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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

VAMOS BEBER VINHO // Manu Damin, sommelière, professora do Senac RS, em entrevista ao Blog ressaltou que o consumo de vinho, inclusive o nacional, triplicou e deu importantes dicas sobre marcas e harmonização de vinhos




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https://youtu.be/_fexfL5vepo?si=KRu6NGWSWcjoxecd


Texto e fotos: Arnaldo Moreira

Da esq., Daniel Grommnn, Manu e Arnaldo

De férias no Rio de Janeiro, a sommelière Emanuelli Damin, carinhosamente tratada por Manu Damin, professora do curso de sommelier do Senac de Porto Alegre, concordou em encontrar-se comigo o Santo Empório, uma aconchegante rotesserie do Daniel Grommann, na Rua das Laranjeiras, 29 loja 228, bem perto da estação de Metrô do Largo do Machado, para fazermos um entrevista em que ela falasse sobre o que mais entende: VINHO - embora, confessou, não descarte uma cerveja bem gelada - , para a coluna do Blog VAMOS BEBER VINHO.

Manu especializou-se em vinhos na França. Morou em Bourdeaux, depois em Montepellier, e fez cursos de sommelier em Porto Alegre, onde também se especializou em comércio de vinhos.

Segundo ela, o consumo de vinhos no Brasil triplicou nos últimos três, quatro anos, com o advento da pandemia em que as pessoas ficavam mais em casa e se viram mais abertas à descoberta de novos sabores e tendo o vinho esse modelo intimista, romântico criou-se de fato um novo conceito sobre o vinho. E nos restaurantes o consumo cresceu também. Hoje, se bebe muito mais vinho do que há alguns anos.

O consumo médio do vinho no País cresceu e vimos as vendas triplicarem dos vinhos nacionais, a maioria produzida no Rio Grande do Sul.


Sobre o custo elevado dos vinhos nacionais, que apesar da importação os estrangeiros têm preços menores em relação aos nossos, Manu comenta que no Brasil não temos uma tradição centenária de consumo de vinho como na Europa, nem uma produção em larga escala.

Um dos motivos do vinho nacional ser caro começa na logística de distribuição porque moramos num país de dimensões continentais e todo o transporte dos produtos é feito por caminhão, com o preço do combustível impactando no custo final e em segundo lugar é sem dúvida a tributação. 

Na Europa, continua Manu, o vinho faz parte da cultura alimentar e sua tributação é a mesma de um alimento, ou seja o vinho paga um imposto de produto alimentar enquanto no Brasil o vinho é tributado como bebida alcoólica, muito mais elevado, e isso vai impactar no seu preço ao consumidor. 


Além disso, reforça Manu, a maior parte dos elementos para engarrafamento são importados, a cortiça das rolhas, as garrafas, pois não temos ainda no Brasil produção suficiente de garrafas que atenda à demanda das vinícolas. "Noto, no entanto, que esse problema vem diminuindo, com o surgimento de vinhos de muito boa qualidade com valores mais acessíveis", reconheceu.

- Vimos notando uma boa procura de espumantes brasileros, produto que aliás vem ganhando espaço importante no mundo pela excelente qualidade. Como você analisa essa questão, perguntei.

- Os vinhos com borbulhas, como chamamos tecnicamente os espumantes, nacionais estão muito competitivos pela melhoria de sua qualidade com prêmios diversos ganhos pelo mundo. Destaco sem dúvida os espumantes brasileiros que vêm melhorando significativamente a cada safra. Hoje, vale muito mais a pena bebermos espumantes nacionais. 

Manu lembrou, por exemplo, o espumante Nature do Rio Grande do Sul que não tem açucar adicionado. E os vinhos tranquilos como chamamos os vinhos sem borbulhas, de produção brasileira têm ficado muito mais competitivos pela sua boa qualidade.

Lágrimas do vinho. O vinho chora?

