Coluna Fernando Calmon
Nº 1.222 — 13/10/22
Rusgas na Aliança Renault-Nissan
sobre propriedade intelectual
Futuro da Aliança Renault-Nissan
está novamente em pauta segundo publicação do jornal inglês Financial Times (FT). O assunto
repercutiu esta semana em outros meios de comunicação na Europa. Não parece tão
grave em relação à crise que levou à prisão no Japão do brasileiro Carlos Ghosn
(ex-CEO da aliança) em 2018, seguida pela sua surpreendente fuga para o Líbano no
ano seguinte.
Agora, as conversas
de alto nível estariam supostamente ocorrendo em razão de uma disputa de
propriedade intelectual sobre motores a combustão interna (MCI). É algo
surpreendente pois, enquanto a eletrificação tornou-se irreversível, ainda há
espaço para avanços em um motor de quatro tempos (ciclo Otto) conhecido há mais
de 150 anos a partir de conhecimentos técnicos rústicos.
De acordo com o FT a Renault fez uma parceria com a
chinesa Geely (dona da Volvo) para melhoras em MCI e a Nissan alega já ter
acertado um acordo semelhante com a mesma Geely. Entretanto, a marca francesa,
dona de 43% das ações da fabricante japonesa, afirmou em comunicado oficial
estar em discussões bilaterais agora para “melhorias estruturais no intuito de
garantir operações e governança sustentáveis da Aliança”.
A agência Bloomberg
informou (sem citar a fonte) que a Nissan estaria investindo até US$ 750
milhões na divisão de veículos elétricos da Renault. Isso faria parte de um
movimento para reduzir gradualmente de 43% para 15% a participação da Renault
na Nissan. Como exigiria aprovação do governo francês, dono de 15% das ações da
Renault, não se sabe se seria factível.
As duas empresas
apresentaram planos de investimentos em eletrificação: Renaulution e Nissan Ambition
2030. Os crossovers Mégane E-Tech e Nissan Ariya compartilham a arquitetura
francesa CMF-EV. Os novos compactos Renault 5 e Nissan Micra previsto para
estrearem em 2024 também dividirão a arquitetura elétrica CMF-BEV.
Na América do Sul a Renault
anunciou investimento de 300 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão) na Argentina, sem
revelar o produto. José de Mendiguren, secretário de Indústria e
Desenvolvimento Produtivo daquele país, antecipou
que o veículo será a nova picape Oroch, hoje fabricada em São José dos Pinhais
(PR). A marca francesa informou “ainda não ter definido o modelo”, mas tudo
indica ser este mesmo em 2024. Talvez até ligeiramente maior que a atual Oroch para
enfrentar a nova Montana, a ser lançada no início de 2023.
Estas duas picapes terão porte claramente inferior à Toro, ao contrário das especulações.
Terceiro trimestre confirmou recuperação de vendas
O ano de 2022 não vem
sendo dos melhores no mercado de veículos novos. Embora o primeiro trimestre
tenha começado muito fraco com a escassez de semicondutores e falta ou atraso
de outros componentes, o segundo e o terceiro trimestres mostram que os números
de vendas continuam a subir. De 406.000 unidades entre veículos leves e pesados
no primeiro trimestre, o volume evoluiu para 585.000 unidades de julho a
setembro.
Na realidade, o
empate com 2021 já se considera um bom resultado frente às consequências da
pandemia da covid-19. Os custos subiram e os preços também. Taxas de juros
acompanharam a Selic e passaram de 20% ao ano em 2019 para 27% em 2022. Na
mesma comparação a inadimplência dos financiamentos escalou de 3,3% para 5,1% e
as vendas à vista atingiram 65% do total (51% em 2019). São todos fatores
limitantes.
O presidente da Anfavea, Marcio Leite, reiterou que 2022 não
será pior que 2021.
“Nosso número mágico é chegar a 2,140 milhões de unidades no
fim do ano. Como vendemos até setembro 1,503 milhão de veículos, precisamos
comercializar mais 637 mil. No último trimestre de 2020, por exemplo, em plena
pandemia emplacamos 684 mil, que é mais do que precisamos para bater a meta e
até crescer simbólico 1%. À época já havia falta de componentes, mas a escassez
de semicondutores ainda não tinha atingido o pico. Esse número é um desafio,
mas bastante factível”, afirmou Leite.
Previsões da Fenabrave abrem possibilidade um pouco mais otimista. O presidente da entidade das concessionárias, José Andreta Jr., aventa possíveis 2,216 milhões incluindo automóveis, comerciais leves, comerciais pesados e ônibus. Representaria evolução de até 4% sobre o ano passado.
Honda HR-V EXL foca em segurança e consumo
Sem dúvida, o HR-V
evoluiu em estilo. Manteve o jeito de SUV, mas ganha em ao menos três aspectos frente
à versão anterior: capô, desenho da coluna traseira e altura 20 mm menor. Um
filete de luz une as lanternas traseiras com belo efeito visual. A Honda
manteve a distância entre eixos (2.610 mm), inclinou em 2 graus o encosto do
banco traseiro, porém o espaço para cabeças ficou menor e o porta-malas diminuiu
83 litros (agora 354 litros/VDA).
O banco do motorista 10 mm mais alto oferece boa sustentação
lateral. Tela multimídia poderia ser maior do que apenas 8 pol. e há conexão
sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. Melhoraram também o acabamento
interno e os materiais; bancos são revestidos em couro. O pacote de segurança
ativa é dos mais completos: seis airbags, frenagem automática de emergência,
câmera no retrovisor direito com imagem na tela multimídia (pode ser apagada a
um toque do botão na extremidade da alavanca de seta para não atrapalhar a
navegação), faróis e lanternas de LED e controle de cruzeiro adaptativo com
estratégia para e anda. Há também freio de imobilização automático. Faltam
sensores de obstáculos dianteiros.
Na avaliação dia a
dia surpreendeu positivamente o novo motor aspirado de injeção direta, 1,5 L, 126
cv e 15,8 kgf.m (E). Apesar de 14 cv e quase 2 kgf.m a menos que o de 1,8 L
anterior, essa diferença quase não é notada em uso urbano. Há integração
perfeita com o câmbio automático CVT de sete marchas. Apenas em rodovias sentem-se
nas ultrapassagens situações em que o antigo motor ia melhor, especialmente na
retomada de 80 a 120 km/h. Há o recurso de selecionar a posição “S” no câmbio
para melhorar a resposta ao acelerador do novo motor, mas ainda assim não é
suficiente para igualar.
O ganho de consumo do
novo motor, em média, é de 12,4% segundo o Inmetro.
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