Coluna Fernando Calmon
Nº 1.319 — 20/9/2024
Desvalorização de elétricos usados
impactam no crescimento de vendas
O comportamento do
mercado quando uma nova tecnologia começa a se desenvolver, costuma enfrentar
percalços que não podem ser previstos com facilidade em sua duração e alcance. Isso
se repete agora no Brasil em relação aos carros 100% elétricos na
comercialização de modelos usados. Comprar por impulso levou uma primeira leva
de clientes a ter frustrações com a recarga de baterias em estradas e colocar o
carro à venda sem encontrar interessados. O resultado foi uma forte desvalorização
no preço de mercado.
Uma segunda onda
ocorreu com a chegada dos elétricos chineses. Seus preços bem abaixo do mercado
levaram a uma previsível e súbita desvalorização de veículos usados de todas as
marcas. Para contornar a elevação do imposto de importação houve antecipação de
importação e altos estoques destes veículos. Uma “invasão” de marcas chinesas
com preços baixos levaram à atual onda de supertaxação tanto nos EUA quanto na
Europa.
Em recente
reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do portal Webmotors,
Eduardo Jucevic, informou que a desvalorização média ao longo deste ano de
modelos elétricos atingiu 12% contra 2,2% de carros convencionais. E acrescentou
que o tempo médio para venda é 26% maior em relação a modelos híbridos ou com
motores só a combustão.
Também na Europa e
nos EUA os compradores resolveram esperar os preços dos elétricos recuarem e isso
também levou à demanda em baixa. Por fim, o interesse redobrou por outras
soluções com a consequente mudança de rumo de vários fabricantes em direção a
híbridos e híbridos plugáveis. Estes últimos atraem quem deseja viajar sem se
preocupar com postos de recarga.
Porsche 911 Turbo: meio século de existência
Motor de combustão
interna, ciclo Otto, superalimentado por turbocompressor não foi primazia da
Porsche. Em 1962 o Chevrolet Corvair (não confundir com Corvette) apareceu com
esta novidade, já utilizada bem antes em motores de ciclo Diesel. Era uma
unidade motriz de seis cilindros horizontais, opostos três a três, arrefecida a
ar, 2,4 litros e apenas 151 cv. No entanto, a iniciativa não deu certo. A GM
insistiu e lançou o Oldsmobile Toronado, em 1966, com um V-8 turbo, logo
abandonado. Também houve tentativa da BMW, em 1973, no sedã 2002 Turbo e
retirado de linha dois anos depois.
Coube ao 911 em
1974, no Salão de Paris, insistir na solução. A Porsche costuma afirmar que foi
o primeiro motor turbo em automóveis de rua que deu certo. Inspiração veio dos
monstruosos (no bom sentido) modelos de competição 917/10 e 917/30 do início
dos anos 1970. As versões mais potentes, de 12 cilindros horizontais opostos
seis a seis e também arrefecidos a ar, entregavam inacreditáveis 1.085 cv para
corridas curtas da Série Can-Am, disputadas no Canadá e EUA, entre 1966 e 1974.
O primeiro modelo
batizado apenas de Porsche Turbo (930, no jargão interno) tinha um seis-cilindros
horizontais opostos três a três, arrefecidos a ar, 3-litros, 260 cv, 35 kgf·m, arrancava
de 0 a 100 km/h em espantosos (para a época) 5,2 s e velocidade máxima de 250
km/h.
Passou meio século de sua estreia e a maioria dos motores de
ciclo Otto atuais utilizam a mesma solução Turbo, até em modelos de entrada de
baixo preço. Só que o 911 Turbo continua a impressionar como poucos modelos superesportes
no mundo, já com arrefecimento a líquido, desde 1996. O motor atual biturbo, também
seis-cilindros horizontais, 3,7 litros, 650 cv e 81,6 kgf·m, acelera de 0 a 100
km/h em estonteantes 2,7 s e velocidade máxima de 330 km/h.
Preços competitivos para o Peugeot 208 2025
Reestilização para o ano modelo
2025 do hatch 208 marcou também o fim de linha para o motor EC5 de 1,6 L de
aspiração natural da própria Peugeot. Não havia mesmo porque mantê-lo em razão
das novas exigências de emissões e consumo, tendo à mão as unidades mais
modernas da Fiat e tudo sob o mesmo chapéu da Stellantis. Os motores de 1 litro
são de aspiração natural ou turbo, sem alteração de potência e torque, em relação aos aplicados nos Fiat.
