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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Coluna do Nasser comemora meio século de publicação ininterrupta e serviços imensos prestados à informação automotiva e automobilística no País. Roberto Nasser receba os parabéns do Blog e desejos de muito sucesso desta publicação que se confunde com a história automotiva brasileira


Coluna nº 4.417 - 1º de novembro de 2017
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Indústria automobilística, um longo olhar de 50 anos


Reprodução da 1ª Coluna. 50 anos.


Um dos dizeres no colecionar automóveis antigos, o antigomobilismo - neologismo no Dicionário Houaiss – define, o automóvel escolhe o dono - e sabe para onde conduzi-lo.

Válido para mim e minha vida profissional. No caso, um sofrido sedã DKW Vemag fez-me privilegiado observador de 50 anos da indústria do automóvel, levando-me às Olivetti e à banca de advogado especializado.

O residir em Brasília pós inauguração auxiliou muito. Não apenas pelo aspecto institucional, quando a autoridade do Executivo ou do Judiciário – o Legislativo tinha autonomia restrita no período – podia ser seu vizinho de porta, quanto pelo fato de o Plano Piloto reunir a maior concentração de carros nacionais, a frota mais nova do país. 

Era consequente ao incremento à renda do funcionalismo transferido e do início da democratização do automóvel. Havia a considerar, era a única cidade do país onde o esporte preferido era o automobilismo.

Agente de evolução, o motor do gasto Vemag azul, de teto prata, foi submetido a receita publicada numa revista. Dois sem-noção, o agora saudoso Aruí Pinheiro de Souza e eu, cometemos doméstica​ tentativa para melhorar seu rendimento.

Se deu certo? E podia? Era uma mão de obra para funcionar. Primeiro, tirar as velas de gama térmica fria e colocar as quentes. 

Virar o arranque sem acelerar; depois, com o afogador puxado; ao pegar, mantê-lo afogado até ameaçar morrer inundado de gasolina. Aí, leve pressão no acelerador e um minuto com o pé suave para limpar o excesso de combustível. 

Após, desligar o motor e trocar as velas quentes por outras médias. Repetir o processo, esperar o marcador de temperatura iniciar seu caminho pelo quadrante; desligar; trocar as velas pelas ditas frias. Aí, então, podia-se apontá-lo para a Universidade de Brasília.

Era coisa de 15 minutos toda manhã, com filtro de ar e ferramentas sobre a grama em frente à portaria social do bloco K, mãos sujas e o formidável cheiro do Castrol R, lubrificante para corridas, amostra olorosa e de intimidade com o ambiente esportivo.

O Ari Cunha, hoje condômino e vice-presidente dos Diários Associados, era editor do Correio Braziliense, vizinho no primeiro andar – e compulsório participante pelo barulho, fumaça e odor da mistura gasolina+óleo queimada. 

Um dia, saindo do prédio, ao me cumprimentar, falou: "- Se você escrever a metade do que faz em mecânica, precisamos de você no Correio. Quero fazer uma coluna sobre automóveis." Foi na manhã da segunda-feira, 30, outubro, 1967.

Na quinta-feira, 2, novembro, feriado de Finados, saía a primeira. José Hélder de Souza, editor do segundo caderno, alma boa atrás de cara brava, recebeu-a, sequer retocou. Começou assim, há 50 anos.


Cenário
Época de muitas mudanças, encerrando-se o segundo ciclo de motorização no país. O governo revolucionário mudou as regras de instalação, cancelou o projeto de criar carros brasileiros por empresas nacionais e fomentou sua venda. 

As então nacionais Willys, Vemag, Simca, FNM passaram a controladoras estrangeiras – Ford, VW, Chrysler, Alfa Romeo. 

A ​Coluna ajudou a ​moldar minha vida e especialidade como advogado após formado. Em início, era indefinida em espaço e periodicidade, mesclou cobertura do tema, lançamentos de novos participantes, e movimento de corridas. 

O novo ciclo incluiu lançamento do motor VW 1.300, apto a expandir cilindrada, insuflou preparação, construção de protótipos, novos pequenos fabricantes com a arquitetura mecânica Volkswagen. 

Não era bem-comportada. Era palpiteira, crítica, personalista, escrita na primeira pessoa do singular, num auto desafio: fazer cobertura tão bem informada quanto os jornais cariocas e paulistas, onde à época estavam as indústrias de automóveis. 

Caminhões não eram tema, por coerência e falta de vivência ou leituras específicas. Isto mudou num dia, chegado da UnB para entregar meu texto na redação, o dito Zé Hélder informou ser necessário dar mais cobertura a caminhões. 

Não entendo disto – como se entendesse de automóveis ... - expliquei. Não posso fazer. É ordem do Edilson, explicou. Edilson, para ele, dr. Edilson Cid Varella para mim, presidente da S/A editora do Correio. 

