Coluna Fernando Calmon
Nº 1.229 —1/12/22
VW trabalha em sucessor do
Gol com um compacto híbrido
O projeto de um
compacto híbrido está em desenvolvimento, mas só dentro de dois a três anos chegará
às ruas. A VW não revelou se será apenas um híbrido “leve” do tipo alternador
reversível em motor de arranque. No entanto, para ter preço competitivo esta é
a solução mais viável, levando em conta o poder aquisitivo dos mercados da
América Latina. Uma versão híbrida flex verdadeira também se inclui nos planos,
considerando que o programa Rota 2030 exigirá limites bastante rigorosos de
consumo e emissões nos próximos anos.
Para criar o novo
produto, que aqui deverá se chamar Gol, os departamentos de engenharia do
Brasil, Índia e da Europa (no caso a Skoda, marca de entrada tcheca que pertence
ao Grupo VW) trabalham em parceria a partir da conhecida e altamente versátil arquitetura
MQB. Alexander Seitz, presidente executivo da marca para América do Sul e
Caribe, confirmou o projeto sem apontar em que faixa de mercado vai atuar e
outros pormenores.
Provavelmente se
trata de um hatch crossover (teto alto como o Fox) e aspecto geral de um SUV
compacto (a exemplo do novo Citroën C3). Deverá haver uma versão básica a preço
alinhado com Onix, HB20 e Argo, ou seja, na faixa de R$ 80.000 se estivesse
hoje à venda.
O Gol tem histórico
de 42 anos como o modelo brasileiro mais produzido, vendido e exportado. A
marca alemã colocou o Polo Track na mesma faixa de preço da versão
intermediária do hatch compacto, porém com motor flex aspirado de 1 litro e
caixa de câmbio manual de cinco marchas.
Last Edition do Gol marca a despedida do mercado como uma série limitada e numerada de
1.000 unidades, todas na cor vermelha Sunset, que já foram produzidas. Recebeu
um tratamento visual diferenciado com faixas, maçanetas, apliques e rodas na
cor preta também utilizada internamente no revestimento do teto e das colunas
dianteiras. Preço: R$ 95.990.
A milésima unidade
não será vendida. Saiu direto de Taubaté (SP) para a Garagem VW, na Ala 5 da
fábrica de São Bernardo do Campo (SP), com 58 veículos históricos de um total
de 100 carros preservados, inclusive protótipos que nunca entraram em produção.
Haval H6 será específico para o Brasil
Um SUV híbrido
plugável com 170 km de alcance no modo elétrico, já homologado pelo padrão
brasileiro NBR, coloca o modelo da chinesa GWM (Great Wall Motor) em posição
única no mercado tanto no Brasil quanto no mundo. O Haval H6 permite ir três
vezes mais longe sem utilizar a gasolina do tanque graças a uma bateria parruda
de 34 kWh. Esta é livre de cobalto e produzida pela subsidiária SVolt com
tecnologia diferente da concorrente BYD.
O protótipo
apresentado no Rio de Janeiro semana passada tinha todas as modificações
estéticas pedidas pela filial brasileira como a substituição de cromados por
acabamento em preto brilhante até no defletor de teto traseiro, rodas de 19
pol. com acabamento diamantado e uma barra iluminada horizontal unindo lanternas
e luzes de freio.
Interior oferece
espaço muito bom para as pernas de todos passageiros e motorista pela distância
entre eixos de 2.730 mm (concidentemente a mesma do Chevrolet Omega, um sedã
grande de 1992). Materiais de acabamento são de alta qualidade. Há conexão sem
fio para Android Auto e Apple CarPlay, carregador de bateria de celular por indução
de 15 W e cinco portas USB, mas o quadro de instrumentos e a tela multimídia
não estão entre as maiores do mercado. Destaque para o pacote de série completo
de assistência eletrônica ao motorista.
A GWM só revelou
alguns dados técnicos do H6. Há dois motores elétricos (um em cada eixo para
proporcionar tração nas quatro rodas sob demanda), além do motor 1,5 L turbo a
gasolina. Por enquanto, a fabricante informou apenas a potência combinada de
393 cv. No primeiro contato ao volante, em trajeto curto (14 km) de pistas
expressas, ficou a certeza de desempenho coerente com os quase 400 cv deste SUV
médio-grande. Suspensões e peso da direção, respectivamente mais macias e leve do
que o necessário, ainda não refletem as mudanças que estão sendo feitas na
China.
Lançamento previsto
para o final no primeiro trimestre de 2023. O preço terá como referência os R$
270.000 do BYD Song Plus. Porém, como a bateria do H6 é maior, poderá ficar
acima e dependente da cotação do dólar.
Mais elétricos no portfólio da BMW
O Grupo BMW,
incluindo a marca Mini, vai dobrar o número de modelos elétricos vendidos no
Brasil. Atualmente com cinco produtos (i3, i4, iX3, iX e Mini Cooper S E), a
empresa terá 10 modelos movidos a eletricidade ao final de 2023. Reiner Braun,
presidente do grupo para América Latina, adiantou as estreias do i7 e possivelmente
do iX1, sem revelar os três que faltam. Podem entrar nessa conta híbridos
plugáveis e o recém-lançado i4 M50 com dois motores elétricos que totalizam 544
cv.
Na linha de modelos
convencionais, a grande estreia será o novo M2. Braun ressaltou a importância
da fábrica de Araquari (SC), que produz carros de motor a combustão apenas e
trabalha em soluções de conectividade como a que realiza funções de uma chave
por aplicativo de smartphone. O executivo disse que Araquari está preparada
para produzir veículos híbridos e elétricos, quando houver demanda suficiente
para justificar o investimento.
A divisão M da BMW completa
50 anos em 2022. E comemora com uma série especial de 50 unidades do cupê 3.0
CSL.
BorgWarner produzirá
sistemas de bateria no País
O foco da empresa americana estará inicialmente voltado para baterias de ônibus e comerciais leves em sua fábrica de Piracicaba (SP). A produção começará em março do próximo ano, mas o índice de localização será baixo. A BorgWarner adquiriu em fevereiro último a alemã Akasol, especialista em baterias com diferentes tecnologias. Esse movimento indica a diversificação necessária para atender tanto o mercado atual (motores a combustão) quanto o futuro.
Produzir baterias no
Brasil é essencial para justificar a produção de elétricos no País. Uma fábrica
de veículos com motor a combustão pode ser convertida parcial ou totalmente
desde que exista mercado não focado apenas em nichos. Por isso se fala tanto em
“futuro eclético e não somente elétrico”. Isso vale igualmente para dezenas de
outros países.
As distâncias
continentais existentes aqui levam a dificuldades ainda maiores. No recente
Congresso SAE Brasil, entre vários debates, voltou a discussão de quem seria a
responsabilidade maior pela ampliação de postos de recarga no País, os
fabricantes de veículos ou as empresas de energia. Até o momento as parcerias
estão dando certo.
Para uma expansão
capilar as companhias de energia terão que se movimentar muito mais. Difícil é
tomar uma decisão que dependerá de uma queda substancial de preço das baterias
(e dos carros), fundamental para atrair compradores.
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