Coluna nº 4.716 - 18 de Novembro de 2016
Camioneta F 91 Universal, depois Vemaguet
Há sessenta anos, a Vemaguet
No Brasil, logo em seguida foi dita Vemaguet. Junto com Romi Isetta, exibido meses antes, deram corpo ao projeto de implantação de uma indústria automobilística brasileira.
Autora da façanha, a repetir-se mais de 110 mil vezes nos próximos 11 anos e 11 meses, foi a Vemag, conhecida por montar automóveis e caminhões norte-americanos Studebaker, caminhões Scania e Kenworth, tratores Massey-Harris.
Autora da façanha, a repetir-se mais de 110 mil vezes nos próximos 11 anos e 11 meses, foi a Vemag, conhecida por montar automóveis e caminhões norte-americanos Studebaker, caminhões Scania e Kenworth, tratores Massey-Harris.
Tinha toda a estrutura industrial e de vendas, e a soma de dois fatores, o declínio da Studebaker no país de origem, e a implantação de política de industrialização de veículos no Brasil, proibindo importações fê-la agir: fez acordo com a alemã Auto Union/ DKW. Deixou uma, assumiu outra.
Auto Union era empresa poderosa, ex-maior produtora mundial de motocicletas, e seus automóveis diferenciavam-se pelo uso de motores com ciclo 2 Tempos, por um chassi resistente, com X reforçando o centro. Simples, prático, ideal a país com ruas e estradas entre o ausente e o em mal estado.
No arranjo, como nas demais marcas aqui se instalando, trouxeram modelo saindo de produção – logo em seguida sucedido pela linha F 94, de melhor desenho, proporções, espaços, chegando aqui em 1958 e, melhorado com soluções brasileiras, como portas dianteiras abrindo em sentido correto, instalação elétrica com 12v, nova grade frontal com 4 faróis.
Dentre produtos, a Universal foi rebatizada Vemaguet; o Grand Limousine virou Belcar. E houve o jipe F94/4 conhecido como Candango – brilhante projeto barrado no baile de nacionalização. E adotou projeto revolucionário, o luxuoso cupê duas portas Fissore.
A meu ver, o grande erro a partir da decisão por quem não era do ramo ou gostava intrinsecamente de automóveis.
Foi desenvolvido sobre chassi alemão, mais potente; o carro pesava 100 kg a mais ante o Belcar – era lento; e seu original projeto de artesanato não contemplava produção industrial. Era elegante, porém vagaroso, gastador – e caro!
Vemag teve caminho de recordes, em especial nas corridas: criou pioneira equipe de competição por seu funcionário e modesto gênio Jorge Lettry, servindo como laboratório para desenvolver resistência às condições nacionais, e a equipe Vemag superou a matriz alemã em número de vitórias; obteve potência recorde nos motores tricilíndricos elevados a 1.100 cm3 – 106 cavalos imortalizados; e nos estertores, com o Carcará, veículo aerodinâmico, cravou recorde: 212 km/hora, hoje inimaginados na Avenida das Américas, Barra, RJ.
O fim
Não era do ramo. Era de negócios. Domingos Alonso, espanhol, fundador, fizera fortuna com loteria, incorporação, banco, financeira.
E entendeu a mudança de óptica mundial ao final da II Guerra, dentre elas o intenso desejo dos consumidores em ter automóveis, e sua larga margem de lucro.
Foi aos EUA e obteve a representação. Com operação quase industrial montada para Studebaker, outras marcas foram decorrência.
Meados de 1967 vendeu ações à Volkswagen do Brasil, por apatia financeira em investir para ter modelia a suceder os Belcar, as Vemaguet e o Fissore.
À época, o País passava por onda econômica traçada pelo governo revolucionário, e empresas de capital nacional, como a Vemag, a Willys, a Fábrica Nacional de Motores foram instadas a fundir-se, vender-se ao capital estrangeiro: Willys absorvida pela Ford; Simca pela Chrysler; FNM pela Alfa Romeo.
Salão, ainda
Alfa
Ausência nem sempre significa falta, ao contrário pode indicar caminho. Exemplo, o fato de a Alfa Romeo não estar no Salão do Automóvel indica postergar trazer nova linha Giulia para o Brasil.
Projeto estava sendo tecido; diretor de área trabalhando; realizando pesquisas e levantamentos; unidade importada para submissão a testes, desenvolvimentos, ajustes.
Mudou tudo. A FCA travou novos investimentos para centrar recursos, tempos e pessoas nos muitos projetos atualmente enfocados – e neles não há a importação de Alfas.
Sem o que fazer, diretor Lélio Ramos – festejado por levar e manter a empresa líder 13 anos – demitiu-se.
Processo de avaliação do Giulia foi suspenso. Crê-se, Alfa no Brasil a partir do Salão de 2018.