Conhecia-o com superficialidade. Morávamos na mesma quadra, meus pais e ele tinham amigos em comum. Fui à sua sala, recebido sem complicações, expliquei não poder atender ao pedido. 

Ganhei aula gentil: Caminhões podem ser bons anunciantes, e os anúncios é que pagam as contas, até o seu salário. Assim, se você não entende, gostaria de ponderar que passe a entender. Entendi a ordem. Foi um outro DKW Vemag na minha vida. O conhecimento absorvido teve resultado impensado. 

Após laureado em Direito saber do que falava ajudou-me a conquistar clientes do ramo, e, para estes, obter medidas legais como o aumento do comprimento dos caminhões, do peso bruto sobre eixos, reclassificação fiscal, por aí.

A operação automobilística no Brasil tem marca mundial: a rentabilidade elevada, desde sempre. Teve até CPI na Câmara. E outra, escolhas de produto nem sempre felizes. Ford é bom exemplo: o Gálaxie, então modelo de mais luxo no País, foi um tiro n’água: nunca decolou, seu maior ano de vendas foi o do lançamento. 

Terceiro produto, o Maverick, insistiu na escola norte-americana, quando o desenho do País mudara às preferências europeias, como mostrava o Corcel, um Renault. Companhia, a primeira a vir para o País, quase deixou-o na década de ’80, mantendo-se associada à Volkswagen sob o rótulo de Autolatina. Da liderança hoje trópica do quarto lugar para baixo.

De operações industriais,​ três têm especial relevo: a Fiat revolucionou com o motor transversal e itens pouco sabidos, especificações em folgas e tolerâncias. 

Mostrou como o País estava atrasado no convívio com os automóveis. Os óleos lubrificantes de então tinha classificação limitada a SD – hoje está próxima ao final do alfabeto. 

Outra conquista como advogado. Das novas, o ciclo Toyota deflagrador de qualidade no País, e a surpreendente Hyundai e o HB20, o mono produto mais vendido do País.

Período rico em mudanças, e a utilização do álcool como combustível foi oportunidade perdida em liderar produção e tecnologia mundiais. 

O governo federal não o tocou como questão de Estado, mas apenas como de varejo. Daí, sabemos produzir. Usar, não!

Nossos veículos são inquestionavelmente resistentes – é o grande know-how nacional -, mas a indústria do automóvel é tratada como coisa isolada, sem integrar planos de governo. 

Usa alíquotas anti-importação em seu limite máximo para impedir a sadia concorrência dificultando a entrada dos importados, cultivando a ineficiência, rentável aos fabricantes, lesiva ao País. 

A última aventura, o Inovar-Auto, nada inovou ao permitir montagem de veículos com percentuais de nacionalização idênticos aos praticados ao início dos anos ’50, antes da implantação da indústria automobilística. 

A abertura dos portos à importação, pensada desde o governo Sarney, corporificou-se com o de Collor. Ato de coragem, acabou travado pela aplicação de taxas em seu teto máximo.

A presença dos importados a preços inicialmente competitivos acabou com as pequenas indústrias locais, usualmente utilizando plataforma VW. 

Sem voz corporativa não quiseram negociar forma de sobrevivência e acabaram se estiolando. Sobrou a única com projeto completo de produto e construção, a Gurgel. 

No governo Itamar, sucessor, criou-se a fórmula do carro popular, com motor 1,0 litro, para dinamizar vendas e produção. Solução política de razões esvaídas no tempo sobrevive. A Gurgel foi-se num embrulho não explicado.

Dentre as conquistas nacionais, inequivocamente quem puxa a fila do orgulho são os pilotos de corridas. Entre o Brasil instalar a primeira indústria e produzir o primeiro campeão mundial de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi, em 1972, decorreram apenas 15 anos. 

Temos oito títulos na categoria – 2 de Emerson; 3 de Piquet; 3 de Senna -, inúmeros em outras categorias. Brasília detém a maior quantidade de pilotos de Fórmula 1 por população ou área: 2 de Piquets, 1 de Alex Ribeiro, 1 de Pupo Moreno. 

E fizemos um carro de Fórmula 1, o Copersucar Fittipaldi, criticado como tudo brasileiro, mas à época com resultados superiores a equipes tradicionais, Ferrari inclusive. Brasil desperdiça talentos sem política de desenvolvimento tecnológico pelas corridas.

Gente

No período observado, o​ setor teve gestores marcantes, em especial os responsáveis por sua implantação num país sem vivência ou infraestrutura; prazo para atingir 90% de nacionalização – sem indústria de autopeças. 

