Nº 1.277 — 16/11/23
Imposto de importação
gradual
para elétricos é caminho
certo
Depois de amplos debates que se iniciaram há um mês,
veículos elétricos e híbridos passarão a recolher imposto de importação (I.I.).
Eram isentos desde 2015 e o processo será gradual. Elétricos começam com 10% em
janeiro de 2024 e 18% em julho do mesmo ano. Um ano depois, 25% em julho de
2025 e alíquota normal de 35% em julho de 2026. Para híbridos plugáveis o
esquema muda um pouco: 12% em janeiro de 2024, 20% em julho de 2024, 28% em
julho de 2025 e 35% em julho de 2026. Por fim para híbridos outra escala: 12%;
25%, 30% e 35% nas mesmas datas.
Haverá cotas para importar sem imposto, porém os critérios e
a sua duração ainda são motivos de dúvidas sobre o seu real impacto pois
estarão expressadas em dólares. Também falta a divisão entre importadores ou
que se comprometerem a produzir aqui e fabricantes locais. Esse tal de “comprometimento”
já se mostrou falho em outras políticas de incentivo. Precisa de fiscalização
séria, além da exigência de primeiro produzir e depois receber o incentivo.
Em princípio trata-se de um regramento interessante. Quem só
deseja importar nunca deveria ter o mesmo tratamento de quem produz ou vai
produzir. Aliás, é pura ilusão se achar que a fabricação local se trata de
decisão altruísta. Se o imposto de importação continuasse zerado, produzir no
Brasil ficaria sem sentido econômico e industrial, salvo se a demanda explodisse.
Então, de pouco adianta defender uma posição como esperar até que os elétricos
ocupem, por exemplo, 5% do mercado (hoje, 0,6%) para só então aplicar o I.I.
A questão de cotas isentas é nebulosa, já que estas não
existem para qualquer veículo a combustão. Aqui nenhuma intenção contra
importadores e sim apenas de lógica pura e simples. O Brasil precisa sim de
estimular a produção de elétricos, porém antes equacionar a fabricação de
baterias e eventualmente motores. Não apenas processar insumos como lítio, além
de outros metais, exportar para China e receber de volta a bateria pronta que
representa até 40% dos custos de produção com imposto de importação zerado.
Sem esquecer de que o País tem alternativas viáveis como
híbridos flex desenvolvidos e produzidos localmente, além de em um segundo
momento, poderem ser plugáveis. Chavão antigo, mas ainda aplicável do inesquecível
jurista Ruy Barbosa: “Pressa é a inimiga da perfeição”.
Silverado estreia com
bons recursos e versão única
Picape grande Chevrolet apresenta dimensões impressionantes
– entre elas comprimento de quase 6.000 mm e distância entre eixos de nada
menos que 3.720 mm – além de um visual externo moderno com destaque para a
parte dianteira. Os espelhos retrovisores têm tamanho exagerado. Podem dificultar
achar uma vaga, receber esbarrão de motociclistas e vibrar demais, contudo a
fábrica alega que são necessários por permitir reboques de maiores dimensões.
A tampa da caçamba de 1.781 litros (esta a maior do segmento
que inclui F-150 e Ram 1500) tem fechamento e abertura elétricos por comando
remoto. Também há controle elétrico dos estribos laterais que abrem em dois níveis
e permitem examinar melhor a caçamba. Os dois bancos dianteiros de couro têm
controles elétricos, ventilação e aquecimento. Tela multimídia de 13,4 pol. é
maior do segmento e formato horizontal de melhor visualização do que as
verticais.
Um avanço da Silverado é sistema operacional Google Built In
que dá acesso a todos os produtos desta plataforma via Wi-Fi nativo inclusive
atualizações remotas. Mas o acesso precisa ser pago após 12 meses de gratuidade,
o que também ocorre com o sistema de concierge OnStar.
