Arnaldo Moreira
Depois do show deprimente de palavras chulas protagonizado pelo presidente Bolsonaro e por seus filhos Eduardo e Carlos respondendo a críticas feitas pelo presidente Emmanuel Macron, da França, aos incêndios na Amazônia, agravado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, quando o assunto já estava esfriando, e pelo lutador Enzo Gracie amigo dos filhos do presidente, que este nomeou Embaixador do Turismo Internacional da Embratur, que ameaçou Macron: "Vem aqui que tu vai tomar um gogó nesse pescoço, nesse pescoço de franga", imagino o constrangimento que reinou durante o encontro entre a Embratur e 120 operadores de turismo franceses realizado na semana passada, na França. Toda essa estupidez apesar de o mercado de turismo francês ser de grande relevância para o Brasil, pois ocupa o primeiro lugar no número de europeus que visitam o País, além de apresentar gastos expressivos, de acordo com a Embratur.
Toda essa chusma de invasivos e inacreditáveis ataques - que se estenderam à ex-presidente do Chile, Michel Bachelet -, pessoais a um presidente de uma nação amiga - que pisou na bola ao defender a invasão militar da Amazônia, mas a resposta deveria ter sido firme, mas diplomática - por governantes brasileiros está na razão dieta da forma como o Brasil trata o setor de turismo, ou seja de qualquer maneira, sem pudor, e justifica os resultados ridículos do segmento, que não passam dos cinco, seis milhões de visitantes estrangeiros, nem que a vaca tussa.
Na capital do turismo brasileiro apesar das promessas do novo governador Wilson Witzel e do secretário de Turismo, Otávio Leite, na campanha e em um encontro no Rio Othon Palace Hotel, no começo do governo com todo o trade turístico do Estado. E lembremos que o prefeito Crivella sempre deixou claro sua ojeriza pelos desfiles das escolas de samba - o mais importante evento do turismo nacional com visão no exterior -, e com o Carnaval em geral, pelo simples motivo que se trata de uma festa que sua religião, neopentecostal, não aceita. Ou seja, tudo continua como "d'antes no Quartel de Abrantes", porque os anteriores governadores e prefeitos também se lixaram para o turismo.
Foto: Wilson Alves Cordeiro |
O Corcovado no último fim de semana foi a prova do desleixo, da incompetência, da falta de estrutura do Rio de Janeiro para o turismo. A beleza da cidade está na razão indireta da ausência da vontade política, de projetos, da desorganização técnica e turística, do descompromisso dos políticos com a cidade e o estado.
Milhares de pessoas batiam cabeça no Cosme Velho em busca de informações e ao subirem usando o Trem do Corcovado ou as vans - estas com sério perigo de serem assaltadas -, no alto do mais emblemático monumento do turismo brasileiro e uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, apenas um elevador funcionava e as escadas rolantes estavam paradas obrigando os visitantes a encarar vários lances de escada íngreme.
Naturalmente, não havia um único ponto de informações turísticas, nem um funcionário para prestá-las, nem da Riotur, nem da TurisRio, como não existe nenhum tipo de fiscalização pelas autoridades do setor aos pontos turísticos para, pelo menos, verificarem como esses locais se encontram, como operam, se estão aptos a receber os turistas.
Entretanto, ações no exterior, participação de feiras e congressos a Embratur as faz há anos, pelo mundo, mostrando as belezas, a gastronomia, a história, a cultura hiper diversificada graças tamanho deste país continental, a riqueza intrínseca de cada estado do Nordeste, do Norte, as pradarias dos pampas e dos estados do Sul, do Sudeste, o pôr-do-sol do Planalto, as planícies do Centro-Oeste isso não tem sido suficiente para convencer o mundo, os asiáticos que em hordas que correm o planeta, a virem conhecer o Brasil. O motivo é claro: turismo é coisa estranha para os políticos neste gigante "país à beira-mar plantado" (frase que me atrevo a parafrasear do poema "A Portugal", de Tomás Coelho.
Esse desinteresse e compromisso se estende a outro item ligado diretamente ao turismo, a segurança pública, um dos mais graves problemas que a população enfrenta em todo o País. Todos os dias há tiroteios assaltos, latrocínios, roubos, assassinatos, confrontos entre polícia, traficantes, milicianos e bandidos a qualquer hora do dia ou da noite, nas grandes metrópoles e já nas antes pacatas cidades interioranas, vitimando gente honesta que vive legalmente e jovens que se enfronharam no tráfico e se tornaram fora-da-lei. Ontem, mesmo a PMERJ matou mais uma criança, de oito anos que estava num carro atingido pelas balas oficiais. Afinal, o governador vem incentivando a polícia a atirar primeiro e perguntar depois.
