Nº 974 — 5/1/18
Fernando Calmon
ESPERAR PARA VER
Há grandes interesses ligados à conectividade de veículos.
Correlação de dados em tempo real entre carros, seus usuários e o meio ambiente
vão se transformar em novos negócios para toda a cadeia automobilística.
Nos
últimos três anos cresceu significativamente o número de carros conectados nas
estradas: mais de 5,5 milhões no mundo e cada um deles gera 25 GB de dados por
dia.
Esse valioso volume de informações não se restringe ao
veículo, sua rota, velocidade, desgaste de peças e componentes, mas também a
fatores externos como o ambiente em torno e as condições do tempo. Esse
conjunto conhecido como Big Data vai trazer alternativas reais aos negócios do
setor.
A prioridade atual dos fabricantes é direcionar a aquisição
de dados para aumentar a segurança. Ninguém, porém, desconhece a possibilidade
de que possam ser correlacionados e utilizados de forma a melhorar o
relacionamento com os clientes.
Por outro lado, a cadeia de serviços em que se
incluem as concessionárias terão novas oportunidades de aumentar seu
faturamento no mercado de pós-venda.
O faturamento mundial da indústria automobilística é de
aproximadamente US$ 3,5 trilhões (R$ 11 trilhões) por ano, dos quais 80% vêm
das vendas de veículos e 20% de serviços de manutenção (aftermarket).
Segundo o site inglês just-auto, a crescente
aceitação de automóveis conectados, semiautônomos e, em futuro mais distante,
autônomos se transformará em novas receitas para o setor. Especialistas chamam
essa fonte de Monetização de Dados.
Alguns analistas consideram que se trata de um segmento à
parte, com valor próprio estimado em US$ 1 trilhão nos próximos 10 anos.
Esse
novo modelo de negócio colocará foco em todos os aspectos da mobilidade desde
compartilhamento de carros, novos aplicativos, monitoramento e diagnósticos
remotos (essencial para que oficinas se preparem previamente para melhor
atender os clientes), navegação mais precisa em tempo real, até formas de
entretenimento a bordo de alta sofisticação.
Estarão abertas, assim, oportunidades também para os setores
de telecomunicações, companhias de seguro, locadoras e outros que gravitam em
torno dos veículos.
Todos vão querer morder um pedaço dessa maçã.
Monetização de Dados é o que levou a indústria automobilística
a acordar, ainda em tempo, para os avanços dos gigantes da telemática na seara
alheia.
Google, Apple e um pouco atrás a Microsoft não se contentaram em
adquirir, praticamente sem custos, as informações valiosas de seus clientes
individuais. Dentro de um automóvel as possibilidades aumentam
exponencialmente, como visto acima.
Ao partir da premissa de que a massa de dados obtida de um
carro conectado tem enorme valor, cooperação será a palavra-chave para exprimir
melhor as novas experiências.
Por enquanto, as conexões com smartphones por
meio de sistemas como Android Auto (Google) e CarPlay (Apple) são atraentes,
mas no futuro chegarão mais alternativas. É esperar para ver.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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