Coluna Fernando Calmon
Nº 1.223 — 20/10/22
Stellantis estuda expandir
suas marcas no Brasil
Ganho de musculatura
decorrente da fusão entre PSA e FCA que agregou 14 marcas (Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge,
DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram e Vauxhall) animou o Grupo
Stellantis, hoje o quarto maior fabricante de veículos do mundo (Toyota, VW e Aliança
Renault Nissan Mitsubishi são os três maiores), a focar com maior empenho cada
uma delas. Exceção é a Vauxhall que é como se chama a Opel na Grã-Bretanha.
No Brasil o movimento começou pela valorização da Abarth que estará numa
versão do SUV Pulse e deve estrear em novembro. A Fiat nem terá seu logotipo no
Pulse Abarth para que a grife esportiva fique mais conhecida.
Os rumores apontam uma expansão em direção a outras marcas do grupo, após
encontro recente em Paris entre executivos da Stellantis e representantes de
redes de concessionárias brasileiras. Nessas reuniões sempre há os mais entusiasmados
que consideram sondagens como algo já definido. Veja o que foi discutido:
·
Volta da DS. Essa marca de luxo
inicialmente com base em modelos Citroën foi comercializada no Brasil entre 2012
e 2016. Houve grande evolução na Europa e desde 2015 tem atuação independente voltada
para o mercado premium.
·
Retorno da Alfa
Romeo. A tradição de 112 anos não foi suficiente para se consolidar no Brasil.
Esteve no início da indústria automobilística brasileira com o FNM 2000 JK em
1960. Depois o Alfa Romeo 2300 fabricado em Duque de Caxias (RJ) e Betim (MG) de
1974 a 1986. Em 1991 voltou com o modelo importado 164. Apesar dos esforços da
Fiat (dona da marca desde 1986), a Alfa Romeo deixou o País em 2006. A força e
as sinergias da Stellantis poderiam transformar rumores em fatos.
·
Início dos trabalhos
para importar Opel. Já foi desmentido mais de uma vez e agora os estudos estariam começando.
A marca alemã era da GM que a vendeu para a PSA em 2017. Carros da Opel produzidos
aqui como Chevrolet foram a base do Opala (1968) e pelo menos outros 10 modelos
durante meio século, mas a GM não divulgou e nem importou qualquer produto co o
nome Opel. Está aí um bom desafio para a Stellantis.
·
Importação de
modelos Maserati. O importador oficial ainda é a Via Itália que trabalha também com
Ferrari, Lamborghini e Rolls-Royce. A Stellantis teria condições de assumir a
operação, em caso de interesse.
· Expansão nas vendas de elétricos e eletrificados Peugeot e Citroën. A partir de 2023 todas as concessionárias no Brasil poderiam comercializar estes modelos e não apenas em algumas capitais. Isso é factível e a assistência técnica poderia atender os clientes por regiões.
Salão do Automóvel de Paris perdeu força
Anos de ouro da
exposição francesa bienal aconteceram na primeira década deste século. Corredores
ficavam superlotados e a média de visitantes era de quase 1,5 milhão ao longo
quase duas semanas. Só de fabricantes de veículos eram mais de 60, além de produtores
de autopeças e empresas de serviço. Com o avanço da cobertura pela internet e
estratégia de fabricantes em antecipar novidades antes dos salões, o público ao
vivo foi encolhendo. Na última edição, em 2018, os visitantes já haviam
diminuído para um milhão.
Em 2020 a covid-19
obrigou o cancelamento. Em 2022 a exposição está aberta por apenas seis dias
até o próximo dia 23. Claro sinal do esvaziamento que atingirá não apenas Paris
como outros grandes salões (o de Genebra, por exemplo, vai migrar para Doha, no
Catar). Este ano há apenas 19 expositores, sendo três chinesas e uma vietnamita.
Marcas que sempre atraem os olhares como Ferrari, Lamborghini, Porsche e o trio
de ferro alemão (Audi, BMW e Mercedes-Benz) desistiram. Até mesmo a Citroën não
se apresentou este ano.
Os carros-conceito,
atrações em todos salões por projetarem o futuro, continuam em evidência, além
dos show cars. A Renault domina a
cena com quatro produtos elétricos: 4EVER Trophy, R5 TURBO 3E, R5 Prototype e Kangoo Hippie Caviar Hotel. Kangoo E-Tech elétrico
e o SUV Austral híbrido (talvez seja produzido no Brasil) completam as
novidades Renault.
Jeep Avenger, menor que o Renegade, tem versões elétrica e híbrida, sendo esta uma possível opção para produção aqui.
Audi lança híbrido plugável para dirigir sem
ansiedade
Para quem deseja
entrar na era da eletrificação pode ser desconfortável não vislumbrar a
possibilidade de viajar por qualquer rodovia sem planejamento prévio. Por isso
os híbridos plugáveis aparecem como aliados. Eles independem de uma rede de
recarga e preferencialmente com carregadores rápidos ou ultrarrápidos ainda pouco
comuns no Brasil.
O Audi Q5 Sportback TFSIe
tem um motor 2 L turbo a gasolina de 252 cv e 37,7 kgf.m e um elétrico de 143
cv e 35,7 kgf.m. A potência e o torque combinados são, respectivamente, de 367
cv e 50,9 kgf.m. Garantia de desempenho bem marcante (0 a 100 km/h em 5,3 s). A
velocidade máxima só com o motor elétrico é de 135 km/h (210 km/h com os dois
motores).
Pode ser dirigido com
o silêncio e a resposta instantânea do motor elétrico por cerca de 60 km. São
condições ideais de uso urbano nas grandes cidades. A recarga domiciliar é
feita em tomadas comuns ou por meio de um sistema de carregamento compacto para
garagem que vem de série. Regeneração durante as frenagens ajuda a recarregar a
bateria de 17,9 kWh e 381 V.
Além de muito espaço interno,
inclusive no banco traseiro apesar da curvatura no teto, o SUV cupê médio-grande
oferece posição de guiar perfeita. No quadro de instrumentos reconfigurável de
12,3 pol. o conta-giros não tem ponteiro. Foi substituído por uma estreita
barra horizontal que se desloca da esquerda para a direita.
Em uma viagem entre
São Paulo (SP) e Holambra (SP), com pouco uso dos freios, o motor a combustão
só entrou em ação de forma permanente com 51 km percorridos em trechos de
velocidade máxima permitida entre 100 e 120 km/h. A qualquer momento durante
uma ultrapassagem foi só pisar mais fundo no acelerador e os dois motores
trabalharam em conjunto instantaneamente.
A tração quattro ultra sob demanda transfere potência das rodas dianteiras para as traseiras conforme a necessidade e de forma automática, o que ajuda na economia de combustível. Nesta viagem o computador de bordo apontou média de 18 km/l.
Strada tem maior valor de revenda
Como já ocorreu anteriormente
veículos usados vêm-se valorizando em vez da normal depreciação. A escassez de
componentes, em especial chips semicondutores, diminuiu a oferta de produtos
novos (370.000 unidades em 2021 e 170.000 até o mês passado). O Selo Maior
Valor de Revenda (SMVR), da agência Autoinforme, entre 18 categorias apontou a Strada
como vencedora com 9,8% de valorização, seguida muito de perto pela S10 com
9,6% e o Macan, 9%.
Chevrolet teve quatro modelos apontados na pesquisa SMVR. Fiat, Renault Toyota e VW alcançaram duas indicações cada. O estudo é feito anualmente.
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