Coluna Fernando Calmon
Nº 1.218 —15/9/22
Fastback destaca a Fiat no
concorrido segmento de SUVs
Passaram-se quatro
anos desde a apresentação no Salão do Automóvel de São Paulo do conceito Fiat
Fastback. Mas agora a marca italiana, ao lado do Pulse lançado em outubro do
ano passado, tem um novo produto bastante competitivo no segmento dos SUVs
compactos. O Fastback apresenta estilo diferenciado e um desenho que se destaca
dentro deste segmento como um SUV-cupê. O teto tem uma caída suave
relativamente longa e as lanternas traseiras não precisam ser tão largas como
no passado pela eficiência luminosa dos LEDs.
As portas, herdadas
do Cronos, receberam um vinco ligando as maçanetas. As rodas de 18 pol. de
diâmetro têm desenho próprio para cada uma das três versões: Audace, Impetus e
Limited Edition Powered by Abarth (esta, na realidade, terá venda normal e não
limitada como sugere o nome e nem preparação específica Abarth). Na frente a
grade preta é imponente. Faróis são de LED e as luzes de rodagem diurna (DRL)
têm função também de sinalização de mudança de direção, mas trocando para a cor
âmbar.
A distância entre
eixos de 2.533 mm, 12 mm maior que a do Cronos/Argo, oferece espaço bom para as
pernas no banco traseiro. Neste só pessoas com mais de 1,80 m de altura roçam a
cabeça no teto. O volume do porta-malas de 516 litros (referência VDA) é, de
longe, o maior entre os SUV compactos, graças ao comprimento do SUV de 4.427
mm.
No interior
destaques para console elevado, bancos exclusivos do modelo, número de
porta-objetos, tela multimídia de até 10,1 pol. com espelhamento sem fio para
Android Auto e Apple CarPlay, carregamento de celular por indução e freio eletromecânico
com função de imobilização automática (auto-hold). Sistema de conexão
com celular oferece mais de 30 funcionalidades, inclusive agendamento de
serviços nas concessionárias.
Os motores são sempre
turbos com caixas de câmbio automáticas. O de 1-litro, das versões de entrada e
intermediária, entrega 125/130 cv e 20,4 m·kgf, com câmbio CVT de 7 marchas. A
de topo, apesar da referência Abarth, tem as mesmas especificações já
conhecidas do 1,3-litro (180/185 cv e 25,5 m·kgf), câmbio epicicloidal de 6
marchas. Aceleração de 0 a 100 km em 9,4 s. No entanto com o motor de 1,3 L é
ainda mais rápido: 8,1 s. Entre os concorrentes estão T-Cross, Tracker, Creta e
Duster, mas nenhum deles é SUV-cupê. Até o Jeep Renegade que tem proposta
diferente, deverá perder vendas para o Fastback.
Hoje 36% de todas
as vendas no mercado brasileiro são de SUVs, incluindo modelos importados de
diferentes portes e propostas.
Todos os Fastback
virão com 4 bolsas infláveis (2 frontais e 2 laterais com proteção para tórax e
cabeça), controle de estabilidade e assistente de partida em rampas. Versão de
topo acrescenta alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência e
assistente de permanência em faixa de rolamento com correção de trajetória,
entre outros.
Para enfrentar
lombadas, valetas e estradas de terra, o Fastback tem bons ângulos de ataque
(20,4°), vão livre entre-eixos (218 mm), altura mínima do solo (192 mm). Seu
ponto fraco é o ângulo de saída (24,3°), o menor entre seus concorrentes.
Os preços (base nacional menos São Paulo que tem imposto maior) são competitivos: R$ 129.990 (Audace); R$ 139.990 (Impetus) e R$ 149.990 (Abarth). A Fiat estima em 35%, 40% e 25% o mix de vendas, respectivamente. Espera comercializar entre 2.500 e 3.000 unidades por mês.
IPI deverá ser cancelado na reforma tributária
O evento Automotive
Business Experience (#ABX22), com foco nas discussões sobre alternativas para o
futuro da indústria automobilística brasileira, reuniu em um único dia, 8/9, cerca
de 2.500 profissionais e 100 palestrantes no São Paulo Expo. Depois de dois
anos de interrupção, quando as palestras se realizaram apenas via internet, a
forma presencial voltou a ter força sem deixar de lado a penetração e a
conveniência do meio digital.
