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quinta-feira, 20 de abril de 2017

Para quem quer comprar um carro agora, persiste a dúvida se chegou a hora. Resta a esperança de a classe política decidir trabalhar e aprovar uma agenda reformista de que o País tanto necessita.



Alta Roda            

Nº 937 —  20/4/17

Fernando Calmon


RECUPERAR SEM ARTIFICIALISMO



Esse agitado ano de 2017 no âmbito político, que ameaça atrapalhar a fundamental agenda de reformas econômicas do País, pode explicar certa dispersão entre apresentações e conclusões dos palestrantes do VIII Fórum da Indústria Automobilística, organizado pela Automotive Business, no último dia 17, em São Paulo. 

Deve-se reconhecer que fazer previsões de curto e médio prazo, em meio a tantas incertezas, é exercício difícil e sujeito a erros. 

Mas não deixou de atrair uma plateia maior que a do ano passado, ávida por saber se vai demorar a aparecer pelo menos uma luz no fim do túnel. Mesmo tênue.

Para quem quer comprar um carro agora, persiste a dúvida se chegou a hora. Resta a esperança de a classe política decidir trabalhar e aprovar uma agenda reformista de que o País tanto necessita. Se acontecer, a capacidade de reação do mercado pode ser maior do que se espera.

Guido Vildozo, da IHS Markit, pensa diferente. Indicou crescimento quase simbólico de vendas no mercado interno de veículos este ano: apenas 0,4%, ou seja, alinhado ao crescimento previsto do PIB do País pela pesquisa Focus entre cerca de 100 analistas de mercado. 

Está muito distante das previsões da Anfavea: em janeiro último esperava crescimento de 4%, em 2017 ante 2016. 

Quanto à produção, que inclui exportações, há também visões diferentes. Enquanto a associação dos fabricantes de veículos prevê alta de quase 12%, o Sindipeças acredita numa alta de apenas 3%.

Outro complicador é o fim do programa Inovar-Auto, em 31 de dezembro próximo. Novas diretrizes terão que ser implantadas pelo Governo Federal. 

Três premissas corretas, pelo que se sabe até o momento, estariam confirmadas: programa mudará de nome, perderá viés protecionista e lançará bases para 2030.

Sempre com visão crítica sobre a política quinquenal vigente, Letícia Costa, da Prada Assessoria, destacou dois importantes vetores em que o País ainda não se posicionou: carro elétrico e condução autônoma. 

“Definitivamente, precisa existir uma abertura para o mundo. É impossível o Brasil ser bom em tudo o que produz. Necessitamos de uma integração bem feita com foco sobre o que podemos fazer de forma competitiva e aquilo que não dá mesmo”, enfatizou.

Antônio Megale, presidente da Anfavea, foi mais longe: “Vamos produzir para 3,6 milhões de consumidores do mercado interno quando nos recuperarmos ou devemos atentar também para os 90 milhões que compram automóveis no mundo todos os anos?”

Entre os problemas de curto prazo terá de se encontrar uma solução para os fabricantes de modelos de maior preço e baixa produção que investiram em instalações industriais em território brasileiro. 

Será que vale a pena importar componentes e montá-los aqui sem agregar outras operações fabris? Com a escala atual de produção a conta não fecha.

E, no final, o economista Octavio de Barros, do Instituto República, reafirmou sua visão construtiva. 

Não arriscou números de recuperação mais rápida do mercado de veículos, porém chamou atenção para a queda da inflação, já evidenciada, e da taxa básica de juros (Selic) em patamares inéditos de baixa, sem artificialismo, até o final do ano. Bonança perfeita.
RODA VIVA

COMPARAR preços de veículos agora com os de 2013 obriga a considerar três variáveis. Valor médio do dólar em torno de R$ 2,00 (agora 50% mais), IPI rebaixado naquele período e, claro, a inflação acumulada. 

Há ainda um fator adicional: queda de produção e perda de escala. Na ponta do lápis houve aumento real, sem contar bônus atuais, inferior ao esperado.

VOLKSWAGEN alinhou o up! 2018 ao modelo alemão e acrescentou equipamentos. Novos para-choques aumentaram comprimento em 8,4 cm. 

Interior ganhou novo volante, instrumentos e, em versões mais caras, até filete de LEDs. Smartphone pode ter funções de computador de bordo. 

Para identidade frontal, TSI ganhou friso vermelho na grade e para-choque preto. Preços: R$ 37.900 a 57.100.

SEXTA geração do BMW Série 5 avançou nos recursos de direção semiautônoma, herdados do topo de linha Série 7. 

Alívio de 100 kg de peso, novo motor de 4 cilindros turbo (2 L/252 cv), além do 6-cilindros (3 L/340 cv) e aerodinâmica refinada (Cx 0,22) corroboram o lema da marca: prazer ao dirigir. Agora há estepe temporário. Preços entre R$ 314.950 e 399.950.

APESAR de mecânica e dimensionalmente não se afastar do Fit, Honda WR-V proporciona sensações parecidas às de um SUV compacto pela altura de rodagem e estilo próprio. 

Quase não toma conhecimento de buracos, quebra-molas e valetas. Aumento de peso impactou pouco no desempenho. Oferece alternativa ao HR-V, maior e mais refinado, em segmento importante.

MERCADO chinês é tão relevante para marcas premium, como a Mercedes-Benz, que o Salão do Automóvel de Xangai (18 a 27 de abril) marcará não apenas a estreia mundial do novo Classe S, topo de linha da marca alemã. 

Também está lá o sucessor do atual Classe A sedã ainda na forma de conceito, mas com linhas – bem ousadas – praticamente definidas.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

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