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sábado, 9 de maio de 2015

COMEMORAR É O QUE O BRASIL DEVE FAZER COM A INSTALAÇÃO DA NOVA FÁBRICA DA JEEP, EM GOIANA, E AS DEMAIS EM CONSTRUÇÃO NO PAÍS, O QUE OCORRE NUM MOMENTO DE VACAS MAGRAS DA ECONOMIA, MAS NÃO PODE FAZER O MESMO COM A PERDA BILIONÁRIA DE INVESTIMENTOS PARA O MÉXICO: ALEGRIA E TRISTEZA


Alta Roda 

Nº 935 — 9/5/15
  
Fernando Calmon


ALEGRIA E TRISTEZA

A importância da nova fábrica Jeep, em Goiana (PE), transcende os números grandiosos: mais de R$ 7 bilhões de investimentos (incluindo o parque de 16 fornecedores), capacidade de 250.000 unidades/ano em três turnos, 9.000 empregos no polo produtivo (78% de pernambucanos) e 700 robôs nas áreas de funilaria, pintura e montagem. 

Como o projeto levou mais de cinco anos para maturar, aplicaram-se as melhoras práticas industriais, de produtividade, de controles de manufatura e organização.

O tempo prolongado também permitiu treinar mão-de-obra local e implantar importantes ações sociais, bem além do que se fez em Betim (MG), onde a Fiat não enfrenta greves nem mesmo breves interrupções. 

O sindicato local de metalúrgicos nada tem de hostil e o de Goiana, então, muito menos quando existir. 

Marcas japonesas ao se instalar nos EUA cumpriram a mesma estratégia de se afastar de conflitos trabalhistas, de escolher áreas de atividade agrícola anterior e de receber generosos financiamentos públicos usuais ao redor do mundo.

Quem visita as instalações praticamente não vê nenhuma referência à Fiat, salvo a discreta logomarca FCA (Fiat Chrysler Automobiles), o que faz parte da estratégia do grupo de ampliar a imagem da Jeep no mundo. 

Está certo que, inicialmente, haverá dois Jeep – atual SUV compacto Renegade e outro SUV médio-compacto em 2016 – e apenas um Fiat, a picape média de cabine dupla para uma tonelada, dentro de seis meses.

Mas, de fato, os três partilham a mesma arquitetura do Fiat Punto/Linea, alargada, alongada e reforçada (batizada de Small Wide US 4x4). 

A marca americana juntou seu histórico de robustez à criatividade italiana para lançar produtos que terão forte impacto no mercado brasileiro e na América Latina.

A nova unidade industrial produzirá, ainda, outros dois modelos de 2017 em diante. 

Embora a FCA nada adiante sobre o assunto, esperam-se produtos Fiat de maior valor agregado para acelerar a recuperação dos investimentos. 

Por isso, hatch e sedã médios-compactos são escolhas óbvias a fim de enfrentar a tibieza da marca frente ao Cruze, Focus, Golf/Jetta e aos encastelados Corolla e Civic.

Por fim, deve-se saudar o empreendimento da FCA no Nordeste brasileiro como a maior fábrica de carros inteiramente nova construída no Brasil, desde a chegada da Nissan a Resende (RJ) no ano passado. 

Aqui ainda estão sendo erguidas outras três (Honda, Jaguar Land Rover e Mercedes-Benz), além de Audi (agregada à VW) e JAC (em processo de definição). 

Elas vão se juntar às 20 existentes, o que seria motivo de comemoração não fosse o mau momento da economia, às voltas com inflação alta e recessão de volta.

Também desconsola termos perdido para o México a liderança histórica de produção de veículos na América Latina em 2014. 

E podemos ficar mais para trás, pois, depois do anúncio da Audi há dois anos, os mexicanos não param de receber investimentos bilionários: BMW, Mazda, Kia, Mercedes-Benz (associada à Nissan) e Toyota.

Para o Brasil resta o sentimento duplo de alegria pelas novas fábricas e de tristeza por não poder usar todo o nosso potencial de baixa taxa de motorização e dimensões continentais à espera de estradas.

RODA VIVA

MAIS um motor de três cilindros chega ao mercado este ano. 

Houve atraso, mas a unidade da Fiat em Betim começa a produzir em breve as primeiras unidades que, de início, estavam reservadas para o subcompacto sucessor do Mille, a estrear em 2016. 

Uno terá primazia no segundo semestre. 

Fábrica precisa baixar a média de consumo por exigência do Inovar-Auto.

GENERAL MOTORS comemora a produção de 500 milhões de veículos em seus 107 anos de existência. 

É o grupo automobilístico que mais produziu na história. 

Hoje, reúne 10 marcas (incluídas associadas chinesas), mas no passado chegou a ter mais. 

Sua marca principal Chevrolet é a segunda colocada em vendas nos EUA, mas lidera o mercado sul-americano.

SENTAR no banco traseiro do Nissan Versa surpreende pelo amplo espaço para pernas. 

É o suprassumo do conceito de sedã compacto anabolizado, que só não pode se considerar médio-compacto pela largura do habitáculo. 

Para usar suas potencialidades, inclusive porta-malas, é melhor o motor de 1,6 L do que o tricilíndrico de 1 litro. 

Estilo evoluiu, mas não é seu ponto forte.

ELEGÂNCIA sempre foi marca registrada do sedã-cupê Audi A7. 

Já a versão superesportiva de maior preço, a RS 7 Sportback por R$ 624.990, estabelece referências que muitos poucos modelos de série se atrevem a desafiar. 

Seus 560 cv e arrogantes 71,4 kgfm de torque a apenas 1.700 rpm, tração 4x4, comportamento em curvas impressionante (é dois cm mais baixo que a versão comum) e aceleração de 0 a 100 km/h em 3,9 s expressam tudo.

CORREÇÃO: Cherry QQ, desde sua primeira versão no Brasil, sempre foi importado da China e não montado no Uruguai. 

Mesmo com todas as taxas, mas com o real supervalorizado, chegou a ser vendido por R$ 20.000, o mais barato aqui.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon

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