Para o encerramento
do #ABX22 havia grande expectativa sobre o que tinha a dizer o ministro da
Economia, Paulo Guedes. Afinal, naquele mesmo dia 8, a Mercedes-Benz anunciou que
iniciará um processo de desverticalização de sua fábrica de caminhões e ônibus
em São Bernardo do Campo (SP), inaugurada em 26 de setembro de 1956, a primeira
fora da Alemanha. No total serão dispensados 2.200 empregados e mais 1.400 com
contratos temporários num processo de terceirização inevitável nesta
reconfiguração mundial do setor.
Na cidade-berço da
indústria já foram fechadas instalações da Ford e da Toyota. Em Jacareí (SP), a
Caoa Chery encerrou as atividades, o mesmo ocorrendo com a fábrica da Ford em
Camaçari (BA). Por outro lado, a chinesa GWM adquiriu as instalações de
Iracemápolis (SP) onde a Mercedes-Benz desativou sua operação para automóveis em
CKD (desmontados) em dezembro de 2020.
Paulo Guedes afirmou
que “o IPI deveria se chamar ICPI, Imposto Contra Produtos Industrializados,
pois ele destrói a indústria brasileira. A empresa nem começou a produzir e já
está devendo”. E acrescentou que “a indústria brasileira não está e não estará
em risco”. Dentro do contexto de uma reforma tributária há previsões de o IPI ser
substituído por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Não há prazo, porém,
para que as discussões políticas cheguem a bom termo.
O ministro também marcou
posição sobre eletrificação no Brasil. Para ele, não se migra do carro de motor
a combustão para o elétrico da noite para o dia. “A forma mais fácil e barata é
passando pelo etanol”, disse.
Em um dos debates promovidos após as palestras, o diretor de Soluções de Energia e Renováveis da Raízen, Rafael Rebello, chamou atenção para que se encontrem convergências num trabalho conjunto. “As experiências vindas do exterior mostram que o sucesso no avanço dos carros elétricos se obtém quando os três principais participantes deste ecossistema caminham juntos na mesma direção: fabricantes, empresas de infraestrutura e de energia e governo”, resumiu.
Produção em agosto sem fábricas paradas
Apesar de obstáculos
com o fornecimento de semicondutores e outros componentes, a indústria automobilística
conseguiu pela primeira vez em 18 meses produzir sem interrupções em nenhuma
fábrica, embora vários modelos tenham perdido provisoriamente funções nos
sistemas de multimídia. Foram 237.961 unidades de veículos leves e pesados em
agosto passado. O melhor resultado este ano é 43,9% superior a agosto de 2021. A
projeção da Anfavea para 2022 de aumento de 4,1% ao final deste ano pode ser
até um pouco superada. A entidade admitiu que o calendário de jogos da Copa do
Mundo de Futebol talvez suprima alguns dias úteis que não possam ser
compensados neste semestre.
Os resultados de
produção têm se sustentado graças às exportações que subiram no acumulado do ano
32,2% em relação aos primeiros oito meses de 2021 e superaram níveis pré-pandemia.
Isso se deve em parte à desvalorização do real frente ao dólar que ajuda a
exportar mais. Com o crescimento da produção o estoque total nas fábricas e nas
concessionárias subiu de 22 dias em julho para 24 em agosto, 40% abaixo do
considerado normal.
Para o consumidor a subida
dos juros e a exigência de valores maiores de entrada nos financiamentos (até
60% do preço à vista) vêm dificultando a compra do carro novo. A Anfavea já
revisou para baixo o crescimento do mercado interno em 2022 sobre 2021. Agora
prevê apenas 1% de avanço frente ao ano passado. Foi a segunda revisão para
baixo em razão, principalmente, da inflação (agora em queda, mas ainda alta) e
do cenário econômico mundial conturbado pelas consequências da guerra
Rússia-Ucrânia.
Um sinal positivo é
que as promoções com descontos voltaram não com a força de antes, porém
suficientes para atrair alguns compradores. A produção, no entanto, ainda depende de um
fluxo seguro de semicondutores cuja fabricação concentra-se em poucos países do
sudeste asiático. Este cenário vai mudar, porém de forma lenta. Até o Brasil se
movimenta para atrair alguma fábrica deste componente estratégico tanto para a
indústria automobilística quanto a eletrônica.
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