Nº 1.265 — 24/8/23
As muitas opções do Brasil para
ajudar a descarbonizar o planeta
Esse
tema foi muito bem debatido na 30ª edição do Simpósio Internacional de
Engenharia Automotiva (Simea), realizado na semana passada em São Paulo (SP)
com o recorde de 900 inscritos. "O Brasil e o futuro sustentável da
mobilidade" foi o escopo dos 60 trabalhos técnicos apresentados ao longo
de dois dias, além dos dois painéis com 23 palestrantes e moderadores.
O
presidente do Simea, Gastón Perez, foi enfático ao afirmar que enquanto outros
países têm apenas uma carta na mão para combater os efeitos do gás carbônico
(CO2), principal responsável pela elevação da temperatura média da
Terra e as consequentes mudanças climáticas, o Brasil conta com o equivalente a
várias outras cartas. Ele citou algumas como motor flex com etanol, biodiesel,
biogás e a energia elétrica gerada por fontes limpas o que torna viável a
produção de hidrogênio verde. Este é considerado o combustível definitivo e o
mais adequado com que o planeta poderá contar nas próximas décadas.
O
próprio etanol pode ser ponto de partida para pelo menos uma década à
frente gerar, por meio de pilha eletroquímica a hidrogênio no veículo, a
eletricidade para o motor elétrico deste, tendo como subproduto apenas água.
Essa é uma tecnologia inicialmente ainda bem cara, mas que já está sendo
estudada pela Universidade de São Paulo.
Não
se trata da única opção para obter hidrogênio. A eletrólise da água é outro
ponto de partida, mas exige grande quantidade de energia que não poderá vir de
fontes fósseis como petróleo e gás. Energia eólica e solar, além da hidráulica
em que o País já investe há décadas por meio de represas, são as soluções
adequadas.
Como
se abordou no Simea, em curto prazo será fundamental regular um mercado de
créditos de carbono, prestes a se tornar realidade. Finalmente o motorista
veria reverter para o seu bolso a contribuição ao clima do planeta, escolhendo
o combustível na hora de abastecer seu veículo com motor a combustão. Já existe
tecnologia para isso. Falta só a vontade política. Assim o País conseguirá uma
transição viável e inteligente para a mobilidade sustentável que muitos
almejam.
Ainda faltam
acertos sobre operação BYD na Bahia
BYD Sedan Hav EV
Esta é uma novela que já passou por vários capítulos, mas a fabricante chinesa BYD não dá nenhuma indicação de que vá recuar do investimento anunciado de R$ 3 bilhões no estado nordestino. Houve notícias equivocadas sobre a sua compra da unidade industrial de Camaçari (BA) que produziu modelos da Ford de 2002 a 2021.
Por fim, houve um acordo de “reversão da propriedade da fábrica de Camaçari para o Estado da Bahia”. A fábrica só tem as edificações, pois todo o maquinário foi retirado. A empresa americana espera ser indenizada pelas expansões com a fábrica de motores e câmbios que não estava no projeto inicial.
Fala-se em algo entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões, mas a avaliação
virá de uma instituição financeira do porte da Caixa Econômica Federal. Os
passos seguintes são a BYD se entender com o governo baiano, aceitar o valor e
assumir as instalações fabris.
Não se sabe quando as partes envolvidas vão bater o
martelo. Existe ainda uma briga política sobre a extensão do regime de
incentivos federais para o Nordeste e Centro-Oeste que terminaria em 2025, mas
que pode se estender até 2032.
A marca chinesa mantém sua previsão de no último trimestre de 2024 ter o primeiro modelo nacional. Como há décadas não existe mais exigência de conteúdo local mínimo, é factível.
A produção começará com o
híbrido plugável Song Plus que será equipado com motor flex, mas terá uma
bateria de apenas 8,3 kW·h. O segundo produto ainda está em definição, porém
tudo indica que a escolha do fabricante recairá sobre o elétrico Dolphin.
Fiat 500e tem vendas discretas, mas mantém o charme
Desde seu lançamento em 2021 por R$ 239.990 o elétrico que substituiu o icônico Fiat 500 teve seu preço reduzido para os atuais R$ 224.990 em razão da valorização do real frente ao dólar.
Ainda assim
o subcompacto 500e não deslanchou em vendas (393 unidades até agora) e se
mantém como um modelo de nicho, embora tenha fãs incondicionais.
Com apenas 3.632 mm de comprimento é fácil de estacionar, porém um entre-eixos limitado a 2.322 mm traz desconforto no banco traseiro para adultos com mais de 1,75 m de altura.
O porta-malas comporta
apenas 185 litros mesmo sem o estepe, pois utiliza pneus do tipo runflat.
Ao se rebater totalmente o banco traseiro o volume aumenta para surpreendentes
550 litros.
Seu alcance médio cidade/estrada é de 227 km, pelo
padrão Inmetro. O Fiat 500e, como todo elétrico, destaca-se pela agilidade no
para e anda do tráfego urbano, conforme avaliei. E ainda entrega duas
características interessantes.
Uma é tocar acordes da música do filme franco-italiano “Amarcord” (1973, de Federico Fellini) quando atinge 21 km/h para avisar sobre sua presença para pedestres e ciclistas. Quem está dentro do carro também ouve.
Isso só acontece uma vez após o primeiro uso do dia (para repetir precisa
desligar e religar a energização do motor). O silvo de advertência presencial,
obrigatório na Europa, é discreto e não incomoda os ocupantes do carro.
Outra função é o modo de condução sherpa (há
outros dois, normal e range) para
estender ao máximo seu alcance: limita velocidade a 80 km/h e desliga o
ar-condicionado sem alterar muito a capacidade de acelerar.
Resposta de
Inteligência Artificial (IA): “Sherpa é um termo técnico que se refere a um
grupo étnico que vive nas montanhas do Nepal e conhecido por serem excelentes
guias em expedições de montanhismo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário