MECÂNICA ONLINE®
20 | JANEIRO | 2018 |
Suspensão: o desafio em manter
o contato dos pneus com o solo
Quando o assunto é segurança na condução de um automóvel todo mundo logo pensa no sistema de frenagem: freios, disco, fluido e pneus.
Mas já imaginou se fosse possível tentar frear um carro onde os pneus fiquem perdendo contato com o solo a todo instante? Seria muito complicado e o automóvel estaria sujeito a derrapar em qualquer curva.
É assim que começa o tema da nossa coluna de hoje, a suspensão e sua importante função de manter o contato dos pneus com o solo, garantindo boa dirigibilidade e estabilidade, proporcionando conforto para motorista e passageiros, aliada com a responsabilidade de absorver as irregularidades do solo.
Uma ondulação, por exemplo, faz com que a roda se mova para cima e para baixo sem alterar drasticamente a movimentação da carroceria.
Os componentes básicos de qualquer sistema de suspensão compreende molas, amortecedores, barra estabilizadora e os braços de apoio (bandejas).
Quem primeiro recebe o impacto de qualquer irregularidade com o solo é a mola. Ao ser comprimida a mola reage e, rapidamente, se distende.
São diversos tipos de molas. Pode ser em espiral, geralmente usada na suspensão dianteira e também pode ser empregada na parte traseira.
Temos o sistema de feixe de molas, utilizados nos caminhões, e o de amortecimento a ar, comum nos ônibus. Picapes geralmente usam o tipo misto, que utiliza mola espiral na frente e feixe na traseira.
Um tipo que ficou muito conhecida foi a suspensão de torção, utilizada na traseira do Fusca e Kombi, formada por uma barra de torção ou um feixe de lâminas.
Esse sistema deformava-se ao receber impactos, a barra de aço reta se torce sobre seu eixo longitudinal e reage para voltar à forma original proporcionando o amortecimento.
Segundo elemento mais importante no conjunto suspensão, o amortecedor funciona por meio de um sistema hidráulico com o objetivo de eliminar as constantes vibrações da mola.
A peça conta com um tubo de pressão e um reservatório com óleo, cuja uma pequena parte é preenchida com ar ou com gás nitrogênio.
Conforme o automóvel percorre trechos irregulares, a mola e o amortecedor absorvem os impactos e transmitem o mínimo possível à carroceria.
Na prática, o conjunto de amortecimento funciona com a passagem do óleo do reservatório para o tubo de pressão. Quanto maior a dificuldade dessa passagem, maior será a eficiência do amortecedor.
Em razão disso, quando a peça sofre um esforço repetitivo por longo tempo, tende a perder sua função, pois o óleo se aquece e perde parte da viscosidade (fica mais fino), tornando-se mais fácil de passar do reservatório para o tubo.
Antigamente os amortecedores eram de ação simples e operavam apenas em um sentido. Atualmente são de dupla ação, assim controlam os movimentos de compressão e expansão.
A barra estabilizadora interliga as torres da suspensão. O nome correto é barra anti-rolamento. A finalidade é neutralizar a inclinação da carroceria provocada pelas solicitações em curvas fortes.
Pela força centrífuga, o carro tende a baixar para o lado externo da curva, característica amenizada pela presença da barra – que aumenta a estabilidade.
O carro pode ter barra estabilizadora na dianteira ou na traseira, conforme o projeto do automóvel. Sua ausência ou mesmo o mau estado acarreta em inclinação acentuada do chassi. Na prática, isso pode resultar em derrapagens e acidentes.
Já os braços de apoio são dispositivos como tensores e braços triangulares (bandejas). Servem como suporte das molas e amortecedores, sendo o responsável pela fixação do conjunto da suspensão de cada roda à carroceria.
A diferença básica entre ambos é que o convencional utiliza dois braços triangulares dispostos em posições paralelas que, durante as oscilações, garantem a permanência da roda em posição perpendicular ao piso. Um situa-se na parte inferior e o outro, na superior.
Já o sistema McPherson substitui o triângulo superior por uma coluna estrutural com o amortecedor montado dentro da mola e a parte superior é fixada à carroceria por meio de batentes.
Mas qual a diferença prática? A suspensão do tipo McPherson leva vantagem por ter um custo mais baixo de produção, ocupar espaço reduzido e ter a manutenção simples, o que significa em menos gasto. De modo geral, a maioria dos carros conta com esse tipo de suspensão na dianteira.
A multilink, ou multibraço, é uma evolução do sistema duplo A. Temos vários braços móveis que se ligam a roda à estrutura do carro, dando maior liberdade ao projeto e à geometria de suspensão, o que também faz com que ela seja complexa.
Nela a roda não se movimenta apenas na vertical, mas também permite uma certa inclinação. Na prática, o carro ganha em apoio e aderência em curvas.
As suspensões independentes têm manutenção mais caras que as de eixo de torção. Há mais peças móveis e buchas sofrendo desgaste com o passar do tempo e, no caso das multilink, também é necessário serviço especializado: pode ser necessário o alinhamento também das rodas traseiras.
No carro mais vendido no Brasil em 2017, o Chevrolet Onix temos na suspensão dianteira o sistema tipo McPherson com barra estabilizadora, enquanto na parte traseira a suspensão é do tipo eixo de torção. A mesma configuração pode ser encontrada também no Hyundai HB20, Ford Ka, Renault Sandero e Volkswagen Gol.
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Tarcisio Dias é profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista, desenvolve o site Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) que apresenta o único centro de treinamento online sobre mecânica na internet (www.cursosmecanicaonline.com. br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.
Coluna Mecânica Online® - Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuída gratuitamente todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
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