Coluna Fernando Calmon
Nº 1.249 — 4/5/23
Discretos sedãs devem voltar a
ser opção aos portentosos SUVs
Ninguém desconhece a
força de mercado dos SUVs e crossovers, estes tentando pegar uma carona com
apliques e penduricalhos que lembram ou se inspiram nos modelos autênticos. De
fato, há 10 anos havia apenas dois modelos compactos no Brasil: Ford EcoSport e
Renault Duster. Atualmente, considerando todos os segmentos, 35% são SUV, 28%
hatchback, 18% picapes, 14% sedãs e 5%, outros.
Nos EUA os SUVs são o
principal tipo de veículo com 55% de participação. Sedãs já tiveram ampla
dominância histórica e hoje limitam-se a 25%, restando 18% para picapes e 2%
para monovolumes e hatches. Até mesmo na Europa os SUVs respondem por metade
das vendas, algo surpreendente porque gastam mais combustível e naquele
continente o valor do litro é o mais elevado do mundo. Na Austrália também
quase 50% dos modelos vendidos em 2022 foram SUVs, mas houve pequena reação dos
sedãs.
Na China, de longe o
maior mercado mundial de veículos, igualmente a participação ultrapassa os 50%.
Porém os sedãs representam o segundo segmento e muitas vezes com entre-eixos
alongados como os compradores preferem.
Entretanto alguns
indicadores nos EUA apontam uma recuperação dos sedãs tradicionais que já foram
símbolo de sucesso e luxo. No ano passado subiram sua representação para 30%
com 4,5 milhões de unidades vendidas. A rede de concessionárias VW confia no
Jetta e se não tiver esse modelo para pronta entrega o interessado procura
outra marca de sedã.
Existe também uma
distorção estatística no mercado americano. Picapes são os modelos mais
vendidos individualmente em razão das principais marcas somarem diferentes
tipos de picapes pesadas, mantendo o mesmo nome (Série F, Silverado e Ram) ainda
que tenham rodado duplo na traseira ou uma colossal capacidade de reboque.
O australiano Mike
Simcoe, vice-presidente mundial de design da GM, apontou ao também australiano site
greenslips.com.au a tendência de mudar
o perfil “baunilha” dos sedãs e torná-los “sexy” ou “de sucesso” novamente. Ele
destaca: “A indústria inevitavelmente voltará aos sedãs, desde que sejam
elegantes e seus vizinhos admirem.”
Uma pesquisa da
Nissan apontou: 80% dos millennials (geração
de nascidos entre 1980 e 1999) não possuidores de um sedã considerariam comprar
um agora ou no futuro.
Citroën revelou novo C3 Aircross que lançará no segundo semestre
A tática é cada vez
mais utilizada por vários fabricantes: apresentação em duas ou mais etapas para
criar expectativas no mercado e deixar os consumidores em potencial ligados até
o lançamento. Assim acontece com o SUV Citroën C3 Aircross que teve revelação
estática agora, mas só estará à venda no último trimestre deste ano.
Dimensões informadas:
4,32 m de comprimento, 2,67 m de entre-eixos, 1,80 m de largura e vão livre do
solo de 20 cm, porém a altura não foi esclarecida. O SUV terá versões de cinco e sete
lugares e, segundo o site Autossegredos, haverá apenas o motor 1.0 Turbo Flex
T200 de 130 cv (E)/125 cv (G) e 20,4 kgf.m. Isso permitirá preço menor (a
partir de provavelmente R$ 100.000 no lançamento), pois o motor de 1,6 L tem
alíquota do IPI maior e será destinado ao mercado externo.
Até agora somente o monovolume
Chevrolet Spin oferece versão de cinco e sete lugares, entre os compactos produzidos
no Brasil, mas as propostas são bastante distintas. Porta-malas do C3 Aircross
de cinco lugares é 482 litros (VDA) e no de sete lugares, 511 litros, se
retirada a terceira fileira de bancos.
O estilo é atraente
com dianteira e traseira arrojadas, diferenciando-se do C3 hatch com “espírito”
SUV. Rodas de liga leve são de 17 pol. de diâmetro. No interior, os materiais
de acabamento são despojados, mas ganhou tela de instrumentos TFT de sete pol.
e melhor visibilidade. A tela multimídia de 10 pol. é a mesma do C3 com conexão
sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, mas no Aircross há cinco conectores
USB e ventilação no teto para os passageiros que viajam atrás.
Picape F-150 atrai pelo porte e equipamentos exclusivos
Demorou até
entusiastas de picapes de grande porte serem atendidos com mais modelos
importados pelos próprios fabricantes. Primeiro foi a Ram, agora a F-150 e no
segundo semestre a Silverado. A picape da Ford apresenta um histórico de 46
anos de liderança no seu segmento de topo na América do Norte.
Os preços são
proporcionais ao seu tamanho: Lariat por R$ 479.990 e Platinum R$ 509.990. Primeira
avaliação da versão Platinum no campo de provas da Ford em Tatuí (SP) confirma
tratar-se de uma picape bem acima dos padrões convencionais. Motor V-8 de 405
cv e 56,7 kgf.m (o mesmo do Mustang, porém “amansado”), câmbio automático de 10
marchas e uma posição de guiar ímpar, o que inclui até pedaleira com ajuste
elétrico de altura, garantem desempenho sob controle total do motorista.
Massa em ordem de
marcha, apesar de utilização de alumínio de especificação militar na carroceria
(alívio de 200 kg), é nada menos de 2.517 kg. No entanto há oito modos de
condução e quatro de tração, incluindo um sistema automático de tração 4x4
exclusivo nesta categoria. Todos os obstáculos de diferentes terrenos fora de
estrada foram superados sem esforço.
Na pista de asfalto
para alta velocidade comprovou a superioridade de um motor a gasolina sobre um
a diesel: acelera mais rápido, bem mais silencioso e com grau de vibração e
aspereza bastante inferior. Claro, o consumo de combustível é maior e para
deixar de comprometer o alcance – até 1.000 km – a Ford optou por um tanque de
combustível de 136 litros. Embora essa configuração pese no bolso, não deve ser
a preocupação maior para quem pode desembolsar meio milhão de reais por uma
picape.
O conceito
predominante é praticidade no uso do veículo no trabalho: assistência elétrica
para abrir e fechar a tampa da caçamba que tem acesso facilitado por uma escada
com apoio de braço, estribo elétrico e no interior a alavanca de câmbio é
rebatível para o console se transformar numa mesa plana de trabalho.
Por fim, se a
capacidade de carga de 700 kg não é empecilho para o típico comprador do
modelo, por outro lado permite ao motorista guiar com CNH do tipo B exigível
para automóveis, já que a massa em ordem de marcha é inferior a 3.500 kg.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário