Coluna Fernando Calmon
Nº 1.324 — 25/10/2024
Picape Shark híbrida plugável é
estratégica para BYD crescer
Em um movimento alinhado aos seus planos de rápido
crescimento no mercado brasileiro, a BYD lançou uma picape média híbrida
plugável cujas especificações técnicas impressionam. Motor a gasolina turbo de
1,5 L, 183 cv/26,5 kgf·m. Há mais dois motores elétricos: dianteiro, 231 cv e
traseiro, 204 cv; 31,6 kgf·m e 34,7 kgf·m, na mesma ordem. De acordo com o
fabricante, os 437 cv (torque combinado não se pode calcular) — permitem acelerar
de 0 a 100 km/h em apenas 5,7 s.
Indicadores muito melhores que os mais de 10 modelos hoje
oferecidos, quase todos com motores Diesel, cujas vantagens tradicionais são
robustez e economia de combustível. Agregam, além de arraigada e dominante
preferência entre os compradores, tradição de durabilidade e adequação ao
perfil de uso do veículo.
No quesito economia de combustível — pelo menos até surgir
uma picape híbrida a diesel — os números da Shark (tubarão, em inglês) empolgam
e obviamente previsíveis, segundo a homologação Inmetro: 24,6 km/l na cidade e
19,9 km/l na estrada. Mesmo com apenas 57 litros no tanque roda 1.400 km, na
cidade e 1.134 km, em estrada. A líder do segmento, Hilux, consegue apenas 10,1
km/l e 11,3 km/l, na mesma ordem, com alcance de 808 km e 904 km,
respectivamente. O tempo de recarga até 80% da bateria é de pouco menos de uma
hora.
Principais dimensões: comprimento, 5.457 mm; largura, 1.971
mm; altura; 1.925 mm. Há amplo espaço interno graças ao entre-eixos de 3.260
mm. Bancos em couro, sendo os dianteiros elétricos, tela multimídia giratória
de 12,8 pol. e conexão Apple CarPlay
e Android Auto são os destaques. Capacidade
de carga de 790 kg é 21% inferior às picapes deste porte. Já o volume da
caçamba, 1.200 litros, inclui três tomadas para equipamentos externos.
Em um primeiro contato no autódromo Ayrton Senna, Goiânia
(GO), com pista molhada, a tração 4x4 mostrou-se eficiente. Corrigiu
instantaneamente todos os desvios de trajetória, inclusive em frenagens. Na
pista off-road desempenhou muito bem
graças ao ângulo de ataque de 31°, ângulo de saída de 19,3° e vão livre do solo
de 210 mm, considerando ainda sua massa de 2.665 kg. Há três programações de
tração: Lama, Areia e Neve. Porém, concorrentes oferecem até seis opções.
Silêncio a bordo é um ponto alto graças ao motor de ciclo Otto, neste aspecto
incomparável ao Diesel.
Preço promocional de lançamento, R$ 379.800,00, é alto e
pode limitar as vendas.
Panamera híbrido plugável, todo novo,
destaca suspensões ativas
Nesta terceira geração, a Porsche fez intervenções profundas
na carroceria do primeiro sedã da marca. Na dianteira, toda nova, as linhas
estão mais limpas e destaca a entrada de ar central. Os faróis LED Matriz
alcançam nada menos de 600 metros, sem risco de ofuscamento para outros
motoristas. Contorno das janelas harmonizam-se com a carroceria, enquanto atrás
o óculo sem moldura e as lanternas tridimensionais completam o visual agora
arrojado.
No interior, o quadro de instrumentos curvo tem 12,6 pol. Acessibilidade
melhorada ao seletor de modos de condução (Normal, Sport e Sport Plus),
enquanto o acompanhante do motorista tem tela individual de 10,9 pol. sem
acesso visual pelo motorista. Melhorou a usabilidade de Android Auto/Apple
CarPlay e agora o carregamento do celular por indução recebe refrigeração.
Destaca-se o sistema híbrido plugável com tração nas quatro
rodas. O V-6 biturbo de 2,9 litros entrega 304 cv, enquanto o novo motor
elétrico oferece potência e torque bem maiores que o anterior, 190 cv/45,9 kgf·m.
No sistema combinado são 470 cv/66,3 kgf·m, 0 a 100 km/h em 4,1 s e máxima de
280 km/h. Já no 4S E-Hybrid o motor a combustão tem 353 cv e o mesmo motor
elétrico da outra versão. Potência combinada salta para 544 cv e torque máximo
de 75,5 kgf·m. Isso permite acelerar de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos e máxima de
290 km/h.
Alcance no modo elétrico, ideal em uso urbano, subiu para 63
km (Inmetro) e o tempo de carregamento encurtou para 2h39m. Há donos de carros
elétricos que não gostam de híbridos plugáveis dividindo o uso de tomadas, mas
não há carimbos para elas. Queixa, portanto, improcedente.