A experiência da intervenção das Forças Armadas no Estado do Rio de Janeiro não resultou em nada, foi dinheiro gasto, jogado no ralo e vidas de alguns militares perdidas. Depois dela nada se fez deixando criminosamente as matanças continuarem entre bandidos milicianos, traficantes e ladrões entre si e a polícia.
Está claro que a violência no Brasil tem origem na catástrofe social que o País enfrenta beseada nas diferenças sociais que dividem a Nação e impõem à maioria esmagadora das 210 milhões de pessoas sacrifícios com salários baixos, habitações precárias em favelas e morros, alagados e invasões, além de inúmeras famílias que vivem debaixo de viadutos e pontes e nenhum governo se preocupou com essa situação a ponto de, pelo menos, minimizá-la. Mas, nada se faz e a situação socioeconômica se eterniza nas mais injustas e vis condições de vida.
Cobranças de toda a ordem aos órgãos de governo ocupam diariamente noticiários, revistas e jornais, sites e blogs sem nenhum efeito. Políticos, governantes cobrados fazem ouvidos de mercador, se tornam avestruzes enterrando a cabeça no chão e dão de ombros como se não fosse responsabilidade sua, como popularmente se diz, dar um jeito nessa situação.
Então, a pergunta que não quer calar é: não está na hora de os governos federal e estaduais e municipais, congressistas, deputados estaduais e vereadores se unirem em torno de uma discussão séria, republicana para encontrar a solução que acabe com a violência responsável pela matança - matança sim, pois ano passado foram vítimas dela quase 70 mil pessoas, fora o número de feridos, número superior à população de muitas cidades, e este ano não será muito diferente?
É isso que a população brasileira deseja o mais rápido possível porque não aguenta mais chorar seus filhos serem vítimas dessa violência sem fim.
Meu amigo,texto muito bem escrito e bem exemplificada toda a miséria em que nós brasileiros vivemos desde o "descobrimento" dessa terra chamada Brasil. Não se torna necessário dissertar a evolução da nossa história.Terra explorada, saqueada,povo sofrido agregado a maldade da escravidão dos nossos irmãos negros.
ResponderExcluirNinguém quer ser pai do filho feio e a cada eleição novas aberrações são geradas. Muita política sem resultado. Muita cueca para pouco macho.O Brasil foi e é cultura de exploração, Vale a lei do mais forte, do manda quem pode e obedece quem tem juízo. Povo alegre,submisso e solidário que se submete ao apelo de qualquer estrangeiro. Supervaloriza o outro sempre desmerecendo o que é nosso e com isso a cada dia saqueamos e somos saqueados por nações com interesses apenas do próprio umbigo. É bem verdade que nada vem de graça. Interesse é real em qualquer relação.
Mas vejo que o momento é afrouxar os nós dessas amarras do nosso processo desde o "descobrimento." Uma pena que falte diplomacia.
Meu amigo,texto muito bem escrito e bem exemplificada toda a miséria em que nós brasileiros vivemos desde o "descobrimento" dessa terra chamada Brasil. Não se torna necessário dissertar a evolução da nossa história.Terra explorada, saqueada,povo sofrido agregado a maldade da escravidão dos nossos irmãos negros.
ResponderExcluirNinguém quer ser pai do filho feio e a cada eleição novas aberrações são geradas. Muita política sem resultado. Muita cueca para pouco macho.O Brasil foi e é cultura de exploração, Vale a lei do mais forte, do manda quem pode e obedece quem tem juízo. Povo alegre,submisso e solidário que se submete ao apelo de qualquer estrangeiro. Supervaloriza o outro sempre desmerecendo o que é nosso e com isso a cada dia saqueamos e somos saqueados por nações com interesses apenas do próprio umbigo. É bem verdade que nada vem de graça. Interesse é real em qualquer relação.
Mas vejo que o momento é afrouxar os nós dessas amarras do nosso processo desde o "descobrimento." Uma pena que falte diplomacia.
Meu caro, Arnaldo! Meu vocabulário é muito pequeno para nominar a importância do artigo e sua lucidez! Parabéns, mestre pela forma como tratou o assunto!
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