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domingo, 3 de abril de 2016

CUBA, INUNDADA DE BELOS CARROS DOS ANOS 50, VIVE NOVOS ARES. TURISMO, CELULARES, COMÉRCIO PRIVADO SE EXPANDEM. O POVO, QUE RECONHECE A NECESSIDADE DA REVOLUÇÃO EM 1959 FIDEL, QUER MAIS, SEM SAIR DO ATUAL REGIME QUE DÁ EDUCAÇÃO E SAÚDE DE QUALIDADE. EMBARGO DOS EUA PODE SER MINIMIZADO COM A VIAGEM DO PRESIDENTE OBAMA A CUBA, EM MARÇO, ONDE FOI RECEBIDO EFUSIVAMENTE PELA POPULAÇÃO



Texto e fotos: Arnaldo Moreira

Quem nunca visitou Cuba pode ter naturalmente um ideia distorcida de como vivem os cubanos nesse esse país, onde, em 1959, Fidel de Castro, Che Guevara, Camilo Cienfuegos e outros patriotas derrubaram o ditador Fulgêncio Batista, que havia transformado Cuba em parque de diversões dos Estados Unidos, num reino de prostituição, onde o povo no interior não tinha o que comer e reinavam os poderosos donos da máfia estadunidense.



O regime cubano mantém um vigoroso culto à revolução, lembrada nos monumentos, em inscrições revolucionárias em muros, no artesanato que lembra, principalmente, o icônico revolucionário Che Ghevara.


Ao chegar a Havana, sentimos que o governo não mantém mais quem desembarca no no país debaixo do olho do regime, como nos duros anos após a revolução. 


Os grupos de turistas às dezenas tomam conta da capital cubana.


Mas não consegui visitar a Associação Cubana de Jornalistas - equivalente à ABI, o que significa que há ainda sérias restrições na


Pelo contrário, a capital fervilha em torno de uma tímida abertura comercial doméstica que já mostra, porém, muito tenuemente, efeitos na sociedade ávida por viver melhor - mas já entrou na era dos celulares e computadores, embora ainda sem um sinal de Internet de qualidade.

É, no entanto, justo e necessário, frisar que entre a grande maioria da população há uma unanimidade em defesa das conquistas sociais introduzidas pela Revolução. 

Na Praça da Revolução, o Ministério das Comunicações com a figura de Che Guevara na fachada

Todos reconhecem que o ato de Fidel foi necessário e desejam manter o regime, mas lamentam que o país esteja até hoje economicamente fechado, o que atribuem à consequências do bloqueio estadunidense, mas acham que está na hora do governo, hoje sob o comando de Raul Castro, lhes garantir uma vida menos apertada do que passaram a enfrentar após o fim da União Soviética.

Memorial José Marti, na Praça da Revolução, onde Fidel fazia os longos discursos


É absolutamente verdadeiro o orgulho que têm de seu país, e impõem reticências que em relação aos estadunidenses, criticando a manutenção de um embargo sem sentido e injustificável, por uma birra do conservador Partido Republicano.

Praça da Revolução

Para os cubanos o embargo é uma vingança mantida, mesmo passados quase seis décadas, pela ala mais retrógrada da sociedade estadunidense, calcada na expulsão dos mafiosos, que, com o beneplácito do governo dos EU, exploravam o povo da ilha da maneira mais vil: Havana foi ponto de jogo e prostituição até o governo Fulgêncio Batista.


Os cubanos têm muita esperança num momento novo, apesar das enormes dificuldades que enfrentam, principalmente na sua qualidade de vida. 


Por onde se anda na cidade de Havana, se vê uma quantidade enorme de gente que abriu um comércio na porta de casa, vendendo salgadinhos, artesanato. 

As caravans Hyundai são os novos táxis de Cuba  

Os taxistas, honestos, trabalham com os carros de propriedade do governo, ligados a cooperativas, onde pagam uma diária, sistema semelhante ao praticado no Brasil, com a diferença que os táxis são de empresas particulares.

Em Cuba, pelo que se percebe andando por sua ruas, não existe miséria, mas a maioria esmagadora de população é pobre
A verdade é que, como me dizia um jornalista que conheci, em Havana, que deixara o emprego numa emissora do governo para se dedicar ao aluguel de quartos em sua casa a turistas, "o governo não tem mais condições financeiras para garantir a sobrevivência da população que necessita se alimentar, vestir".

Ele reconhece que essa situação não é apenas do embargo dos EU, mas "porque o governo não se planejou para que o país no futuro tivesse uma economia forte, produtora, mesmo estatal, mas que atendesse às necessidades dos cubanos.

Esta é a casa mais antiga de Havana

O comentário se materializa na grande quantidade de edifícios, principalmente residenciais em mau estado, porque nem o estado nem quem mora neles tem meios para restaurá-los. 


"Ou se come, ou se restauram as casas. É preferível comer", como reconheceu um funcionário do sempre lotado Hotel Nacional, propriedade do governo e sem dúvida uma das boas fontes de renda da nação.


Cuba tornou-se um importante destino turístico caribenho. Havana, onde a sensação de segurança na rua é absoluta, está inundada de turistas, a maioria do Canadá, países da América Latina.

Havana é também visitado por turistas que chegam à capital em navios de cruzeiro.
São em bom número os alemães, italianos, chineses, franceses, espanhóis e portugueses (Air France, Ibéria e TAP, têm voos de Paris, Madrid e Lisboa, respectivamente, para Havana).

Este espaço, em Havana, onde foi no passado um hotel que foi demolido, nascerá um novo hotel, na orla.
Para atender a essa demanda turística, em Havana e Varadero, estão em construção ou em restauração edifícios que serão novos hotéis, em breve. 


O embargo estadunidense causou um daqueles "males que vêm para bem". Havana está coalhada de automóveis dos anos 50, Ford, Dodge, Chevrolet, entre outros que seriam vendidos pelos estadunidenses na ilha. 


Fidel Castro, após a revolução, não devolveu os carros como queriam os estadunidenses, mas os cubanos ficaram com um problema: a falta de peças de reposição, o que logo resolveram fabricando-as, em Cuba.

O Ford T resiste ao tempo depois de receber motor Diesel e peças de várias marcas

Hoje, uma pequena parte desses carros, está como nova, a maioria deles circula em bom estado e uma quantidade menor ruim. 

O russo Lada que na época da União Soviética chegava a Cuba às dezenas continuam circulando como táxis

Todos funcionando como táxis, são o charme de Havana e proporcionam agradáveis passeios pela cidade. Há-os às centenas pelas cidades cubanas.

Este Dodge, 1952, é um dos carros antigos restaurados que operam como táxis, o P, na placa identifica-o como tal.

A maioria funciona com motores a Diesel, adaptados. Param nas portas dos hotéis e em locais turísticos, esperando pelos ávidos turistas desejosos de experimentar a sensação de passear num deles.


Os cinquentões, andam nas ruas ao lado de Mercedes-Benz, Audi e MG (poucos), Peugeot, Citröen, Hyundai, e dos Geely, além da grande frota de Ladas e outras marcas russas, também táxis, da época em que a extinta União Soviética, que garantia a retaguarda política comunista a Fidel, enviou para Cuba, a título de doação.

Novos carros foram adquiridos pelo governo e formam a frota de táxis, como o chinês Geely, que por ironia tem as mesmas cores dos táxis de Nova York.
O país, assim, evolui, com notório atraso, de pelo menos 30 anos, experimentando novas formas estranhas a um regime comunista que, na verdade, já perdeu a sua essência , ao permitir o empreendedorismo privado.


Hoje, em Havana e demais cidades existe uma quantidade significativa de restaurantes, sorveterias, lojinhas de souvenires, e pequenos comércios de bebidas e alimentos e feiras de artesanato - vi-as em Havana e Varadero - privados, que o governo teve de permitir para evitar o agravamento do problema social. 


O povo deseja que as conquistas sociais da revolução permaneçam, mantendo o excelente sistema educacional, o bom padrão de saúde pública e a segurança pública perfeita.


Cubanos e turistas andam pelas ruas a qualquer hora sem serem abordados por ladrões. 

Não há em Cuba - pelo menos em Havana e Varadero, onde estive - moradores de rua, nem crianças e adolescentes perambulando pelas ruas.


A questão de Cuba são os salários insignificantes que cubanos recebem, mensalmente, o equivalente a entre US$ 10 e US$ 17, além de cotas de alimentação que, todos são claros em afirmar, não chegam para mais do que 15 dias do mês.

Para cobrir essa lacuna grave em sua alimentação, quem pode trabalha no turismo pelas gorjetas (propinas) que recebem. 


Nos hotéis e restaurantes é comum sermos atendidos por engenheiros, economistas, professores que preferem trabalhar nessa área, onde recebem as gorjetas que garantem a complementação da alimentação da família.

É inegável, Cuba possui uma estrutura turística excelente. A marina de Varadero, por exemplo, muito bem organizada, bonita, moderna, eficiente, como não existe nenhuma no Brasil.


Ali, operam 14 catamarãs de grande porte que realizam os passeios pelas ilhas, com muita diversão a bordo, e 20 iates para pesca esportiva, e passeios, todos de propriedade do governo, adquiridos da França há 10 anos.


Cuba precisa de entrar numa fase de desenvolvimento urgente, e os cubanos esperam que os Estados Unidos levantem o embargo, o que poderá ser acelerado com a visita histórica, em março, do presidente Obama.


Varadero está com o turismo em crescimento visível com a construção de sete novos hotéis. 


A praia é belíssima e os hotéis, como o Melià Varadero oferece excelentes serviços. Enfim, a sugestão é que visitem Cuba. Fiz questão de conhecer o país ainda na era Castro.

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