A sommelière Manu deixa claro que vinho não chora. As lágrimas do vinho, garante não querem dizer que o vinho chore. 

As lágrimas estão diretamente ligadas ao seu teor de álcool: quanto mais devagar a lágrima descer pela taça mais alcoólico é o vinho. 

O álcool evapora por ser uma substância volátil e a alta tensão superficial que ficou ali na parede da taça (já que praticamente só tem água, uma vez que o álcool evaporou) faz com que surjam as gotas que voltam em forma de filete, devido à força da gravidade.

Resumindo, as lágrimas do vinho formam-se porque as velocidades de evaporação da água, do álcool, e suas tensões superficiais são diferentes. Sendo assim, elas estão diretamente ligadas ao teor alcoólico da bebida. Quanto mais elevada for a concentração alcoólica, mais abundantes serão e mais lentamente cairão as lágrimas.


ASSISTA O VÍDEO, CLIQUE NO LINK ABAIXO:
https://youtu.be/kdpMBeGmPJc?si=l4PAOEEN-w9DntAe

Fado, vinho da região de Lisboa

Um dos vinhos apontado por Manu foi o Opta, vinho português da região do Dão, não tão difundida aqui no Brasil, como os do Alentejo e do Douro. "Eu acho que o resultado final desses vinhos do Dão que têm um resultado final desses vinhos é de muita fruta negra, dura, são vinhos muito redondinhos, muito fáceis de beber com uma boa aceitação", explicou.

Outro vinho avaliado por Manu foi o Fado, português da região de Lisboa, que tem um ótimo custo x benefício. É um vinho de boa qualidade, tem um preço mais econômico. É uma boa opção, garantiu.

Dos vinhos brasileiros, Manu voltou a lembrar os espumantes "como os próprios espumantes da Chandon que se estabeleceu na serra gaúcha para elaborar espumantes de excelente qualidade. Desde a fundação da Chandon em Garibaldi houve um crescimento considerável da produção na serra gaúcha região de Garibaldi, Vale dos Vinhedos que hoje oferecem um leque enorme de opções de excelentes vinhos.


Manu separou um espumante Naturi, de edição limitada, um espumante seco. As pessoas acham que o Brut equivale a um vinho seco, mas na verdade o Brut tem muito mais açucar do que o vinho seco, já o espumante Naturis não tem açucar adicionado, tem somente o açucar residual das leveduras, tendo 0,3 gr. de açucar por litro que a leveduras não transformaram em açucar e isso acentua outras notas, os aromas do espumante. A dica dela é que as pessoas que não podem ingerir bebidas açucaradas podem usar o espumante Naturi.

Manu sugeriu ainda o tinto Miolo produzido no Vale do São Francisco. 


Da vinícola francesa Sauternes, ela sugere o vinho de sobremesa branco Les Compères, safra 2019, um vinho nobre cujas uvas são atacadas por um fungo que além de um sabor especial tem uma coloração dourada intensa. "É um vinho espetacular, congêre do Vinho Porto, mas menos adocicado, mas leve", garantiu.

Para acompanhar uma pizza, ela defende a escolha de um espumante, que identifica como um coringa que se adapta a vários sabores de pizza, afinal é muito complicado harmonizar porque cada ingrediente vai trazer uma harmonização com o vinho, porque o vinho não pode apagar a comida, nem a comida pode apagar o vinho, essa é a primeira regra. Essa combinação criar uma terceira opção é o melhor dos mundos.

Manu sugeriu um vinho para acompanhar um queijo parmesão um tinto mais encorpado, já um queijo mais leve já pede um vinho mais leve, tipo um branco.

- Manu, qual tipo de vinho que vc gosta mais?, perguntei.

O vinho que mais gosto é sempre o próximo vinho. A minha relação com o vinho é sem dúvida a da descoberta, conhecer novas e diferentes notas e sabores. 

- Manu, obrigado pela entrevista e até o próximo vinho.

- Então, até o proximo vinho, Arnaldo.




 


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