Alfa adiada
Volks
Em período educacional, perda de liderança, queda ao 3º lugar em vendas, investimentos para família substituta do Gol, e insólita situação de ter sofreado e detido produção por falha do fornecedor de bancos, VW mantém planos.
Aplicará US$ 2 bilhões – quantos R$ na corcoveante cotação Trumpística? - para implantar família sobre plataforma MQDA0 – menor relativamente à do Golf já construída na fábrica paranaense.
Dela, hatch substituindo o Gol; sedã com idêntica função sobre o inexpressivo Voyage; picape e utilitário esportivo.
José Carlos Pavone, 39, gaúcho, cria da casa, gerente de design, recém-trazido da Alemanha para chefiar a área, perguntado sobre o pouco a fazer sobre projeto desenvolvido na matriz, disse o utilitário esportivo foi traçado por grupo de brasileiros. E será terminado aqui por brasileiros.
Não falou mais, mas tudo indica a base conceitual está no Breeze, apresentado como Conceito T Cross, do qual seccionaram o teto para a mostra.
Quanto custará o Renault Captur?
O SAV já em produção, terá preços de R$ 79.000 a R$ 95.000. Está de bom tamanho?
Segue linha europeia mas, na América do Sul, mudou, sendo construído sobre a polivalente plataforma Dacia, servindo a Logan, Oroch, Sandero e Duster, coincidindo em tamanho e distância entre eixos.
Apresentado no Salão, será lançado na Argentina. Pelo insólito perguntei a Caíque Ferreira, diretor da Renault, e ouvi escolha definida por característica de mercado: na Argentina meses de novembro, dezembro e janeiro são os mais fortes do ano. No Brasil, fracos.
Produtos diferem. Para exportação apenas motor 2.0 ECO, 143 cv e caixa mecânica de seis velocidades e automática com quatro.
Versões Zen e Intens a equivalentes R$ 91.000 e R$ 100 mil. Domesticamente, versões várias – 1.6 mecânica; 1.6 CVT; 2.0 mecânica, seis marchas; automática de apenas quatro, em versões Zen, Intense e mais duas.
Mais cara em duas cores, luzes LEDs e maior conteúdo de infodiversão.
Lançamento na Argentina, dia 22 deste mês. Aqui, fevereiro.
Anote aí: por preço, conteúdo, plataforma resistente, sem problemas, manutenção barata, será um dos queridinhos do mercado. (RN)
Novos motores
Antecipados pela Coluna (3.116, 3 de agosto) a Renault, instada pelos compromissos de economia de combustível; forçada pela solução mundial do downsizing, a redução de cilindrada, tamanho e peso dos motores; e pelos ganhos obtidos pela aplicação de turbo alimentador, substituiu os motores de 1,0 e 1,6 L antes produzidos no Paraná.
Manteve as cilindradas, mudou configuração. O 1.0 SCe, 3 cilindros, produz até 84 cv, e porta pacote de modernidade, como a gestão de energia, controlando a bateria e o alternador.
Em relação ao Clio 1.0 é até 19% mais econômico. O 1,6L com quatro cilindros em linha fornece até 130 cv, tem tecnologia Stop&Start, desligando automaticamente nas paradas.
Nova formulação mostrou até 21% de economia Duster 1.6 de geração anterior. Agora aspirados, turbo a médio prazo.
Renault Captur, R$ 79 mil a R$ 95 mil, fevereiro
Pré-apresentação Citroën
Focada em unificar plataformas, hoje em versões para China, Europa e América Latina, única forma de reduzir custos e permitir expansão de vendas em projetos 30%, Citroën terá novas versões sobre plataformas C3 e C4 existentes no Brasil e Argentina.
Mais próxima será o Cactus, assinalado por largas proteções laterais, construído sobre a plataforma do C3.
No Brasil, marca expôs versão de topo no Salão, chamando-a Concept Aircros. Parte do conceito estará no novo produto.
Cactus, antes da mudança da linha, em 2020
Roda-a-Roda
Mercado – Jaguar Land Rover aproveitou presença no Salão do Automóvel de Bogotá e anunciou instalação de escritório com operação de vendas, coordenação, responsabilidade de serviços e ante o governo.
Colômbia – Operação Brasil esclarece o porquê de não ter ido para a Argentina, segundo mercado do continente: Colômbia vende mais. Apesar da montagem no Brasil fornecimento será pela Inglaterra.
Trava – Enquanto identificava novidades no Salão do Automóvel como resultado dos incentivos adotados pelo programa Inovar-Auto, governo federal levou trombada da Organização Mundial do Comércio, OMC.
União Europeia e Japão representaram no órgão alegando ser o programa de subsídio.
Oposição – Brasil deve contestar em longa discussão, a exemplo do ocorrido com aviões entre a nacional Embraer e a canadense Bombardier.
Entretanto, como a presente etapa do Inovar Auto se encerra ao final de 2017, há chance da decisão da OMC ser base para mudar atuais regras – ou aproveitar a oportunidade política e fazer reforma tributária, reduzindo o número de impostos, acabando com a vigente colcha de retalhos.
