Alta Roda
Nº 988 — 12/4/18
Fernando Calmon
MUSTANG EVOLUI COMO NUNCA
Algumas questões de semântica permeiam o jargão típico do
mundo dos automóveis. Uma delas refere-se aos conceitos de carros esporte e
esportivo. Muitas vezes usados como sinônimos, não são a mesma coisa.
Um automóvel
esporte típico costuma ter chassi e motor próprios, altura abaixo de 1,30 m e
acelerações poderosas, por exemplo, de 0 a 100 km/h em menos de 4 s (mais raro
ainda, inferior a 3 s).
Além disso, acabamento e nível de equipamentos tornam o
preço, na faixa de meio milhão de reais para cima, mais um fator decisivo de
diferenciação.
Então, o Mustang (lançado em 1964, agora na sexta geração)
pode ser considerado apenas um esportivo? Afinal, seu chassi, inicialmente,
derivava de um modelo de grande série (Falcon); o motor V-8, em versões
“mansas”, está também em outros modelos atuais da Ford; o preço de R$ 299.900 é
razoável em um automóvel que acelera de 0 a 100 km/h em 4,3 s e estreia a
primeira caixa de câmbio automática de 10 marchas para tração traseira.
Sendo justo,
trata-se de um dos esportivos que mais se aproxima de um carro esporte, sem
todos os refinamentos e nem a mesma capacidade de acelerar e frear.
Em geral, quando nova geração estreia a primeira atualização
surge após quatro anos. No caso do Mustang, ocorreu no terceiro ano (2017) e,
assim, a filial brasileira da Ford decidiu importar o cupê só agora.
Além do
novo câmbio (antes de oito marchas), há refinamentos na suspensão traseira e na
aerodinâmica, como o defletor agregado ao para-choque dianteiro a fim de melhor
estabilidade direcional.
Essa versão GT Premium Performance Pack tem todos os
opcionais e é a mais cara disponível nos EUA (exceto o Shelby GT500). Motor V-8,
5-litros aspirado chega a instigantes 7.000 rpm.
A potência de 466 cv é igual à
disponível na origem e entrega mais 10 cv que a versão vendida na Europa, onde
conseguiu os melhores resultados de venda na sua história. Materiais internos
de acabamento são bons (suaves ao toque e couro), mas há também plástico duro.
Impressionam as configurações possíveis do quadro de
instrumentos, que obedecem a uma lógica em razão das cinco escolhas possíveis
do modo de conduzir.
É possível ainda “queimar” os pneus de tração por meio de
um comando que freia as rodas dianteiras e libera potência para as traseiras.
Trata-se de capricho caro, pois os pneus são Michelin de alto desempenho (275/40
R19; na frente 255/40 R19). Som do escapamento varia entre o ronco de pista e o
bem silencioso para não incomodar a vizinhança...
Logo ao colocar as mãos no volante, para algumas voltas no autódromo
de Interlagos, uma curiosa constatação. Volante é totalmente circular, sem base
achatada que equivocadamente se tornou sinônimo de “esportividade. Sua pegada
ótima antecipa a precisão esperada ao contornar as curvas mais difíceis do
circuito.
Comparado às gerações anteriores, o acerto geral desse Mustang –
motor, direção, freios e suspensões – atinge um nível de emoção e prazer ao
dirigir surpreendentemente evoluído.
Claro que 1.783 kg em ordem de marcha cobram empenho de quem
deseja guiar mais rápido ou até freios mais potentes, porém, do jeito que está,
não leva desaforo para casa.
RODA VIVA
MARÇO completou um trimestre de
recuperação de vendas. Em relação ao mesmo período do ano passado, o
crescimento foi de 15,6% entre veículos leves e pesados. Esse resultado reduziu
a capacidade ociosa da indústria para menos de 40% com ajuda das exportações.
Em condições normais o equilíbrio ocorre ao se atingir 20% de ociosidade, o que
ainda pode levar dois anos.
APESAR do avanço e vendas diárias
terem superado o patamar de 10.000 unidades, a Anfavea vai esperar até meados
do ano a fim de revisar (para cima) as previsões. Mas, a Fenabrave, associação
das concessionárias, reavaliou desde já as projeções. A entidade, no começo do
ano, previa recuperação de quase 12%, mas agora confia em crescimento de 15,3%
sobre 2017.
COMBINAÇÃO virtuosa, no Renault Captur,
entre o motor de 1,6 L/120 cv (etanol) e o câmbio automático CVT. Maior parte
do uso em SUVs de menor porte ocorre em cidade, onde dispensar pedal de
embreagem encontra cada vez mais adeptos. Como todo CVT, respostas são um pouco
lentas, o que não atrapalha tanto em uso urbano. Em estradas, exige mais
paciência.
VOLVO XC40 chegou na hora certa para
a marca sueca. Como SUV de entrada, “herdou” vários equipamentos dos modelos
maiores XC60 e XC90, inclusive assistentes de frenagem automática para evitar
atropelamento e de controle contra saída de pista, além de tela multimídia de 9
pol. Preços entre R$ 169.950 e 214.950. Espera crescer até 50% em 2018 sobre
2017.
PREVISÕES da consultoria Gartner dão
conta de que um em cada cinco veículos leves rodando no mundo será equipado com
alguma forma de conexão sem fio até 2020. Significará frota global de 250 milhões
de unidades. Resultará em aumento expressivo de processamento de dados a bordo
e que subirá exponencialmente depois com diferentes níveis de automação.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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