Coluna Fernando Calmon
Nº 1.339 — 21/2/2025
Renault avança ao
confirmar
acordo com Geely
no Brasil
A colaboração muito próxima entre o conglomerado chinês Geely (dono de
várias marcas ocidentais como Volvo, Polestar, Lotus, smart, ZEEKR e Link
&Co) e a Renault não vem de agora. Desde 1998 há grande proximidade entre
as duas marcas, desde quando a empresa francesa comprou a Samsung Cars, na
Coreia do Sul. A própria Geely vendeu seus produtos aqui entre 2014 e 2016. No
ano passado, comercializou globalmente o total de 3,33 milhões de veículos,
enquanto Renault (somadas Dacia e Alpine) 2,3 milhões, pois saiu da Rússia em
2022.
O acordo internacional anunciado, dia 17 último, entre os dois grupos
mostra que o Brasil continua a atrair investimentos dos grandes grupos de
fabricantes de veículos. Embora ainda precise receber aprovações de praxe de
diferentes governos, o processo aqui deve ser bem rápido.
Bom lembrar que Renault e Geely são sócias em uma empresa para
desenvolver mundialmente trens de força de automóveis e utilitários leves: Ampere
(tração elétrica) e Horse (motores a combustão e câmbios). Esta última tem
instalações modernas em São José dos Pinhais (PR), onde a Renault produz também
veículos. Em 2024, a Horse foi identificada, separadamente, dentro deste
complexo da grande Curitiba (PR).
Há previsão de o acerto ser rapidamente posto em prática no Brasil. Novos
modelos híbridos e elétricos da Geely estarão nas concessionárias Renault,
talvez já neste primeiro semestre. Geely terá ainda rede própria de
concessionárias, quando o mercado nacional se expandir.
O movimento se assemelha ao anunciado recentemente pela Stellantis. O
grupo confirmou o início das vendas aqui, em breve, dos produtos da marca
chinesa Leapmotors, de sua total propriedade.
Apesar de a demanda por elétricos no mercado nacional ter tido queda
maior do que a observada no exterior nos últimos meses, acredita-se que comece
a se recuperar com início de produção local da GWM e BYD (também híbridos).
Outra chinesa, GAC, igualmente se movimenta.
Fusão Honda-Nissan: novos e confusos desdobramentos
Instalou-se a luta de narrativas e em questão de horas a conturbada fusão
entre as duas marcas japonesas para formar o terceiro maior conglomerado
mundial de fabricantes de automóveis, continua em pauta. Informações mudam
conforme vazam para diferentes fontes confiáveis como Financial Times (FT) e Bloomberg.
O que parece mais visível é a rápida deterioração de imagem do principal
executivo da Nissan. Makoto Uchida, após assinar um primeiro acordo em que
praticamente todas as posições-chave da possível futura empresa seriam ocupadas
pela Honda, resolveu mudar de posição. Ele afirmou que não aceitaria a
fabricante tornar-se simples subsidiária. Por sua vez, a Renault, que ainda
detém 36% das ações da Nissan, defende a renúncia de Uchida, segundo o FT,
embora Toshihiro Mibe, CEO da Honda, tenha preferido deixar de comentar este
assunto.
Outros rumores apontaram que a poderosa taiwanesa Foxconn estaria
cogitando investir na Nissan, embora sem objetivo de comprar suas ações
bastante depreciadas na bolsa de valores de Tóquio. Talvez esse fato tenha
animado Uchida. Por outro lado, a marca japonesa continua muita debilitada em
meio a um severo plano de corte de empregos e de investimentos. As últimas
notícias apontam a possibilidade de a Nissan fechar três fábricas, inclusive sua
maior na Europa, no Reino Unido.
Agora se especula que a Honda teria concluído pela pouca consistência da
escolha Nissan e-Power. Trata-se de um carro elétrico (Note), lançado em 2016, de
conceito diferente. Em vez de volumosas e caras baterias de grande capacidade,
energia é produzida a bordo por um gerador acionado por motor a combustão de baixa
cilindrada em rotação constante, cuja corrente elétrica vai para uma pequena
bateria (apenas como ponte) e desta ao motor elétrico. Também classificável de elétrico
de recarga interna (independe de tomadas), continua a usar gasolina, mas com
baixíssimo consumo.