O compacto francês,
produzido apenas em El Palomar, Argentina, recebeu modesta atualização visual
concentrada na parte dianteira: luzes DRL de LED em forma de "garra de
leão" (antes eram "dentes de sabre"), mudanças sutis na grade e
para-choque e o novo logotipo da marca que estreou no 2008. A versão
básica com câmbio manual Fiat de cinco marchas parte de um preço competitivo de
R$ 76.999 e não recebeu essas mudanças. Porém ficou R$ 15.000 mais em conta que
o modelo 2024, igualando-se ao valor do C3 básico, fabricado no Brasil, embora este
tenha apenas dois airbags e o 208, quatro.
Atrás as
modificações são ainda mais sutis. As lanternas agora têm elementos horizontais,
o que dá (apenas) sensação de maior largura, que permanece igual. No interior
mudou somente a interface da central multimídia de 10 pol.
Entre as outras três
versões volta a GT, idêntico
mecanicamente à versão Allure, e
os preços vão de R$ 88.999 a R$ 114.990.
Pirelli e Bosch integram pneus aos sistemas de segurança
Pela primeira vez um
fabricante de pneus e de autopeças juntam-se para ampliar sinergias e
desenvolver recursos eletrônicos de segurança ativa para automóveis. O objetivo
é integrar sensores internos nos pneus desenvolvidos pela Pirelli aos
dispositivos da Bosch. Estes, atualmente, já monitoram pressão dos pneus dentro
de um escopo mais amplo que a empresa alemã chama de Sistemas Microeletromecânicos
ou MEMS, na sigla em inglês
O objetivo é coletar,
processar e transmitir outros dados sobre pneus em tempo real, não limitados
somente à pressão interna. Para fornecer parâmetros ao sistema de controle
eletrônico do veículo, utiliza-se o BLE (sigla em inglês para Baixa Energia via
Bluetooth) já desenvolvido pela Bosch.
Por sua vez, a
Pirelli já aplicou seus sensores internos de pneus em atuação conjunta com a
fabricante de hipercarros Pagani, do argentino naturalizado italiano Horácio
Pagani. Este fundou a empresa em 1992 na cidade italiana de Modena, a mesma
onde são fabricados os Ferrari. O modelo escolhido foi roadster Utopia, de 860 cv e velocidade máxima de 380 km/h!
Spin tem visual melhorado, mas ainda falta potência
Praticamente o único
monovolume que resistiu ao avanço do SUVs no mercado, o Spin apresenta agora um
estilo mais atual e de acordo com o restante da linha Chevrolet. Capô alto, faróis
divididos em dois níveis, grade em três seções, novas rodas de 16 pol. com
pneus 205/60 e lanternas traseiras redesenhadas tornaram seu estilo mais atual
desde seu lançamento em 2012.
A fim de se
aproximar do figurino SUV recebeu arcos plásticos nas caixas de rodas e rack de
teto, além de vão livre do solo elevado em 16 mm. Dimensões externas: comprimento,
4.420 mm; entre-eixos, 2.620 mm; largura, 1.768 mm e altura, 1.699 mm. A
fabricante também teve o cuidado de alargar as bitolas dianteira (1.503 mm) e
traseira (1.509 mm) para compensar a altura de rodagem que alterou o centro de
gravidade e assim manter o equilíbrio do carro. Os aumentos de bitolas foram pelas rodas em vez de alterações na
suspensão. Porta-malas
destaca-se com 553 L e mesmo na versão de sete lugares ainda há 162 L.
Mudanças maiores
foram no interior, que incluíram novo quadro de instrumentos digital, tela
multimídia de 8 pol., acabamento geral melhorado e novos porta-objetos nas
laterais de portas. Há saídas de ar-condicionado para o banco traseiro, onde
três adultos têm bom espaço nas três dimensões e ainda contam com regulagem
longitudinal. Também houve atualização nos itens de segurança ativa: frenagem
autônoma de emergência, o sempre útil indicador de distância do carro da frente,
câmera de ré e os alertas de colisão, ponto cego e de saída de faixa. São seis
airbags. Para o celular há carregador por indução.
Alguns senões sobre
ergonomia interna: posição de regulagem dos espelhos na coluna dianteira, botão
de volume da multimídia, volante sem regulagem de distância e botões de
destravamento das portas mal posicionados no console.
O motor 1,8 L flex de
aspiração natural continua com 111 (E)/106 (G) cv e 17,7 (E)/16,8 (G) kgf·m,
porém a fábrica indica diminuição de consumo de até 11%. A massa em ordem de marcha
1.292 kg limita o desempenho do Spin, especialmente em ultrapassagens na
estrada, e mesmo no uso urbano ainda falta fôlego ao ser exigido.
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