Além da conta: Quanto dar de gorjeta?
*Por João Victorino
As gorjetas, ou tips (no inglês), são uma prática que varia significativamente ao redor do mundo, refletindo as distintas culturas e normas sociais de cada país. Em época de festas, como acabamos de vivenciar, muitas pessoas costumam comparecer com maior frequência a estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, hotéis e similares, e a prática é recorrente no Brasil, sendo opcional para o cliente, geralmente variando na faixa dos 10%.
Em algumas cidades, como São Paulo, o valor é de 13%, com a justificativa de que esse valor mais alto serve para reter a mão de obra qualificada. Uma comparação interessante pode ser feita entre Brasil e Estados Unidos, dois lugares onde a cultura das gorjetas desempenha papéis únicos na experiência gastronômica. Por essa razão, fiz uma lista com alguns países e suas respectivas formas de lidar com o recebimento da gorjeta:
A Lei nº 13.419/2017, em seus parágrafos 3 e 4 do artigo 2º, mostra o que caracteriza uma gorjeta. Veja abaixo:
“§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.”
“§ 4º A gorjeta mencionada no § 3º não constitui receita própria dos empregadores, destina-se aos trabalhadores e será distribuída segundo critérios de custeio e de rateio definidos em convenção ou acordo coletivo de trabalho.”
Neste sentido, não existe uma regra específica sobre quanto dar de gorjeta, no entanto, ao criar um método que leve em consideração a qualidade do atendimento e a cordialidade, é importante considerar as normas culturais locais. Nos Estados Unidos, a porcentagem é frequentemente usada como indicador, enquanto no Brasil, o arredondamento para cima é mais comum.
10% - Serviço ok (mas abaixo da média);
15% - Padrão (bom serviço, nada fora do comum);
20% - Ótimo serviço (o prestador de serviços e o estabelecimento te fizeram sentir bem pela experiência);
25% - Serviço excepcional (eles foram ao infinito e além para satisfazer suas necessidades);
30% - Quando um estabelecimento favorito atravessa períodos difíceis ou foi vandalizado/roubado.
Em última análise, a prática de dar gorjetas é uma expressão cultural e social. Adaptar-se às normas locais, enquanto reconhece a qualidade do serviço, garantirá uma experiência agradável tanto para o cliente quanto para o profissional que presta o serviço.
Um caso recente que ficou nacionalmente conhecido foi o do jogador de futebol Hulk, do Atlético Mineiro, que deu R$ 400 de gorjeta para os funcionários de um comércio de frangos de sua cidade natal, Campina Grande, onde comprou o alimento.
Por outro lado, caso o seu orçamento esteja limitado, o meu conselho é fazer menções do serviço da pessoa para seus amigos, familiares e conhecidos. Não menospreze o poder da propaganda “boca a boca”.
Sabemos que só a prática das gorjetas não resolverá os graves problemas de desigualdade de oportunidades no país. Honestamente, nenhuma medida funciona sozinha. De qualquer modo, a generosidade deve ser incentivada e, principalmente, praticada com maior frequência em nossa sociedade. Assim, mostramos que estamos caminhando em direção a um futuro mais harmônico e equilibrado.
*João Victorino é administrador de empresas e especialista em finanças pessoais. Com uma carreira bem-sucedida, busca contribuir para que as pessoas melhorem suas finanças e prosperem em seus projetos e carreiras. Para isso, idealizou e lidera o canal A Hora do Dinheiro com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.
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