Coluna Fernando Calmon
Nº 1.335 — 28/1/2025
Modelos mais vendidos em 2024
apontam para mudanças este ano
Acirramento da
concorrência é normal em mercado disputado como o brasileiro. Na tradicional
avaliação dos números anuais divididos por categorias e que analiso desde 1999,
houve poucas modificações. Apenas duas alterações de liderança: Mustang passou
o BMW M2 e os BMW X5/X6 superaram o Cayenne por uma diferença de apenas 13
unidades ao longo de 2024.
Em posições intermediárias
houve disputas acirradas: Onix x HB20; City x Dolphin (cujas vendas só
começaram no segundo semestre); Tracker x Creta; Renegade x HR-V x Fastback.
Outros líderes permaneceram sob forte pressão: Compass x Corolla Cross; Toro x
Hilux (esta imbatível entre picapes não monobloco); X5/X6 x Cayenne. Alguns,
entretanto, aparecem como líderes históricos: Corolla, 911 e Strada.
A presença de marcas
chinesas subiu em alguns segmentos e promete se ampliar em 2025, todavia
concentrada em nichos de elétricos e híbridos plugáveis, especialmente da BYD e
GWM. O Seal é um exemplo com nada menos de 81% de participação entre os sedãs
grandes que, no entanto, somaram apenas 4.364 unidades no total ou simbólico
0,2% do mercado de veículos leves.
Mudanças ocorrerão com avanço dos chamados híbridos básicos (ou semi-híbridos) que, facilmente, serão maioria no segmento que inclui híbridos plenos e plugáveis. Sedãs compactos e médios continuarão em trajetória descendente, enquanto SUVs de diferentes portes manterão crescimento.
Exemplo é o Corolla Cross ter superado
a versão sedã pela primeira vez no ano passado. E se repetiu entre X1 e Série
3. Já vendas de elétricos tendem a estagnar ou crescer bem pouco.
Ranking da coluna tem critérios próprios e técnicos com classificação por silhuetas em 16 categorias. Referência principal é distância entre eixos, além de outros parâmetros. Sedãs de topo (baixo volume) e monovolumes (poucas opções) ficam de fora.
Base de pesquisa é o Registro
Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Citados apenas os modelos mais
representativos dentro dos segmentos. Compilação de Paulo Garbossa, da
consultoria ADK.
Hatch subcompacto: Mobi,
46%; Kwid, 38%; Dolphin Mini, 15%. Mobi manteve folga.
Hatch compacto: Polo, 26%; Onix, 18,3%; HB20/X, 18,1%;
Argo, 17%; Yaris, 5%; C3, 4%; 208, 3,3%; City, 2,9%, Dolphin, 2,8%, Ora 03, 1%.
Líder tranquilo.
Sedã compacto: Onix Plus, 26%; Cronos, 19%; HB20S, 17%; Virtus,
14%; Yaris, 10%; City, 7%; Versa, 5%; Logan, 2%. Onix Plus ainda firme.
Sedã médio-compacto: Corolla, 68%; Sentra, 11%; King, 9%.
Corolla inabalável.
Sedã médio-grande: BMW Série 3/4, 67%; Mercedes Classe C, 19%;
Audi A5, 5%. Folga constante dos BMW.
Sedã grande: Seal, 81%; Panamera, 7%; Taycan, 5%. Domínio Seal
elétrico.
Esportivo: Mustang,
58%; BMW M2, 22%; Camaro, 26%. Americano bateu alemão.
Esporte: 911, 50%; 718 Boxster/Cayman, 40%; Corvette, 3%. Porsche
sempre à frente.
SUV compacto: T-Cross, 13%; Tracker, 11,1%; Creta,
11,%; Kicks, 10%; Nivus, 9%; Renegade, 8,6%; HR-V, 8%; Fastback, 7,7%; Pulse, 6%;
Tiggo 5x, 5%; Duster, 4%. T-Cross reagiu como líder.
SUV médio-compacto: Compass, 28%; Corolla Cross, 27%; Tiggo 7,
17%. Forte pressão sobre Compass.
SUV médio-grande: Song Plus/Pro, 22%; H6, 18%; SW4, 14%. Chineses
se impõem.
SUV grande: BMW X5/X6, 19,5%, Cayenne, 19,3%%; XC90, 12%.
Vitória BMW bem apertada.
Picape pequena: Strada, 56%; Saveiro, 24%; Montana, 13%. Strada
mais que tranquila.
Picape média (carga 1.000 kg): Toro, 24%; Hilux, 22%; Ranger,
14%. Liderança ainda sob ameaça.
Híbridos: Song Plus/Pro, 24%; H6, 20%; Corolla Cross, 15%. Song
com alguma folga.
