Nº 1.233 — 12/1/23
SUVs e crossovers
continuarão
a ganhar participação em 2023
No mercado de
automóveis, o avanço dos SUVs e crossovers
(na realidade pseudo-SUVs) prosseguiu. Estes representaram 43,8% das vendas em
2022, discreta evolução de 0,9 ponto percentual sobre os 42,9% de 2021, segundo
dados da Fenabrave. Solicitei à consultoria Bright uma análise mais segmentada
comparativamente a automóveis (hatches e sedãs): SUVs representaram 33,8% e crossovers, 14,7%, somando 48,5%. A
diferença se dá pelos monovolumes incluídos pela Fenabrave e o conceito de crossovers.
A participação, no entanto,
vai avançar mais porque em 2023 Gol e Voyage deixarão de engrossar as vendas de
hatches e sedãs e haverá poucos lançamentos neste segmento. As previsões preliminares
para este ano, sem contar revitalizações (facelifts),
limitam-se a Polo Track e GTS, Sentra, Classe A, Civic (híbrido e Type R),
Corolla GR-S e 208 Turbo.
A lista de novos SUVs
incluindo variantes híbridas e esportivadas é bem maior (também excluindo facelifts): BMW X7 e XM, Caoa Chery
Omoda 5, Tracker RS, C3 Aircross, Fastback Abarth, Haval H6, Tank, CR-V, ZR-V,
Tucson, Grand Cherokee 4xe, Sorento e Ford Equator (sucessor do Territory). A
Nissan planeja um novo SUV (pouco maior que o Kicks), mas deve ficar para 2024.
Ford Everest (SUV de sete lugares derivado da nova Ranger) também pode entrar
nessa relação, se realmente for produzido na Argentina.
Elétricos não estão
incluídos porque em 2022 representaram apenas 0,4% das vendas de automóveis e
comerciais leves. Porém, dos 10 lançamentos previstos para este ano neste nicho
bastante restrito de mercado apenas três não são SUVs/crossovers. De acordo com a Anfavea, no ano passado, 2,1% dos
modelos vendidos foram híbridos, 83,3% flex, 11,7% diesel e 2,5% a gasolina (quase
todos importados).
O mercado brasileiro de
veículos leves também continuou a receber mais equipamentos eletrônicos ao
longo de 2022. Levantamento da Bright mostrou que 59,9% tinham câmeras de ré, 54,6%
telas de áudio ou multimídia, 28,8% sistemas de freio automático para evitar ou
mitigar colisões, 22,1% navegadores de bordo, 15,8% controles de velocidade de
cruzeiro adaptativo e 11,1% monitores de ponto cego.
Motores turbo estiveram em 45,3% dos modelos vendidos, um grande salto, pois em 2020 representavam apenas 31,1%.
Indústria automobilística permanecerá devagar este ano
Com tantas variáveis
que afetaram o mercado interno brasileiro, a produção e exportação de veículos
leves e pesados em 2022, o ano passado mostrou resultados de acomodação nas
vendas. No balanço geral que inclui automóveis, picapes, furgões, caminhões e
ônibus houve queda de 0,7% para 2.104.461 unidades. São números distantes (32%
a menos) do que os 2,788 milhões de unidades vendidas em 2019 antes da pandemia
da covid-19.
Produção (2,37
milhões, mais 5,4%) e exportação (487 mil, mais 27,8% e superando o nível
pré-pandemia) apresentaram volumes animadores que ajudaram a elevar o número de
empregos na indústria, neste caso incluindo máquinas agrícolas e rodoviárias,
em 1,4%.
As previsões são de
outro ano sem avanços ou, se houver, bastante modestos em termos de vendas. A
Fenabrave quase acertou no centro do alvo ao rever suas projeções em meados de 2022
prevendo queda de 0,8%. A entidade representante de 52 associações de marcas incluídas
as de motocicletas, tratores e máquinas rodoviárias, totalizando cerca de 7.000
concessionárias, acredita que o mercado de automóveis, comerciais leves e
caminhões terão crescimento zero em 2023, mas ônibus subirão 5%. O setor de veículos,
sem as motos, cresceria então apenas 0,1% em 2023 frente ao ano passado.
Anfavea também prevê
um ano difícil com os mesmos obstáculos de 2022: juros altos, limitação de
crédito, crescimento econômico baixo, inflação corroendo o poder de compra e dificuldades
(mesmo que menores) no fornecimento de chips e na cadeia logística. A entidade
dos fabricantes antevê crescimento de vendas em 3% este ano (2,168 milhões de
unidades), sendo 4,1% no segmento de veículos leves e recuo de 11,1% entre os
pesados.
As exportações devem
cair 2,9% para 467.000 unidades basicamente pela crise econômica na Argentina,
principal cliente do Brasil. Produção aumentaria 2,2%, representando 2,421
milhões de unidades. Como os estoques totais em pátios de fábricas e
concessionárias continuam baixos (apenas 26 dias e 188.000 unidades) é possível
que os consumidores encontrem um pouco mais de facilidade para comprar o modelo
que desejam ao longo do ano.
ALTA RODA
MARCAS japonesas de automóveis não têm investido muito no lançamento de
motores turbo no mercado brasileiro, ao contrário de outros fabricantes. Até a
picape Fiat Strada terá uma versão com motor 1-litro turbo este ano. Honda saiu
na frente com o HR-V Touring (topo de linha) que apresenta comportamento nitidamente
mais ágil em comparação ao antigo motor de aspiração atmosférica. No uso dia a dia
o SUV compacto 1,5 L, flex, 177 cv/24,5 kgf.m entrega desempenho muito bom especialmente
no modo Sport, porém o nível de ruído poderia ser menor apesar da manta
fonoabsorvente no capô. Característica interessante é o fechamento elétrico da
tampa do porta-malas. Após apertar o botão e desde que com a chave na mão, dá
tempo de retirar ou colocar objetos e a tampa baixa automaticamente ao se
afastar do carro.
PNEUS a prova de furos, sem ar comprimido, começaram a ser testados pela
Michelin em Singapura, desde 10 de janeiro último, em quase 50 furgões da DHL
Express. Trata-se de um grande avanço não só em termos de segurança como também
evitar o descarte prematuro de pneus danificados por furos ou estragos em sua
estrutura causados por buracos e diferentes obstáculos. Conhecido pela sigla UPTIS
(em inglês, Sistema Único de Pneu à
Prova de Furos) exige uma roda de projeto específico. A fabricante francesa
fará testes até o final do ano e pretende comercializá-lo em 2024. Ainda não
foi anunciado o preço e nem limitações de peso que pode suportar mesmo em
veículos leves. Projeto começou em 2017.
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