Concorrente – Querendo aumentar vendas e ascender em preferências, Nissan terá novo picape Frontier.
Inicialmente, importado do México e, em 2017 fabricado na Argentina, na pioneira fábrica Jeep.
Razões – Base do projeto está no chassis, mais leve e reforçado, com longarinas em Duplo C, formando caixa comprida, leve e resistente a torções.
Conjunto chassi + carroceria pesam bem menos ante modelo atual.
Mais uma – Mahindra e Mahindra, marca indiana de largo portfólio de veículos assumiu a Bramont a operação de montagem de tratores em Dois Irmãos, RS.
Representante também montou picapes e utilitários na Zona Franca de Manaus.
Negócio – Capital estrangeiro pretende ampliar a produção atual de 1,2 mil unidades/ano e a rede de revendedores, de 11 para 20 pontos.
Pouco conhecida Mahindra é a maior fabricante mundial de tratores.
Motosport – Bosch e a Fórmula Inter, nova categoria no automobilismo nacional, abriram inscrições para curso de Técnicos Especializados em Competições Automobilísticas.
Cursos regulares, palestras, trabalhos e acompanhamento das corridas da categoria a profissionais, estudantes, engenheiros e entusiastas das corridas.
Conteúdo – Temas do ramo: tecnologia de motores de competição, conceitos aerodinâmicos, análises de softwares, gestão de equipes.
Especialidade – Para ocupar espaço ocioso no Salão do Automóvel, 10 a 20 de novembro, S. Paulo, Federação Brasileira de Veículos Antigos providenciou alguns exemplares com mais de 30 anos de produção.
Olhar – Desprezou a história. 2016 marca 60 anos do início da indústria automobilística no Brasil.
Ao 19 de novembro, exibição da camioneta Universal DKW Vemag. Poderia ter levado exemplares de 1956, o Romi Isetta e a Vemag.
Gente – Ademar Canteiro, jornalista, 71, ex-Scania e Anfavea, passou.
OOOO Geraldo Santa Catharina, diretor Financeiro da Randon S.A., vencedor do Troféu O Equilibrista a executivos de finanças.
OOOO Em exercício encolhendo 60% nas vendas, montou plano de sobrevivência e lucros na empresa.
OOOO Heiner Lanze, alemão, ex-vice presidente da Suprimentos da Scania, transferência.
OOOO Mesma área, empresa mãe, área e volumes maiores na Volkswagen.
OOOO Consequência da trapalhada armada pelo ex-fornecedor de bancos, minguando, sustando entrega, parando a produção.
OOOO Angel Javier Martinez, espanhol, bom currículo acadêmico, ex-Mercedes-Benz, mudança.
OOOO Diretor na Hyundai nas áreas de vendas, pós vendas, desenvolvimento de rede e marketing para linhas HB20 e Creta.
OOOO Só? OOOO
Ecologia, outro produto Toyota
Um dos projetos ecológicos da Toyota, o Centro de Distribuição no porto de Suape, PE, festeja ter evitado emissões de 1.600 toneladas de gases poluentes.
Significa 24% das emissões da operação e, na prática, à capacidade oxigenadora de 142 mil árvores.
Por via marítima, o Centro recebe os picapes Hilux e utilitários esportivos SW vindos da Argentina.
Para o ano fiscal 2015-2016, marca assumiu posicionamento baseado no Desafio Ambiental 2050 buscando reduzir os impactos nocivos do automóvel – de produção a uso – sobre o meio ambiente.
Neste caminho, Toyota foca o nível zero de emissões para atingi-lo no ciclo de produção, nos processos industriais, nos produtos.
Na amplitude de tal projeto reduziu as emissões pelos veículos em 22% relativamente ao exercício anterior, e aplica-se à identificação e aquisição de recursos de fontes renováveis.
No processo elegeu dado normalmente desconsiderado pelo grande público: reduziu em 16% o consumo d’água por carro produzido – 1.670 litros. Em economia de água, mais de 25 mil metros cúbicos.
Dos pontos focados pela empresa no Brasil está o inaugurar Centro de Pesquisa Aplicada na unidade fabril pioneira de São Bernardo do Campo, SP, equipado para exame de emissões, análise de matérias primas, estudos sobre novos acessórios.
Em acordo com a matriz no Japão, empresa tem trabalhado junto à indústria de auto-peças de modo a estruturar uma cadeia de reciclagem – reaproveitar todas as peças de um carro descartado. Hoje, na lista de produtos da empresa, o Corolla cumpre a meta.
Uma das metas do Desafio Ambiental, reduzir em 90% até 2050 as emissões de CO2 originadas de veículos novos, definiu o carro do futuro.
Até tal data, todos os Toyota serão híbridos, elétricos ou alimentados por célula de combustível.
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