Nº 986 - 1/3/18
Fernando Calmon
AUTÔNOMOS MAIS
DISTANTES
Logo no início de de março, no Salão do Automóvel de
Genebra, esse colunista procurou a Audi para saber se já existia estimativa de
preço para o sistema autônomo de nível 3 do seu modelo de topo A8, exibido seis
meses antes, no Salão de Frankfurt.
A resposta foi que o governo alemão ainda
não havia liberado o regulamento de homologação, apesar de existir uma
legislação prévia desde junho do ano passado.
Assim, a precificação continuava
pendente. Nível 3 tem limitações como velocidade máxima de 65 km/h e separação
física de fluxo e contrafluxo de trânsito.
Menos de 15 dias depois, um Volvo XC90 autônomo de nível 4 operado
pela empresa de serviços de mobilidade Uber se envolveu em um acidente fatal no
Estado do Arizona, EUA.
Uma mulher a pé, empurrando uma bicicleta, não foi
detectada previamente. Colhida pelo carro a 60 km/h, fora da faixa de pedestres
numa avenida da cidade de Tempe, cujo limite era de 70 km/h, resultou em enorme
comoção e abriu grande debate sobre segurança dessa tecnologia.
O nível 4 de autonomia, quando chegar a mercado, libera
totalmente o motorista de dirigir ou mesmo supervisionar a condução do veículo.
Nos testes, porém, é exigido pelo menos um técnico ao volante. No caso do Uber
a câmera de bordo registrou sua distração.
Um segundo técnico ajudava na
primeira fase, mas com boa evolução ele foi dispensado. O desenvolvedor toma
essa decisão, mas ao que parece o sistema do Uber é o menos confiável de todos.
Divisão Waymo, do Google, afirmou que seus algoritmos mais
robustos já permitem eliminar qualquer supervisão nos testes e esse acidente não
aconteceria.
Por outro lado, a fabricante de radar e câmeras Aptiv garante que
os equipamentos instalados no XC90 funcionavam perfeitamente. Uber teria
desligado a interface original com o carro para utilizar seus próprios
controles.
Reação mais dura veio de Keith Crain, dono e editor da
respeitada publicação americana Automotive
News. Para ele, testes de tecnologias não maduras fora de campos de prova deveriam
ser proibidos.
Também questionou a demanda e o preço do equipamento, apesar de
reconhecer o enorme potencial de avanço para segurança do trânsito.
Além do Uber, fabricantes como a Toyota decidiram suspender
seus testes em ruas e estradas dos EUA. O governo do Arizona, o mais liberal dos
estados americanos quanto aos autônomos, anunciou na última segunda-feira a
interrupção das autorizações.
Há forte movimento no Congresso dos EUA para
regulamentar todo o ecossistema dessa tecnologia, desde testes, homologações,
comercialização e, em especial, as responsabilidades sobre eventuais acidentes.
Na realidade, enquanto o NTSB (em inglês, Conselho Nacional
de Segurança nos Transportes) não concluir análises independentes é prematuro
prever qual o atraso decorrente do lamentável acidente. Os mais realistas
acreditam em três anos ou mais. Afinal, o otimismo se mostrou superior aos
problemas reais.
Os clientes também podem desanimar frente ao debate
principal: erro humano é mais aceitável que o de máquinas, mesmo essas
colaborando para um trânsito mais seguro? Há de se achar aí o meio-termo, mas a
tecnologia deve prevalecer.
RODA VIVA
DESSA vez vai. Segundo
três fontes da Coluna, Rota 2030 será anunciado dia 12 de abril pelo presidente
Michel Temer, em encontro no Palácio do Planalto em Brasília. Foram convidados
todos os presidentes das empresas fabricantes de veículos no País.
O programa de
longo prazo estabelece novas obrigações (pesquisa, segurança, consumo e outras),
além de estímulos fiscais menores que os anteriores.
CONFORME adiantado
neste espaço, a Volkswagen confirmou, ao comemorar 65 anos de fundação da
filial no Brasil, que o Tiguan mexicano será oferecido em versões de cinco e
sete lugares, a partir de abril.
No plano de 20 lançamentos até 2020/21, este, é
um dos cinco modelos novos que serão importados. Os outros: Jetta (México), Atlas
(EUA) de sete lugares e também a futura versão de cinco lugares e a terceira
geração do Touareg (por encomenda).
HONDA refinou a
quinta geração do SUV médio-compacto CR-V. Agora vem dos EUA e, assim, um pouco
menos competitivo em razão da alíquota de 35% de imposto de importação.
Versão
única e completa sai por R$ 179.900. Construído sobre arquitetura do Civic tem
motor mais forte (190 cv/24,5 kgfm), ótimo espaço interno, assoalho plano e
porta-malas de 522 litros.
INTERIOR do CR-V
foi bem melhorado em termos de materiais e acabamento. Projeção de informações
(head-up display) é sobre uma pequena
tela de acrílico e não mais no para-brisa.
Tração 4x4 ajuda a equilibrar seu
comportamento mesmo em estradas asfaltadas. Dois itens especialmente práticos:
freio de imobilização elétrico automático e câmera de boa definição no espelho
retrovisor direito com comando seletivo ou automático.
RESSALVA: executiva
americana Denise Johnson foi a primeira mulher no comando de um fabricante no
Brasil (GM, 2010). Theresa Borsari, da PSA, no entanto, tornou-se primeira
brasileira nessa função.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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