 10,9 s).
Apenas foi informado o alcance pelo padrão WLTP, mas o que
vale mesmo é da homologação pelo Inmetro ainda não divulgado. O preço de R$
179.880 é cerca de 20% maior do que a versão de entrada.
A empresa considera simples “boato” a intenção do Governo
Federal de começar a cobrar imposto de importação (I.I.), provavelmente em três
etapas anuais, sobre elétricos e híbridos plugáveis. O mais estranho é que
importar com alíquota zero, em geral, fica mais barato do que produzir
localmente. Ainda assim a BYD é a favor de manter o atual estímulo à
importação.
A produção em Camaçari começará no último trimestre de 2024
sem informação sobre qual modelo. Tudo indica que será o Dolphin, mas também poderá ser
o Seagull, subcompacto que chega importado no primeiro trimestre do próximo ano
por preço estimado entre R$ 110.000 e R$ 130.000.
Bacana o preço está ótimo
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