Coluna Fernando Calmon
Nº 1.287 — 9/2/2024
VW eleva investimentos no Brasil e
aposta mais em híbridos que elétricos
A fabricante alemã
antecipou seus planos para o País e elevou o total investido que antes era de
R$ 7 bilhões até 2026 para R$ 16 bilhões até 2028. Esse montante inclui 16
lançamentos e quatro modelos inéditos no mercado brasileiro. A VW não revelou
quais são os produtos inteiramente novos, além das evoluções periódicas dos
produtos atuais.
O presidente da
empresa, Ciro Possobom, marcou o posicionamento mercadológico em encontro com a
imprensa. “A estratégia do Brasil não pode ser igual à chinesa, que deu
prioridade ao carro elétrico. Acreditamos no motor flex e não está nos planos
uma mudança radical, pois aumentaria demais os custos de produção. O flex é um
ativo do país e um híbrido desse tipo faz mais sentido.”
Veículos elétricos (VE)
não estão incluídos, nessa rodada de investimentos em manufatura, pois a
previsão é apenas para 2030, embora a empresa vá importar pelo menos mais um VE
até 2028. A VW contempla investimentos em todas as suas quatro fábricas,
inclusive a de motores em São Carlos (SP), onde será produzido o novo TSI de
1,5 litro flex que atende aplicação híbrida.
O modelo para São
José dos Pinhais (PR) deverá ser uma picape intermediária na mesma faixa da Rampage
e da Toro. Talvez o nome Tarok seja o escolhido, mas de porte maior que o
protótipo exibido no Salão do Automóvel de 2018. São Bernardo do Campo (SP) estará
comprometida com a nova arquitetura híbrida flex MEB Hybrid e dois produtos
inéditos.
Possobom adiantou
que também haverá um modelo somente com motor a combustão em São Bernardo. Quem
sabe uma Saveiro de cabine dupla e quatro portas, hoje apenas com duas portas?
A concorrente direta Strada, líder absoluta, tem 60% de suas vendas
concentradas nas de quatro portas. Um segundo novo produto será híbrido flex,
talvez baseado no Virtus.
Para Taubaté (SP)
tudo indica um inédito SUV compacto que será bem diferente do crossover Nivus. O
executivo descartou a entrada da marca no segmento de subcompactos, onde
concorrem apenas Kwid e Mobi.
Esta semana o banco
estatal BNDES aprovou um financiamento de R$ 500 milhões para VW desenvolver
produtos “alinhados à sustentabilidade, à eficiência e à transição energética
para os próximos anos”. Valor meramente simbólico: apenas 3,1% do investimento total
do fabricante.
Mercado começa o ano com vendas encorajadoras
Fenabrave viu a
confirmação, pelo menos no primeiro mês do ano, que as vendas ao mercado
interno de veículos leves e pesados em 2024 devem surpreender. Foram comercializadas
161.601 unidades que representaram 13,2% a mais que janeiro de 2023. Se
considerados apenas os veículos leves o avanço foi de 16,8%.
A média de
emplacamentos foi de 7.300 unidades/dia, o melhor resultado para janeiro dos últimos
três anos.
Para o presidente da
associação, Maurício Andretta Jr., há uma melhora na venda no varejo de
automóveis e comerciais leves, respondendo por 60% do total. Ele atribui isso “ao
custo e ao acesso ao crédito que melhoraram a partir do último trimestre de
2023. Aliados à expectativa de redução dos juros básicos (taxa Selic) ao longo
de 2024, podem incrementar a disponibilidade e diminuir a restrição de crédito
por parte dos agentes financeiros”.
Durante vários meses no ano passado o mercado corporativo
dominou a participação entre veículos comercializados. Locadoras também tiveram
um 2023 muito forte no último trimestre. Para 2024 a Fenabrave prevê,
preliminarmente, que o mercado interno crescerá 12% e a Anfavea estima um
avanço bem menor, de 6%.
Os números podem sofrer revisões à medida que a economia
brasileira reagir. Em 2023 o avanço deveu-se à grande safra agrícola plantada
em 2022. No entanto, este ano não se repetirá por razões climáticas.
Economistas esperam números para o PIB bem mais discretos e isso se reflete nas
vendas de veículos.
Mudanças em análise no STF da lei Renato Ferrari, que regula as vendas entre fabricantes e concessionárias, têm potencial de gerar atritos entre as duas partes. Marcas chinesas vêm usando o expediente da venda direta para pessoas físicas, que contorna a atual lei, o que se reflete em preço menor aos compradores em razão da menor incidência de imposto.
Honda ZR-V se insere bem em segmento disputado
SUV que tomou o lugar do sedã Civic no Brasil (agora só com
o Type R), seguindo a onda mundial de suvização
do mercado, o ZR-V enfrenta bem a forte concorrência. Vindo do México, portanto
isento de imposto de importação, dispõe de motor 2-litros, apenas a gasolina,
com 161 cv e 19,1 kgf·m. Câmbio é um CVT de sete marchas. O ZR-V mostra bom
desempenho, mas a diferença de potência em relação, por exemplo, ao líder
Corolla Cross (177 cv e 21,4 kgf·m com etanol) dá para sentir. Não chega a decepcionar,
em especial no modo Sport, porém nesse aspecto um dos principais concorrentes o
supera.
O estilo está entre os pontos altos. Discreto onde pode,
mais arrojado onde deve. Destaques para desenho dos faróis de LED, vincos
laterais e ponteira de escapamento cromada. No interior, o assoalho plano
traseiro proporciona bom espaço para três passageiros e há duas portas USB-C,
mas sem saídas para ar-condicionado. Porta-malas de 389 litros poderia ser um
pouco maior. Traz tela multimídia de 9 pol. com espelhamento de Android Auto, Apple
CarPlay e carregamento de telefone celular por indução.
Posição ao volante mais baixa, bancos com firmeza e boa
sustentação lateral, além de freio de estacionamento de imobilização automática
(auto hold) são pontos de honra para a
Honda.
Preço: R$ 214.500.
Sindipeças comemora 70 anos e atualiza sua história
Nada como um bom livro para testemunhar a grande evolução da
indústria automobilística no Brasil. O Sindicato Nacional da Indústria de
Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) foi e é um dos grandes impulsionadores
de uma atividade que começou em 1957 timidamente com apenas 30.542 unidades fabricadas
e atingiu o pico de 3.739.525 em 2013.
Um pioneiro, Ramiz Gattás, contou a história do setor de
1957 a 1980 sob o título “A Indústria Automobilística e a 2ª Revolução
Industrial no Brasil”. Gattás atuou desde 1951, quando foi o secretário da
então Associação Profissional da Indústria de Peças para Automóveis e Similares.
O atual Sindipeças, ao completar 70 anos, lançou uma
continuação impressa no final de 2023. O jornalista Marcos Rozen foi
responsável pela atualização histórica: “A Revolução na Indústria de Veículos e
de Autopeças no Brasil”. Interessados
podem ter acesso a uma versão digital no hotsite https://sindipecas70anos.com.br
.
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