Alta Roda
Nº 935 — 9/5/15
Fernando Calmon
ALEGRIA E TRISTEZA
A importância da nova fábrica Jeep, em Goiana (PE),
transcende os números grandiosos: mais de R$ 7 bilhões de investimentos
(incluindo o parque de 16 fornecedores), capacidade de 250.000 unidades/ano em
três turnos, 9.000 empregos no polo produtivo (78% de pernambucanos) e 700
robôs nas áreas de funilaria, pintura e montagem.
Como o projeto levou mais de
cinco anos para maturar, aplicaram-se as melhoras práticas industriais, de
produtividade, de controles de manufatura e organização.
O tempo prolongado também permitiu treinar mão-de-obra local
e implantar importantes ações sociais, bem além do que se fez em Betim (MG),
onde a Fiat não enfrenta greves nem mesmo breves interrupções.
O sindicato local
de metalúrgicos nada tem de hostil e o de Goiana, então, muito menos quando
existir.
Marcas japonesas ao se instalar nos EUA cumpriram a mesma estratégia
de se afastar de conflitos trabalhistas, de escolher áreas de atividade
agrícola anterior e de receber generosos financiamentos públicos usuais ao
redor do mundo.
Quem visita as instalações praticamente não vê nenhuma
referência à Fiat, salvo a discreta logomarca FCA (Fiat Chrysler Automobiles),
o que faz parte da estratégia do grupo de ampliar a imagem da Jeep no mundo.
Está certo que, inicialmente, haverá dois Jeep – atual SUV compacto Renegade e
outro SUV médio-compacto em 2016 – e apenas um Fiat, a picape média de cabine
dupla para uma tonelada, dentro de seis meses.
Mas, de fato, os três partilham a mesma arquitetura do Fiat
Punto/Linea, alargada, alongada e reforçada (batizada de Small Wide US 4x4).
A
marca americana juntou seu histórico de robustez à criatividade italiana para
lançar produtos que terão forte impacto no mercado brasileiro e na América
Latina.
A nova unidade industrial produzirá, ainda, outros dois
modelos de 2017 em diante.
Embora a FCA nada adiante sobre o assunto,
esperam-se produtos Fiat de maior valor agregado para acelerar a recuperação
dos investimentos.
Por isso, hatch e sedã médios-compactos são escolhas óbvias a
fim de enfrentar a tibieza da marca frente ao Cruze, Focus, Golf/Jetta e aos
encastelados Corolla e Civic.
Por fim, deve-se saudar o empreendimento da FCA no Nordeste
brasileiro como a maior fábrica de carros inteiramente nova construída no
Brasil, desde a chegada da Nissan a Resende (RJ) no ano passado.
Aqui ainda
estão sendo erguidas outras três (Honda, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz),
além de Audi (agregada à VW) e JAC (em processo de definição).
Elas vão se juntar
às 20 existentes, o que seria motivo de comemoração não fosse o mau momento da
economia, às voltas com inflação alta e recessão de volta.
Também desconsola termos perdido para o México a liderança
histórica de produção de veículos na América Latina em 2014.
E podemos ficar
mais para trás, pois, depois do anúncio da Audi há dois anos, os mexicanos não
param de receber investimentos bilionários: BMW, Mazda, Kia, Mercedes-Benz
(associada à Nissan) e Toyota.
Para o Brasil resta o sentimento duplo de alegria pelas
novas fábricas e de tristeza por não poder usar todo o nosso potencial de baixa
taxa de motorização e dimensões continentais à espera de estradas.
RODA VIVA
MAIS um motor de
três cilindros chega ao mercado este ano.
Houve atraso, mas a unidade da Fiat
em Betim começa a produzir em breve as primeiras unidades que, de início,
estavam reservadas para o subcompacto sucessor do Mille, a estrear em 2016.
Uno
terá primazia no segundo semestre.
Fábrica precisa baixar a média de consumo
por exigência do Inovar-Auto.
GENERAL MOTORS comemora
a produção de 500 milhões de veículos em seus 107 anos de existência.
É o grupo
automobilístico que mais produziu na história.
Hoje, reúne 10 marcas (incluídas
associadas chinesas), mas no passado chegou a ter mais.
Sua marca principal
Chevrolet é a segunda colocada em vendas nos EUA, mas lidera o mercado
sul-americano.
SENTAR no banco
traseiro do Nissan Versa surpreende pelo amplo espaço para pernas.
É o
suprassumo do conceito de sedã compacto anabolizado, que só não pode se
considerar médio-compacto pela largura do habitáculo.
Para usar suas
potencialidades, inclusive porta-malas, é melhor o motor de 1,6 L do que o
tricilíndrico de 1 litro.
Estilo evoluiu, mas não é seu ponto forte.
ELEGÂNCIA sempre
foi marca registrada do sedã-cupê Audi A7.
Já a versão superesportiva de maior
preço, a RS 7 Sportback por R$ 624.990, estabelece referências que muitos
poucos modelos de série se atrevem a desafiar.
Seus 560 cv e arrogantes 71,4
kgfm de torque a apenas 1.700 rpm, tração 4x4, comportamento em curvas impressionante
(é dois cm mais baixo que a versão comum) e aceleração de 0 a 100 km/h em 3,9 s
expressam tudo.
CORREÇÃO: Cherry
QQ, desde sua primeira versão no Brasil, sempre foi importado da China e não
montado no Uruguai.
Mesmo com todas as taxas, mas com o real supervalorizado,
chegou a ser vendido por R$ 20.000, o mais barato aqui.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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