Coluna Fernando Calmon
Nº — 1.341 — 8/3/2025
VW Tera, revelado por
inteiro,
chega ao mercado só
em maio
Estratégia aberta de pré-lançamento para criar expectativas é até comum no exterior, todavia pouco frequente no mercado brasileiro.
O Tera é um SUV compacto que divide arquitetura com o Polo,
automóvel mais vendido em 2024 e 2023 (perdeu para a picape Strada, um modelo
comercial leve). Revelação ou pré-apresentação no sambódromo ainda vazio do Rio
de Janeiro (RJ), foi no domingo de Carnaval, sem disfarces. Está em
pré-produção em Taubaté (SP), ao lado do Polo, para estrear dentro de dois
meses. Não só este, outros hatches, SUVs e até o Nivus, da VW, terão vendas
afetadas desde já pelo natural impacto da antecipação.
Inteiramente projetado aqui, pelo brasileiro José Carlos
Pavone, foi exibido na versão de topo e sem nenhum disfarce. Frente imponente
com capô elevado, luzes de rodagem diurna duplas, grandes entradas de ar
laterais, grade do radiador imponente e para-choque tão bem integrado que mal
se percebe.
A lateral tem desenho limpo, pronunciados arcos de rodas (de
17 pol.), colunas e portas traseiras em particular harmonia, barras de teto funcionais
(como no Kardian), teto preto, traseira com luzes de posição e de freio discretas,
tampa do porta-malas curta e para-choque minimalista, mas com efetiva proteção.
Bom porta-malas, cerca de 10% maior que os 300 litros do Polo.
A VW não adiantou especificações do Tera, contudo entre-eixos
é o mesmo do Polo — 2.566 mm — e espaço interno semelhante, porém melhor para
cabeças no banco traseiro. Há três alças de teto, duas portas USB-C atrás e
duas no console (todas de fácil acesso), além de carregador por indução para
celular com refrigeração regulável. Bancos dianteiros são os do Polo com novos
revestimentos, central multimídia é mais completa, painel e laterais de portas
têm aspecto muito bom. Há seis airbags e pacote de assistência ADAS.
Receberá o mesmo motor turbo flex do Polo: 1-L, 116 cv (E)/109
cv (G) e 16,8 kgf·m com câmbio automático de seis marchas. No total quatro
versões, incluindo uma de entrada com motor 1-L de aspiração natural e câmbio
manual.
Preço estimado: R$ 95.000 a R$ 135.000.
Sinal destes tempos: União Europeia relaxa emissões
Nada de retrocesso impensado. Apenas o reconhecimento dos
países da União Europeia (UE) de que, financeiramente, os prazos são inviáveis
para redução de emissões em motores a combustão e de investimentos simultâneos,
sem bases técnicas, de infraestrutura e econômicas em veículos elétricos. O
adiamento das exigências de 2025 para 2028, anunciado no começo desta semana
pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é apenas um
alívio temporário. VW, grupo Stellantis e Renault apoiaram a decisão de
imediato. A situação poderá exigir novas postergações.
Ecologistas protestaram com alarido de sempre. Estão no seu
papel, porém algo de racionalidade tornou-se mandatório. Políticos da UE acham
(ou achavam) que em 2035, por lei, só carros elétricos deveriam ser vendidos.
Escrevi mais de uma vez: nada mais irracional, pois não se muda todo um
complexo de produção em tão pouco tempo. Sem contar limitações imediatas, longe
de resolver: infraestrutura e tempo de recarga que dificultam as viagens,
alcance menor em velocidade típica de estradas, variações de temperaturas
ambiente, soluções caras de reciclagem de baterias, valor de revenda incerto,
entre outras.
Quem compra ou troca de carro precisa ponderar vários fatores.
Ocorreu um resfriamento súbito da demanda, logo que os governos europeus atestaram
a falta de lastro financeiro para manter subsídios e os retiraram. A transição
apressada só podia dar errado. Vendas desaceleraram e depois recuaram, no
último trimestre de 2024.
Várias marcas já tinham anunciado que voltariam a
desenvolver também motores a combustão, como Mercedes-Benz, Porsche, Audi e sem
contar as de alto volume de vendas. Japonesas, como a Toyota, deixaram claro
que manteriam o foco em híbridos e motores mais eficientes, sem esquecer dos
elétricos que são o futuro, sem data marcada. E estão certas.
Ataques cibernéticos à rede de recarga preocupam
Segundo o site americano Automotive News (AN), relatório
recém-divulgado da empresa Upstream, especializada em segurança cibernética
automobilística e mobilidade inteligente, ataques à infraestrutura de carregamento
de veículos elétricos aumentaram 39% em 2024 frente a 2023. “Quase três quartos
dos ataques às estações de recarga identificados pela Upstream envolveram
interrupções de serviço ou negócios. Na maioria dos casos, os hackers
conseguiram afetar a funcionalidade dos carregadores”, informou o AN. Embora se
trate de um caso de polícia nos EUA, traz alguma preocupação.
Mais estressado talvez esteja Elon Musk. Ele já enfrenta
forte queda de vendas da Tesla pelo aumento da concorrência na China, EUA e Europa,
além de atraso nos lançamentos. O maior fabricante mundial de carros elétricos
sofre agora com discussões e até brigas entre motoristas na sua rede própria de
mais de 30.000 pontos de recargas rápidas, depois que o governo americano
obrigou que as estações ficassem disponíveis para modelos de qualquer marca.
A fim de contornar esse problema a empresa vai criar um
aplicativo para organizar uma “fila” virtual de acesso aos carregadores. Pode
resolver, entretanto para quem já encara outras filas ou não gosta delas, uma a
mais — e virtual — certamente desanima.
Tiggo 7 Pro PHEV: estilo e economia destacam-se
O SUV médio da Caoa Chery, importado da China, teve boa
recepção de mercado no ano passado e a versão híbrida plugável do Tiggo 7 PHEV
chega agora por competitivos R$ 239.990. Deverá ser produzido ainda este ano
nas instalações do grupo brasileiro em Anápolis (GO). Pode ser reconhecido
pelas mudanças na dianteira: para-choque tem interessantes elementos diagonais
nas extremidades e grade com elementos diamantados, além de novas rodas de 18
pol. também com acabamento diamantado. Dimensões: comprimento, 4.513 mm,
entre-eixos, 2.670 mm, largura, 1.862 mm, altura1.696 mm e porta-malas de bons
475 litros. O tanque de combustível agora passou para corretos 60 litros.
No interior sobressaem tela integrada que totaliza 24,6 pol.
(quadro de instrumentos e multimídia), nova alavanca seletora de câmbio (tipo joystick) e comandos separados para
ar-condicionado de duas zonas com boa associação de botões capacitivos e
físicos. Há teto solar panorâmico e câmeras com visão de 360°. O pacote de segurança
é completo, com 10 funções
As duas baterias de 19,3 kW·h permitem alcance no modo
elétrico de até 63 km. E para um carro com massa em ordem de marcha de 1.822 kg
o consumo no padrão Inmetro é 36,9 km/l na cidade e 30,2 km/l, na estrada.
Contudo, no uso cuidadoso, essas marcas podem ser superadas em condições ideais
(pouco trânsito, velocidade constante), desde que o motor elétrico atue na
maior parte do tempo.
Motor turbo a gasolina de 170 cv/22,4 kgf·m e os dois
motores elétricos dianteiros de 174 cv/32,2 kgf·m entregam o total de 317
cv/56.6 kgf·m. Tração é sempre dianteira. O câmbio traz uma intrincada
combinação de três marchas físicas e oito continuamente variáveis. O resultado
final é muito bom, com aceleração de 0 a 100 km/em 6,8 s. Primeiro contato foi
curto (cerca de 20 km), dentro de São Paulo, mas demonstrou um conjunto ágil,
suspensões bem calibradas mesmo em asfalto irregular e baixo nível de ruído na
cabine.
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