Elétricos: Dolphin, 34%; Dolphin Mini, 24%; Ora 03, 10%. Fácil
domínio BYD.
Toyota abre caminho para motores flex na Índia
Embora os EUA sejam
o maior produtor de etanol no mundo (a partir de milho) e usem o combustível em
mistura com a gasolina, lá e universalmente batizado de E10 (E, de ethanol, em inglês, ou seja, mistura de
10% com gasolina), o Brasil é o segundo produtor mundial do combustível vegetal
(anidro e hidratado). Somos também o principal fabricante de motores flex que
podem usar desde E0 até E100. A Índia, porém, é segundo maior produtor de cana
de açúcar e quarto maior de etanol.
Daí o interesse da
Toyota do Brasil em apresentar, pela segunda vez, um sedã Corolla Flex híbrido,
no atual mais populoso país do mundo, desta vez no Salão do Automóvel de Nova
Déli, encerrado no último dia 22. Indianos mostram interesse em utilizar
etanol, tanto na mistura com gasolina quanto em motores flex. O país do sul da
Ásia vê com bons olhos o combustível vegetal pois admite uma longa e factível
neutralidade de carbono para 2070, ou seja, em 45 anos. Trata-se de decisão
inteligente em relação à grande parte do chamado primeiro mundo, atabalhoado
com prazos curtos demais.
Essa “pressa” tem
trazido frustrações e, no fundo, atrapalham caminhos serenos e bem planejados, que
deveriam pautar o crescimento ordenado de veículos com motores elétricos.
Abeifa: balanço positivo das vendas em 2024
Seis das dez marcas
que compõem a Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes
de Veículos Automotores) alcançaram crescimento em 2024. O percentual foi de
141%, porém a base comparativa muito baixa explica em grande parte números tão
vistosos, focados em veículos elétricos e híbridos, que apresentam hoje participação
limitada no mercado nacional. No total 104.729 unidades foram comercializadas,
das quais 1.683 produzidas no Brasil. A participação somada das associadas no
mercado nacional foi de 4,2%.
Marcelo Godoy,
presidente da entidade, admite incertezas sobre o ano de 2025. Ainda assim,
estima que este segmento deve crescer 5% em relação a 2024. Sua estimativa é de
que os elétricos subirão dos atuais 2% no mercado brasileiro de veículos leves
para 7% em 2030, previsão factível. Ele mostrou descontentamento em relação ao
aumento de imposto de importação e da perda de alguns incentivos estaduais
sobre elétricos e híbridos.
No entanto,
relembro, este é o cenário atual dominante no exterior, por limitações
orçamentárias dos países.
Um dos diretores da
entidade, José Luiz Gandini, disse que a alternativa é produzir no Uruguai. E
confirmou estudos para montagem do SUV Kia Sportage, seu modelo mais vendido,
no país vizinho, onde a empresa Nordex tem instalações de porte. E mostrou
otimismo pelo acordo fechado com a RX Global, organizadora do próximo Salão do
Automóvel, no complexo Distrito Anhembi, capital paulista, de 22 a 30 de
novembro próximos. Outros importadores, igualmente, ficarão estimulados a
participar do evento.
Grupo BMW terá 15 lançamentos em 2025
No ano em que
comemora 30 anos da chegada ao Brasil, com fábrica de automóveis desde 2014
(Araquari – SC), a BMW fará 15 lançamentos, incluídos os da marca inglesa Mini
e da divisão de motos com instalações em Manaus (AM) desde 2016. Sedã Série 3,
de fabricação catarinense, continua como modelo premium mais vendido no País e
o compacto X1, entre os SUVs. Em 2024 vendeu o recorde de 17.733 unidades (BMW
e Mini).
O grupo alemão, presidido no País pela mexicana Maria Escobedo, prefere não revelar previsão exata de crescimento das marcas para este ano, mas um intervalo de 3% a 5%. “Neste primeiro trimestre teremos o X3 M50, nosso primeiro híbrido básico com bateria de 48 V e o elétrico Mini Aceman.
O novo X5 PHEV, primeiro híbrido plugável
brasileiro, que estreou no ano passado, terá agora 12 meses completos de vendas.
Linha M, como um todo, avançou 50% em 2024”, afirmou.
Escobedo pontuou que
vai esperar desdobramentos do amplo acordo comercial, anunciado recentemente
entre Mercosul e União Europeia, para comentar sobre o futuro.
A BMW sempre
defendeu que forças de mercado devem decidir o futuro da eletrificação, sem
direcionamentos forçados. No ano passado, o grupo vendeu no mundo 2,45 milhões
de automóveis, dos quais 17% elétricos.
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