Coluna Fernando Calmon
Nº 1.258 — 6/7/23
Passado, presente e futuro
em 70 anos da VW no Brasil
Em 3 de janeiro de 1959 o Fusca começou a ser produzido à
margem da Via Anchieta. Até 1986 foram 3,1 milhões de unidades, o que
nenhum modelo no País havia alcançado até então. Depois, mais três unidades:
Taubaté (SP), em 14 de janeiro de 1976; São Carlos (SP) exclusiva para motores,
em 12 de outubro de 1996 e São José dos Pinhais (PR), em 18 de janeiro de 1999.
Até maio passado a VW produziu 25 milhões de unidades, das quais vendeu
internamente 21 milhões e exportou 4 milhões.
Foram 34 modelos em quatro décadas, em ordem cronológica: Kombi; Fusca, VW 1600, Variant, VW 1600 TL, SP 1/SP 2, Brasília, Passat, Variant II, Gol, Voyage,
Parati, Saveiro, Santana, Quantum, Apollo, Logus, Pointer, Golf (nacional), Polo, Polo Sedã, Fox, CrossFox, SpaceFox, up!,
Saveiro Cabine Dupla, cross up!, Jetta (por breve tempo), Polo II, Virtus, T‑Cross,
Golf GTE (importado), Nivus
e Taos. Serão lançados 15 produtos (incluindo versões de modelos existentes,
híbridos flex e elétricos) até 2025, dos quais sete já estão nas ruas.
A marca foi uma das primeiras a ter engenharia própria no Brasil, seguida pelo centro de desenvolvimento, pesquisa e design (1965), além de laboratórios de segurança veicular (1971), de emissões (1977), de realidade virtual e aumentada (2018).
O presente está ligado ao Way to Zero Center (Centro Rumo ao Zero
de emissões), inaugurado ano passado e focado em tecnologias de baixa emissão
de CO2 como híbridos flex e plugáveis e mais para frente, elétricos.
O futuro começou a se delinear
agora. Na festa dos 70 anos no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, apresentou
os elétricos SUV ID.4 e monovolume ID. Buzz inspirado no furgão Kombi original.
Serão comercializados ainda neste trimestre apenas por meio de assinaturas e
preços a anunciar.
A VW, na Alemanha, traçou uma meta de
aumentar as vendas em 40% no Brasil até 2027. Já a penetração total de mercado
dos veículos elétricos a bateria (VEB) aqui foi estimada pela matriz em cerca
de 4% em 2033, o que me pareceu previsão cautelosa, mas realista. No entanto, a
filial brasileira pretende crescer aqui mais rápido do que o mercado no
segmento de VEB.
BYD faz aposta de peso no mercado brasileiro
Depois de algum mistério alimentado por vários meses, a BYD confirmou investimento de R$ 3 bilhões no município baiano de Camaçari. Os planos contemplam a produção de automóveis híbridos, numa primeira fase, e depois elétricos a bateria (data em aberto).
A capacidade
inicial será de 150.000 unidades ao ano (fala-se em 30.000 apenas, no primeiro
ano). As primeiras unidades deixarão a linha de montagem até o final de 2024.
Índice de localização deverá ser muito baixo: pouco mais do que uma operação
CKD, a partir de veículos desmontados.
Persiste, no entanto, a dúvida se a
BYD comprará ou não a fábrica que pertence à Ford, onde produziram-se EcoSport
e Ka até janeiro de 2021. Desde o início das tratativas comentei que o acordo
não tinha sido fechado e o cenário continua o mesmo. A matriz da Ford, nos EUA,
é que tomará a decisão e isso implica, possivelmente, um jogo com nuances de
geopolítica.
A marca chinesa, claro, tem a opção
de construir novas instalações no mesmo município a partir de um greenfield (terreno desocupado). O
cronograma ficaria apertado, mas podemos lembrar que a Honda construiu a
fábrica de Itirapina (SP) em um ano com capacidade nominal de 120.000 unidades/ano
em dois turnos. Para facilitar, o governo da Bahia cedeu o porto marítimo de
Aratu, também já usado pela Ford.
Os planos do mais novo fabricante a se instalar no Brasil incluem produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos. E ainda uma unidade para processamento de lítio e ferro fosfato, matéria-prima para baterias que atenderá o mercado externo. Nada adiantou sobre produção local de baterias.
Vendas em junho reagiram graças aos incentivos fiscais
Para o presidente da Fenabrave, José Andreta Jr, o programa de incentivos fiscais (R$ 500 milhões) da MP 1.175, que vigorou em junho e agora estendido, foi um sucesso e possibilitou às concessionárias reduzir seus estoques.
"Fez bater os corações" com os clientes
voltando aos salões de exposição, ele disse. Apesar dos estoques nas fábricas
ainda estarem elevados, as vendas de automóveis e comerciais leves de 179.691
unidades no mês passado, representou aumento de 8% em relação a maio deste ano.
Quanto ao acumulado do primeiro semestre houve aumento de 9,76% em relação ao do ano passado. Se considerados também caminhões e ônibus o avanço sobre 2022 recua um pouco para 8,76%. Andreta também acredita que o mercado deve se manter aquecido em julho.
Segundo ele, o mês
pode ter quebra de recorde com o adicional de R$ 300 milhões em incentivos para
automóveis de até R$ 120.000, além da liberação para compras por parte das
locadoras.
Mesmo assim, a entidade mantém
posição cautelosa e continua com previsão de resultados semelhantes ao do ano
passado, no balanço final de 2023. Por isso não alterou as previsões feitas em
janeiro deste ano. Andreta Jr. não vê a elevada taxa de juros atual como um
entrave forte às vendas, mas sim a redução do poder de compra dos clientes.
Para se ter um balanço mais exato, em
minha opinião, é preciso ver o ritmo de queda dos juros a partir de agosto. Para
manter a inflação sob controle ou pelo mesmo comportada, o Governo Federal
precisa se sustentar dentro dos princípios de responsabilidade fiscal e
esquecer de vez que “gasto é vida” sem controle.
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