Nº 968 — 23/11/17
Fernando Calmon
INDISPENSÁVEL
INSPEÇÃO VEICULAR
A maior cidade do País, São Paulo, costuma ser um grande
laboratório de experiências a céu aberto. Em termos de poluição do ar não é
exemplo para todo o País, porém algumas decisões tomadas no passado tentaram
amenizar o problema.
Uma, indiretamente, foi o rodízio por final de placas para
reduzir congestionamentos nas horas de pico. Decisão discutível que gerou
várias distorções, entre elas o aumento de circulação de veículos de gerações antigas
e poluidoras.
Outra decisão pareceu acertada. A Inspeção Técnica Ambiental
(ITA) foi implantada em 2008 na capital paulista. Infelizmente começou errada
ao inspecionar só veículos de fabricação recente, nos dois primeiros anos. Foi
logo interpretada como meio de arrecadar dinheiro rápido e fácil, desvirtuando
objetivos.
Esta Coluna se posicionou a favor da ITA, desde que seguidos
os padrões mundiais. Apenas carros com mais de três anos de uso (quarto
licenciamento) deveriam ser inspecionados; depois, de dois em anos até o nono
ano de fabricação (décimo emplacamento); a partir do décimo ano, os veículos se
submeteriam a inspeções anuais.
Esse arranjo estimula a renovação da frota com
modelos menos poluentes. Motocicletas e veículos a diesel, claro, obedeceriam a
intervalos menores.
Em 2014, o prefeito Fernando Haddad deixou de renovar o
contrato da empresa responsável Controlar. A volta da inspeção estava prevista
para o ano seguinte, de acordo com o cronograma acima citado, mas nunca aconteceu.
Agora, o atual prefeito João Dória anunciou um projeto para retornar a ITA, no
final de 2018, no cronograma correto. A intenção é isentar a taxa de inspeção
de toda a frota. Isso faz pouco sentido, salvo talvez para modelos com mais de
10 anos de fabricação como estímulo aos proprietários.
Outra dificuldade é evitar que veículos emplacados em outros
municípios continuem a colaborar para a poluição na capital. Correto seria todo
o Estado de São Paulo aderir: há planos meio confusos.
Contudo implicações políticas
– repetidas em outras unidades federativas – impedem a inspeção em nível nacional.
Inconcebível a frota brasileira efetiva de 42 milhões de veículos dispensar
controles ambiental e de segurança, à exceção da inspeção sofrível do Estado do
Rio de Janeiro.
A prefeitura da cidade de São Paulo pretende multar carros e
caminhões de outros municípios e Estados que cruzem a cidade, rotineiramente,
sem terem sido inspecionados.
Existe a disposição de liberar quem realmente
está apenas de passagem, em número de dias por ano a definir, por meio de uma
rede de câmeras com registro automático de placas. Não é impossível, mas
acrescenta complexidade.
O cerne da questão está nos políticos. Acham que perderiam
votos de proprietários de veículos mais antigos, de menor poder aquisitivo e
menos propensos a cuidar de emissões e itens de segurança.
No entanto, essa
omissão custa caro à sociedade tanto no aumento de acidentes quanto na saúde.
Um problema que tende a se agravar, pois a frota continua a crescer mesmo nesses
anos recentes de recessão econômica. Uma campanha inteligente deveria explicar a todos os
benefícios (de segurança e ambientais) da inspeção.
RODA VIVA
Volkswagen mostrou o sedã Virtus, em São Paulo, em prévia
para jornalistas e alguns titulares de concessionárias, dois meses antes do
lançamento nacional previsto para 21 de janeiro, segundo fonte da Coluna.
Com
frente idêntica ao Polo, mostra silhueta elegante e amplo espaço para pernas no
banco traseiro. Porta-malas de 521 litros é um dos maiores do segmento.
Herbert Diess, presidente mundial da VW, em rápida passagem
pelo País, admitiu que só um plano audacioso (20 lançamentos até 2020) e de renovação
tecnológica, como o atual, pode levar a marca de volta à liderança no Brasil.
A
filial também se beneficiará da taxa cambial, agora competitiva, para exportar ainda
mais. “Não desistimos do Gol; aguardem”, afirmou.
Volvo XC-60 comprova o esforço dos suecos em se aproximar de
marcas premium, em especial as alemãs. Destaca-se o interior bem projetado,
além da central multimídia superdimensionada e interativa.
Motor 2.0 Turbo
gasolina (254 cv) nada deixa a desejar aos rivais. Falta, contudo, suspensão
mais bem calibrada e capaz de dar firmeza, sem ser ruidosa.
Toyota continua com estratégias ambiciosas em relação ao
híbrido Prius, que acaba de completar 20 anos de mercado no mundo (no início,
restringiu-se ao Japão).
Depois de exposição temática no Parque Villa Lobos, em
São Paulo, já não esconde o forte propósito de fabricar o modelo em São
Bernardo do Campo (SP). No caso teria motor flex associado ao elétrico.
Iniciativa da Bosch, na Alemanha, em prol da melhoria da
qualidade do ar nas grandes cidades, procura convencer as autoridades
metropolitanas de que, apesar do arsenal técnico do conjunto da indústria automobilística
(marcas e seus fornecedores) em plena ebulição, há necessidade de fazer mais.
Empresa sugere planejamento e gerenciamento de tráfego apurados.
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fernando@calmon.jor.br
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