Motor V-8 a gasolina, de 5,3 L e aspiração natural, 360 cv e
52,9 kgf·m. Neste quesito a Silverado perde para as rivais diretas como os 405
cv, da Ford e 400 cv da Ram. Acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 s, contra 7,1 s da F-150
e 6,4 s da 1500. Câmbio automático epicíclico de 10 marchas, o mesmo usado pela
Ford, mas o sistema de tração 4x4 com reduzida e pacote off-road é específico,
incluindo proteção extra para motor e câmbio. Apesar de ter capô, portas e
tampa traseira em alumínio, a massa total atinge o elevado valor de 2.505 kg.
Tanque de 91 litros proporciona alcance de 665 km.
Há uma única versão disponível por R$ 519.990.
ZF avança em sistemas
de câmera, radar e lidar
A empresa alemã, com filial no Brasil desde 1958,
desenvolveu no exterior produtos de alta eficiência dentro do conceito ADAS
(sigla em inglês para Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista). Estes,
entre outros, incluem câmera de alta resolução, radar e lidar (feixes de laser de
alta precisão para medir distâncias), objetivando uma direção bem mais segura.
Em conjunto conseguem acompanhar faixas desbotadas ou parcialmente
interrompidas no asfalto e identificar pedestres, ciclistas, motociclistas e
qualquer outro tipo de obstáculo fixo ou móvel. Com isso o sistema programa
alertas e freadas autônomas de emergência.
Em razão das futuras exigências de segurança ativa que serão
obrigatórias em 2026 e 2027 no Brasil, a companhia se prepara para fabricar
câmeras em Limeira, SP e, possivelmente, também radares. A filial brasileira
ainda não se comprometeu com uma data fixa para início da produção. Deve
ocorrer em “futuro breve”, declarou nesta semana o gerente sênior de Engenharia
e Operações da ZF América do Sul, Plínio Casante.
Por outro lado, a empresa apela para que motoristas não
desliguem os sistemas ADAS. Esse comportamento foi detectado nas pesquisas em
vários países.
Porsche Cayenne S e
seu empolgante motor V-8
Uma trajetória, desde seu lançamento em 2002, que ajudou
muito a fortalecer a marca e serviu de exemplo para outros fabricantes de
carros esporte e de luxo. Assim se resume o sucesso do SUV Cayenne que na
versão “S” avaliada custa a partir de R$ 810.000.
Trata-se de um modelo de interior espaçoso (2.985 mm de
entre-eixos), acabamento interno exemplar, sistema multimídia com tela tátil de
12,3 pol. e fácil pareamento sem fio com celulares Android e Apple, um enorme
porta-malas de 772 litros e estilo com o toque esportivo da marca sem exageros.
É possível escolher rodas de até 22 pol. de diâmetro que acentuam o seu
comportamento em curvas acima da média no segmento.
Além da ótima precisão de direção e a capacidade de frenagem
dentro do padrão superior exigido por qualquer Porsche, o maior destaque
continua a ser o motor V-8. O Cayenne é um carro de massa total elevada – 2.160
kg –, o que sempre exige cuidados para conduzi-lo com segurança em razão da
largura de 1.983 mm, comprimento de 4.930 mm e altura de 1.697 mm.
As suspensões usam molas pneumáticas e a distância livre do
solo pode variar entre 238 mm e 193 mm muito conveniente para quem, por mero acaso,
decidir colocá-lo à prova fora de estrada.
Ao dirigir ninguém fica indiferente ao som gutural e
borbulhante do V-8, 4-L, biturbo, 474
cv e 61,2 kgf·m. São 134 cv a mais que o anterior V-6. Acelera de 0 a
100 km/h em admiráveis 4,7 s.
Ressalva. Preço do
Hyundai Kona, na coluna anterior. Atualmente, R$ 189.990, exatos R$ 100.000 abaixo
do valor anunciado no lançamento. Um corte incomum de 34,5% sobre os originais
R$ 289.990.