A Nissan lançará dentro de dois anos uma nova geração deste tipo de
modelo, nos EUA. Uma resposta às contínuas incertezas que cercam o ritmo de
crescimento atual bem mais lento dos elétricos, até na China.
Prudente é esperar e assistir ao final dessa instigante novela.
Vêm aí nono e décimo airbags, agora para calcanhares
Automóveis caros ou
de marcas premium dispõem de até oito airbags: dois frontais, dois laterais,
dois de teto e dois de joelhos. Seus preços elevados garantem grande chance de
escapar com vida — ou ferimentos leves — de acidentes de alta gravidade
especialmente em estradas, onde velocidades médias são bem maiores do que no
trânsito urbano. Por fim, os carros poderiam ter até 11 ou 12 airbags ao se
incluírem os centrais, hoje já desenvolvidos.
A iniciativa partiu
da ZF Lifetec, renomeada divisão para sistemas de segurança passiva da companhia
alemã. Este inédito tipo de proteção para os pés fica debaixo do carpete e pode
ser colocado tanto para o passageiro quanto para o motorista. Apresentado como
Active Heel Airbag (Airbag Ativo para Calcanhares ou AAC, em tradução livre),
garante um ponto de impacto estável nos calcanhares, mesmo quando o banco está
recuado e os ocupantes adotam posição relaxada.
Nasceu das
conclusões dos testes de colisão em laboratórios. Segundo Harald Lutz, chefe de
desenvolvimento da empresa, “se o calcanhar não tiver um ponto de contato
adequado, o joelho não conseguirá se apoiar corretamente no airbag de joelho,
comprometendo sua eficácia. Há uma alta probabilidade de ferimentos graves nas
pernas e nos pés, sem esta proteção”. Isso adicionalmente reduz o risco de
lesões causadas pela torção dos pés do motorista ao baterem em estruturas como
o pedal do freio.
Ainda não há data
definida para esta nova proteção passiva estar disponível para fabricantes de
veículos, nem previsão de preço. Fundada há 110 anos pelo conde alemão Ferdinand Adolf Heinrich August Graf von
Zeppelin, inventor do famoso dirigível mais leve que o ar, a ZF atua também
para indústrias marítima, ferroviária e aeroespacial. Espera oferecer o AAC, possivelmente, dentro de três anos.
Ram Rampage Rebel ganha fôlego com novo motor
Picape de porte
médio e construção monobloco, mesma da Toro, tem conquistado uma parcela do
mercado pela imponência e estilo arrojado. Não chega, claro, a abalar a
liderança da Hilux, mas amplia as opções de escolha em um dos segmentos mais
disputados e rentáveis do mercado brasileiro.
Na avalição do dia a
dia, a exemplo todo modelo deste tipo e porte, apresenta restrições no uso
urbano, principalmente ao se procurar uma vaga para estacionar e limitações de um
diâmetro mínimo de giro de 11,9 m. O interior oferece acabamento muito bom,
tela multimídia de boa definição, roteador wi-fi e carregador de celular por
indução, entre outros.
Traz o novo motor 2,2
L turbodiesel que entrega potência e torque agora compatíveis com seu porte
para arrancadas rápidas e enfrentar subidas. São 200 cv e 45,9 kgf·m, contra os
170 cv e 38,8 kgf·m da versão anterior. Os 30 cv e 7,1 kgf·m extras podem parecer
pouco, mas fizeram a diferença no desempenho geral da Rampage 2025. Ganhou
fôlego adicional para ultrapassagens seguras. Aceleração de 0 a 100 km/h em 9,8
s, já estimado erro do velocímetro.
Encarou bem o off-road em terrenos desafiadores, como
lama, areia e trechos acidentados. Consumo médio de diesel foi um pouco melhor
(entre 5% e 10%) que o padrão de homologação de 10,6 km/l, urbano e de 13,3
km/l, rodoviário. Alcance urbano e rodoviário supera 600 km e 800 km,
respectivamente, graças ao eficiente câmbio automático de nove marchas e ao
tanque de 60 litros.
Preço: R$ 265.990.
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Ressalva: Valor atual do Hyundai Creta Ultimate 2025, avaliado na coluna
anterior: R$ 196.990,00
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