Novo sistema de suspensão pneumática ativa do Panamera levanta
a carroceria para uma altura confortável ao entrar ou sair do carro, além de
absorver irregularidades do piso. De acordo com o modo de condução escolhido
torna a experiência de rodagem melhor para todos os ocupantes. A Porsche
ressalta a inclinação em curvas como nas motos, além de abaixar tanto a frente
ao acelerar e quanto a traseira ao frear. Em breve vou conferir isso, em teste
dinâmico para sentir melhor o que constatei em demonstração estática.
Preços: R$ 803.000 e R$ 922.000.
Oroch aposta no motor
potente entre picapes compactas
Dentro de um segmento altamente competitivo que inclui
Strada, Saveiro e Montana (Toro à parte por carregar até uma tonelada, na
versão de motor Diesel, para enfrentar picapes médias), a Oroch procura sua
inserção em dois aspectos principais: dimensões internas e motor potente. Entre-eixos
de 2.829 mm oferece ótimo espaço para três passageiros no banco traseiro,
embora o assento curto canse as pernas em viagens longas. As outras dimensões: 4.719
mm de comprimento; 1.634 mm de altura e 1.834 mm de largura. Capacidade da
caçamba de 683 litros que pode transportar 650 kg (passageiros e carga).
Posição ao volante é boa, apesar da regulagem apenas de
altura. Tela multimídia fica em posição central elevada no painel, mais exposta
a reflexos, porém dispõe de conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Numa
visão geral ficou melhor por conta de quatro câmeras para monitorar o entorno,
além de sensores de estacionamento. Externamente faróis de neblina estão bem
posicionados e protegidos, apesar de muito salientes.
Ponto de maior destaque é o conjunto motor-câmbio. Trata-se
de um turbo flex de 1,3 L, 162 (G)/170 cv (E) e 27,5 kgf·m de torque, desenvolvido
em parceria com a Mercedes-Benz. Trabalha bem integrado ao câmbio automático
CVT de oito marchas reais (nada de “simuladas” como se diz de modo
inapropriado). Acelerações muito boas que não se esperam em veículos desse
tipo. Isolamento acústico compatível às limitações de uma picape, contudo deixa
passar um pouco de ruído pelas colunas em velocidades mais altas de
autoestradas.
Suspensões estão bem acertadas, mesmo em pisos irregulares, pelo uso de um conjunto multilink na traseira. Deve manter este comportamento quando com carga total, condição incomum em picapes desse tipo. Senões: caixa de direção eletro-hidráulica, quando já deveria existir uma elétrica, além de apenas dois airbags.
Ford amplia centro de pesquisa e engenharia na Bahia
Mesmo sem produção local, a empresa do oval azul continua a
expandir suas atividades em Camaçari (BA) dentro do Senai Cimatec Park, um
impressionante complexo de instalações dedicadas à pesquisa e desenvolvimento.
Neste campus integrado de tecnologia e manufatura, a Ford vai inaugurar no
início de 2026 um novo prédio com capacidade para 1.000 pessoas. Assim poderá
se integrar ainda mais dentro do complexo que poucos acreditavam existir na
Bahia, até conhecer de perto. E se impressionar.
Trata-se de colaboração estreita entre governo estadual,
ensino técnico-profissionalizante do Senai e empresas interessadas em criar um
ambiente de estímulo a novas ideias por meio de pesquisas avançadas. No caso da
Ford integra-se com a matriz em Dearborn, Michigan e outras oito instalações da
companhia ao redor do mundo. A exportação de serviços anualmente gira em torno
de US$ 100 milhões (R$ 570 milhões).
Desenvolvem-se partes de plataformas veiculares mundiais com
responsabilidade ampliada no SUV Explorer, três das oito famílias de motores da
marca, elementos de chassi e conjuntos completos de transmissão para veículos
de carga da América do Norte e evolução de estilo dos modelos Escape, F-150,
Super Duty, Mustang e Bronco. Tudo em interação com o Campo de Provas de Tatuí
(SP) para testes de resistência e durabilidade.
Softwares complexos, conectividade avançada (inclusive
módulos over-the-air de atualização
automática), além de realidade virtual como suporte indispensável para estilo e
ergonomia, estão incluídos nos trabalhos do Cimatec.
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Ressalva: Na
coluna anterior, sobre o número de carregadores elétricos e híbridos plugáveis
na Espanha. Para uma frota de 440.000 unidades de carros e vans há nada menos
que 504.782 pontos individuais de recarga. Numa comparação direta, “apenas” 50
vezes mais que no Brasil. Um cenário bem difícil para o nosso País.
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