Nº 1.062 — 12/9/19
DUAS ESCALAS DE
ELETRIFICAÇÃO
Com diferença de apenas 24 horas e um continente de
distância, a eletrificação se fez presente em lançamentos de dois modelos bem
diferentes. Aqui, a 12ª geração do sedã médio-compacto Toyota Corolla, tração
dianteira, incluiu o primeiro híbrido flex do mundo; na Alemanha, primeiro
Porsche 100% elétrico, o sedã-cupê grande Taycan, tração integral.
O Corolla recebeu arquitetura totalmente nova e estilo
arrojado para os padrões da fabricante japonesa. Estética ficou bem melhor,
inclusive por ser 2 cm mais baixo, embora distância entre eixos seja a mesma e existam
diferenças mínimas em largura e comprimento. Porta-malas manteve os 470 litros.
Inexplicavelmente, o tanque diminuiu de 60 para 50 litros (43 litros, no
híbrido), o que significa autonomia menor. No entanto, consumo urbano no
híbrido flex alcança nada menos de 16,3/10,9 km/l, gasolina/etanol. Na estrada,
14,5/9,9 km/l, respectivamente.
Motor convencional, de 2 litros, é todo novo e mais potente
que o anterior: 169/177 cv, gasolina/etanol. Pela primeira vez, o Corolla
dispõe de suspensão traseira independente e o comportamento dinâmico, que já
era bom, ficou melhor. Novo câmbio CVT também impressiona pela progressividade,
inclusive logo ao sair da inércia. No caso do híbrido, o desempenho é bem menor,
potência combinada com os dois motores elétricos de apenas 122 cv, mas as
respostas ao acelerador ainda são razoáveis.
No interior, em especial nas versões superiores, a qualidade
dos materiais é ótima. Central multimídia, fácil de operar, poderia ser mais bem
desenhada. Falta saída de ar para o banco traseiro. Pacote de segurança inclui frenagem
automática de emergência e alerta de mudança de faixa, entre outros. Preços: R$
99.990 a 130.990.
Porsche Taycan, apresentado apenas de forma estática, era
muito aguardado pela tradicional esportividade da marca e do prometido preço
competitivo. Embora ainda distante dos carros convencionais, manteve preços
entre o SUV Cayenne e o sedã grande Panamera.
Quando chegar às concessionárias
em outubro custará de 152.200 (Turbo) a 185.500 (Turbo S) euros, na Alemanha. No
Brasil, em 2020, começará por pouco menos de estimado R$ 1milhão.
Linhas fluídas e esportivas (Cx apenas 0,22) destacam-se,
mas a entrada de ar vertical junto ao farol não agrada. Tem só 1,38 m de altura,
sem grande prejuízo ao acesso. Bancos dianteiros encaixam-se em rebaixos no
assoalho e em conjunto com a posição vertical do volante o identificam como legítimo
Porsche. Comandos dispensam teclas e botões (à exceção do de partida, à
esquerda) e a superfície da tela digital vibra ao acender os faróis. Há dois
porta-malas: dianteiro, 81 litros e traseiro, 366 litros.
Baterias permitem autonomia de até 450 km e a recarga, por inédito
sistema de 800 V, varia entre 9 horas (0 a 100%) e 22,5 min (de 5% a 80%). Dois
motores elétricos entregam potência de 625 cv, mas no modo de superaceleração
passam a 680 cv e torque de 86,6 kgfm. No Taycan Turbo S são 761 cv e, nada
menos, 107 kgfm. Aceleração de 0 a 100 km/h em até 2,8 s, apesar da massa total
de 2.300 kg. Curiosamente há duas marchas no câmbio, quando os elétricos comuns
exigem apenas uma.
ALTA RODA
SETEMBRO vem
sendo um mês congestionado por lançamentos de novas gerações e não simples
maquiagens. Corolla, semana passada; Onix sedã, esta semana; Hyundai HB20, na
próxima (inclusive com fotos e características antecipadas como novo motor
turbo e dimensões maiores), além do Kia Cerato mexicano. JAC apresentará cinco
produtos elétricos.
ANUNCIADO o acordo
entre CAOA e Ford. O grupo brasileiro adquiriu, por valor ainda não revelado, a
fábrica de São Bernardo do Campo (SP) onde produzirá os atuais caminhões e um
carro (mais provável, SUV) de outra marca. Apostas são na chinesa Changan, que
já passou pelo Brasil. Especula-se ainda que outra chinesa, Great Wall, também
estaria interessada no País.
CONTÍNUA baixa do
mercado na Argentina terá impacto maior que o esperado pela Anfavea sobre a
produção brasileira de veículos em 2019. Nos primeiros oito meses a produção subiu
apenas 2% sobre o mesmo período do ano passado. A entidade revisará suas
previsões já em outubro pela forte queda das exportações. Empregos caíram 3,3% frente
a agosto de 2018.
VENDAS ao mercado
interno em agosto foram 2,3% menores que igual mês do ano passado, mas na
comparação do acumulado dos oito primeiros meses subiram 9,9%, ainda um bom
resultado. Estoques, no entanto, continuam em elevação: de julho para agosto passaram
de 40 para 42 dias. Até o final do ano, porém, o mercado deve recuperar o
fôlego.
FINALMENTE,
Brasil e Argentina adotarão livre comércio de veículos, mas apenas dentro de 10
anos, após inúmeros adiamentos. Ainda não ficou claro como o atual regime flex
(para cada US$ 1 importado do vizinho o País pode exportar US$ 1,5 sem impostos)
será desmontado, nem como ficaria o acordo com os europeus. Isso obrigará o custo
Brasil a cair na marra.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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