Depois, também, e destes, ao meu ver o de maior proeminência foi o recentemente desaparecido Wolfgang Sauer, da VW – a Coluna atropelou os jornais paulistas e deu sua indicação como furo -, fazendo a transição do velho Fusca para os motores modernos e dianteiros; trocando Passats por petróleo iraquiano; exportando Voyages aos EUA. Mais recente, Cledorvino Belini, em processo de longo prazo, fazendo o impensável: tornar a Fiat líder no mercado local – única liderança no mundo -, extremamente rentável. 

Das muitas autoridades talvez o engenheiro Celso Murta, presidente do Contran, tenha sido o mais profícuo: levei a ele sugestões para tornar obrigatórios o uso de capacete por motociclistas, e de cinto de segurança por motoristas e passageiros – aceitou, tornou-as regra, salvou muitas vidas.

Coluna me levou a ser o redator da parte de automóveis na CPI do Consumidor, na Câmara dos Deputados, e à oportunidade de sugestões de segurança veicular posteriormente adotadas.

De líderes setoriais a quatro dedico especial referência: Alencar Burti, da distribuição de veículos, incansável em visão social; André Beer, da indústria automobilística. 

Quando presidente da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, defendia a causa brasileira, e após sua gestão, para o governo permanecia como referência em confiabilidade, como também o era o advogado Célio Batalha. 

Célio foi-se muito novo quando presidia a entidade – uma das melhores pessoas que tive a sorte de conhecer e privar. Hoje deve ser santo sem diploma. 

O engenheiro Rogélio Golfarb, também ex-presidente da Anfavea, tenho como o sujeito mais preparado no mesclar indústria e economia. Fiz amigos, contatos, conhecidos, gente boa de trocar impressões e conhecimentos.

Coluna teve projeção nacional, integrando prêmios e juris sobre produtos, como o da Abiauto e o Auto Preferita. Internacionalmente, o da FIPA de jornalistas latino americanos, e o International Engine of the Year. 

Neste, dentre os quatro jurados brasileiros, sou o único não-engenheiro. Minha biblioteca, supera 10 mil livros do setor, ajudou muito.

No Correio, a Coluna se transformou no Jornal do Automóvel, caderno especializado. Em paralelo e por pequena sociedade, foi desafio para escrever no JOSÉ, jornal da semana inteira, marcante semanário sobre política e atualidades. 

Mesmos temas, público mais pontual, abordagens e redações diferentes. Após, iniciou-se período de expansão, com a Gazeta, em Vitória, ES; com a Gazeta de Alagoas; depois no Jornal de Brasília e na Gazeta Mercantil. 

Hoje, está em 45 veículos diferentes e tem médios 10 milhões de acessos mensais. Muito? Pouco? Números impensáveis há pouco tempo, e com certeza aumentarão.

Num balanço, tenho convicção de tê-la feito socialmente útil, honesta com o leitor em busca de informação, e com direito a medalha por assiduidade: nunca deixou de sair, nem férias, nem hospital, nem UTI a detiveram.

Ricardo Reys, o chileno conhecido como Pablo Neruda, tem livro interessante, Confesso que vivi. Modestamente atrevida, a Coluna diria: Confesso que vi.


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As estradas falam, a Mercedes ouve – e é Top of Mind Um dos melhores slogans para definir o projeto de uma companhia – As estradas falam, a Mercedes-Benz ouve -, indica a ação de ouvir operadores de transporte e adequar produtos às sugestões dos profissionais. 

A marca tem feito mudanças em seus caminhões, criado caminhos para facilitar a manutenção baixando custos de peças, criando facilidades para usuários. 

E sua iniciativa, forte marca da gestão de Philipp Schiemer com vice presidência de Roberto Leoncini, tem fornecido resultados numéricos e institucionais. 

Deste, um dos mais importantes é o prêmio Folha Top of Mind edição 2017, organizado pelo jornal Folha de S Paulo, abrangendo pesquisa nacional. 

Nela, a Mercedes-Benz é a marca de caminhão mais lembrada do Brasil. Neste ano, a Mercedes foi indicada por 22% - mais de 1/5 do universo pesquisado, 7.300 pessoas, 220 cidades – com pergunta espontânea: Qual a primeira marca de caminhão que lhe vem à cabeça? A segunda colocada ficou 10 pontos percentuais abaixo.

Schiemer, modesto no comando da recuperação da Mercedes após a enorme contração de mercado, situa o resultado como consequente ao atendimento das expectativas dos clientes e de todos os ligados ao setor de cargas, trabalho conjunto da marca, da rede de concessionários e parceiros.

Marca tem inovado em produtos, peças, serviços e conectividade, e ao fazer o sugerido pelos clientes e receber o Top of Mind crê estar no caminho certo.


Mercedes Benz Top of Mind 2017 

________________________________________________ edita@rnasser.com.br 



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