Coluna Fernando Calmon
Nº 1.269 — 21/9/23
Mobilidade Verde traz
desafios
e exige cautela ao
propor ações
Até o final deste mês o Governo Federal anunciará a segunda fase do
programa Rota 2030 que estabelece incentivos para desenvolvimento local de
novas tecnologias para diminuir o consumo de combustíveis de origem fóssil e
também de biocombustíveis como o etanol. Uma das decisões será o critério muito
mais válido de calcular o gasto energético pelo critério do poço-à-roda do que
apenas do motor-à-roda.
O programa também mudará de nome e passará a se chamar
Mobilidade Verde. Os rumores dão conta de que há intenção de acelerar o
processo de aditivação de biodiesel ao diesel não renovável. E também o aumento
de 27% para 30% do teor de etanol anidro na gasolina.
As duas premissas (a confirmar) precisam de estudos mais
profundos. No caso do biodiesel há forte oposição da indústria sobre os
percentuais que podem chegar a 15%, mas deveria se limitar a 10%. Quanto ao
etanol também seria necessário pesquisar no caso de motores mais antigos com
injeção indireta ou direta de combustível, hoje na maioria da frota circulante.
Quando fiz a mediação no mês passado de um dos debates (O
Futuro da Mobilidade Sustentável) no 30º Simpósio Internacional de Engenharia
Automotiva, enderecei uma pergunta direta sobre esse assunto ao diretor do
departamento de biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Marlon
Arraes. Ele esclareceu que testes em laboratório e em campo deverão comprovar
que essas aditivações não trarão prejuízos aos motores ou à sua manutenção.
Outra decisão que seria anunciada pelo ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços é a taxação (hoje zerada) de 35%, ao longo
de três anos, do Imposto de Importação (I.I.) de carros elétricos. Se o Brasil
deseja que exista produção local desses veículos, não há o menor sentido de
retirar o gravame de veículos importados. Até por questão de isonomia com
automóveis de motor a combustão.
Este é um ponto que traz discussões e envolve suspeitas de
subsídios ocultos dos produtos chineses exportados para todo o mundo. A União
Europeia acaba de acusar de dumping (venda
a preços subsidiados) a indústria de veículos elétricos da China e estuda uma
taxação extra de 10% a 15%.
Marcas chinesas – GWM e BYD – acenam para fabricação (ou
mesmo simples montagem) de elétricos no Brasil. Se o I.I. é zero, fica mais
rentável simplesmente importar.
A ver se rumores vão se confirmar e os desdobramentos destas decisões.
BMW apresenta M2 como modelo raiz
Um posicionamento muito claro do fabricante alemão foi
confirmado por declarações do executivo responsável pelo desenvolvimento
técnico da marca, Frank Weber, ao site australiano Carsales que controla o congênere
Webmotors no Brasil. Ao contrário de outras marcas, a BMW faz questão de
pontuar: “Não anunciaremos nenhuma data de término de motores a combustão, pois
é impossível fazer mudanças estruturais, industriais e culturais necessárias
para a produção apenas de veículos 100% elétricos até 2030. Eles coexistirão
pelo próximos 10 a 15 anos.”
Trata-se de uma posição corajosa em contraste com outras
marcas que escolheram se precipitar. Uma prova do caminho escolhido é a vinda
do México (isento de imposto de importação recíproco entre os países) do
visceral M2. O modelo é um cupê de dimensões menores que o Série 3 e se
caracteriza pela grade frontal diferente da tradicional da marca, além de soluções
atraentes como as “bolhas” nos para-lamas traseiros e as inusitadas quatro
saídas de escapamento para um motor de seis cilindros em linha, 3-L, biturbo, 460
cv e 56 kgf·m.
O interior apresenta o alto padrão de acabamento da marca, além
do arrojado conjunto de tela curva: 12,3 pol. no quadro de instrumentos e 14,9
pol. na central multimídia. Os dois bancos traseiros, previsivelmente, têm
pouco espaço para as pernas, porém o porta-malas é razoável (390 litros).
Apesar dos 1.725 kg de massa total, o M2 atrai pelo alto desempenho: 0 a 100 km/h, em 4,1 s com câmbio automático epicíclico de oito marchas. Câmbio manual existe no exterior, mas não será oferecido aqui. Há duas versões: Coupé por R$ 617.950 e Coupé Track com bancos dianteiros tipo concha por R$ 667.950.
208 com motor 1-L turbo pode aposentar o 1,6-L
O estilo é reconhecido de longe e sempre representou um
ponto de grande destaque da marca francesa. No entanto, ficava devendo em
termos de desempenho frente aos concorrentes que migraram rapidamente para
motores com turbocompressor. Com a formação da Stellantis, em janeiro de 2021, o
cenário mudou. E o Peugeot 208 acabou recebendo primeiro o motor tricilindro 1-L
turbo do novo Grupo, antes mesmo do hatch Fiat Argo.
Este é o motor flex de 1.000 cm3 mais potente com
etanol ou gasolina entre os produzidos atualmente no Brasil: 130 cv (E)/125 cv
(G) e 20,4 kgf·m (para ambos os combustíveis e neste caso o valor é igual ao
motor da VW de mesma cilindrada, cuja vantagem está em rotações mais baixas –
2.000 rpm contra 4.250 rpm). No entanto, o câmbio automático CVT de sete
marchas no uso cotidiano garante a elasticidade que falta ao motor aspirado de
1,6 L, ainda oferecido pelo fabricante francês, mas que pode ser aposentado.
A Peugeot oferece três versões com o novo motor e preços
entre R$ 99.990 e R$ 114.990. A mais cara inclui rodas de liga leve de 17 pol.
e teto solar (opcional na versão de R$ 100.000), além de seis airbags (dois do
tipo cortina) e outros itens de segurança em um pacote de série que inclui
alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência e detecção de
pedestre, entre outros.
Na viagem de avaliação o conjunto mecânico entregou o que
faltava em termos de desempenho com resposta imediata ao acelerador e registro
de 0 a 100 km/g em 9 s (E) e 9,2 s (G). O volante hexagonal é único com base e
topo achatados que, em princípio, parece estranho, mas não fica difícil de se
adaptar e permite visão completa do quadro de instrumentos por cima dele. O
acabamento interno é bom, comportamento em curvas perfeito e freios com
potência adequada.
O 208 deve receber em 2024 as modificações já feitas no homônimo francês. Já o 2008 passará a ser fabricado na Argentina.
Semana Nacional do Trânsito: 18 a 25 de setembro
Pelo 26º ano consecutivo se comemora essa campanha prevista
no Código de Trânsito Brasileiro que conta, entre os principais impulsionadores,
a ONG Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). “Faça o bem, não
importa a quem” é a linha mestra do movimento em 2023, que pretende induzir uma
maior conscientização entre motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres
com o objetivo de diminuir o número de 94 mortos diárias em média no trânsito
urbano e rodoviário.
No site https://www.onsv.org.br/semana-nacional-transito/campanhas
é possível, mediante um cadastro simples, baixar gratuitamente peças de
divulgação para todas as mídias incluindo desde banners até posts e spots para
rádio e vídeo.
Entre os seis posts que cobrem todo universo da segurança
viária destacam-se: “Leve sua calma para ruas e rodovias” e “Os pequenos só
estão seguros, nos equipamentos de segurança”.
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