Alta Roda
Nº 914 — 14/11/16
Fernando Calmon
CORRIDA CONTRA O
TEMPO
Nada como uma “ameaça” de médio ou longo prazo a qualquer
negócio para chacoalhar a criatividade humana.
No caso de propulsão veicular o esforço
técnico aumenta muito e, acima de tudo, os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento.
Acontece agora com os motores a combustão interna. Precisam
diminuir o consumo de combustíveis fósseis de todas as formas para lidar com o
avanço inevitável da tração elétrica.
Os resultados medem-se pelas emissões de
gramas de CO2 por quilômetro rodado. Esse parâmetro aplica-se também
aos carros a bateria porque a fonte de energia elétrica para recarregá-la emite
CO2 em diferentes níveis.
Uma das polêmicas atuais envolve a “régua” para medir o
consumo na vida real, ou seja, fora dos rolos dinamométricos que garantem repetibilidade
e previsão essenciais nas medições.
Nos EUA e no Brasil, isso se dá por meio de um
fator de correção fixo, solução do tipo pecar por excesso. Mas da Europa vêm
agora boas notícias.
Se o consumo em condições reais de uso é o que importa, as
entidades vigilantes do meio ambiente Transport
& Environment e France Nature Environnement juntaram-se ao Bureau Veritas e publicaram
novo protocolo de testes confiável, fruto de rigoroso processo científico.
O
existente Novo Ciclo Europeu de Condução (não tão novo, criado há quase 20
anos) sempre foi criticado por ser brando demais e longe da realidade.
Não é
válido compará-lo com os resultados do Programa Brasileiro de Etiquetagem
Veicular.
O primeiro grupo automobilístico
a aderir foi a PSA (Peugeot, Citroën e DS). As medições são efetuadas em eixos
urbanos e rodoviários públicos, abertos ao trânsito em condições reais de
condução (utilização da climatização, pesos de bagagem e passageiros, além de declives
e aclives) e com condutores não profissionais.
A repetibilidade e precisão são
praticamente equivalentes às de laboratórios.
Passo seguinte vem de
novas tecnologias que em um primeiro momento podem até ser caras, mas
fundamentais para que os motores a combustão sobrevivam por mais algumas
décadas.
Há várias sendo desenvolvidas ao mesmo tempo, das quais destacam-se:
- Sistema elétrico de 48
volts
- Compressor elétrico para
turbos
- Ciclo Atkinson/Miller
(modificação do tradicional Otto)
- Desligamento de cilindros
- Transmissão com roda-livre
- Taxa de compressão
variável
O Brasil também precisa entrar nesse esforço mundial. Em
2030, terá que importar algo como 400.000 barris/dia de gasolina, três vezes
mais do que hoje, mesmo sendo exportador líquido de petróleo.
Ideal seria
cobrir este déficit com uso de etanol, combustível praticamente neutro em
emissões de CO2.
No recente II Seminário Internacional sobre Uso
Eficiente de Etanol, realizado no Rio de Janeiro, foram discutidas soluções
viáveis e a custos palatáveis.
Entre as boas alternativas propostas, Ricardo Abreu, diretor
do Sindipeças, sugeriu aumentar a atratividade desse combustível renovável de
baixíssima pegada de carbono por meio do etanol hidratado com baixo teor de
água (apenas 1% contra os atuais 5% em massa).
O Brasil hoje representa apenas
um quarto da produção mundial de etanol e isso talvez viabilizasse a adoção de
motores flex em mais países.
RODA VIVA
Como outubro mostrou estabilização (por dias úteis de
vendas), Anfavea supõe uma reação de mercado em novembro e dezembro.
Mesmo
porque os dois últimos meses do ano passado foram bastante fracos, o que
favorece a base comparativa.
A entidade ainda espera que as vendas totais
(incluindo comerciais leves e pesados) se aproximem de 2,1 milhões de unidades.
Estoques em fábricas e concessionárias estabilizados em 40
dias (setembro versus outubro) sinalizam que a produção, influenciada pelas
exportações em alta e a aceleração na Volkswagen depois de mais de 30 dias
parada por desentendimento com fornecedores, “salve” o faturamento da indústria
nestes dois últimos meses do ano. A conferir.
Fiat completou a linha Toro com motor flex de 2,4 litros, 174/186
cv e 23,6/24,9 kgfm (gasolina/etanol).
A estratégia é oferecer a picape, na
versão única Freedom por R$ 98.730
e câmbio automático de 9 marchas ao mesmo preço da diesel 4x2 com câmbio manual.
Desempenho melhorou bastante em relação ao de 1,8 litro, apesar de previsível consumo
elevado.
Marca de peso no mercado de mapas digitais, a HERE (propriedade
de Audi, BMW e Daimler) busca ampliar espaço entre concorrentes como Google,
TomTom e Waze.
Orientações e escolhas de rotas são por meio de aplicativo próprio
(para Android e IOS) e razoavelmente eficientes em São Paulo. Dureza é
enfrentar a massa de informações em tempo real do Waze.
Correção: na coluna anterior ocorreu um lapso ao citar os
quatro produtos inteiramente novos que a VW prepara para o Brasil na sua
arquitetura mais moderna (MQB A0), a partir de 2017.
Haverá a nova picape
Saveiro e não a volta da Parati, pois, infelizmente, station wagons ou peruas
tornaram-se desinteressantes para os compradores, voltados agora a SUVs e crossovers.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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