Coluna Fernando Calmon
Nº 1.297 — 19/4/2024
Salão do Automóvel voltará
possivelmente em novo local
Foi no dia 12 deste
mês em que a Anfavea inaugurava sua nova sede que veio a confirmação. Alcançado
o consenso entre as 26 associadas da entidade, o seu presidente, Marcio Leite,
ainda não anunciou uma data formal, mas acenou com o período entre os últimos
meses deste ano e os primeiros de 2025. O otimismo com recuperação das vendas
neste e nos próximos três anos pode ter sido o catalisador. No entanto, o
escopo do novo Salão do Automóvel será diferente e comentado adiante.
Com os problemas
originados na pandemia da Covid-19, as grandes exposições mundiais setoriais
perderam fôlego. Recentemente o Salão de Genebra (26/2 a 3/3) teve adesão muito
baixa, apenas oito expositores.
O Salão de Detroit
tentou inovar mudando o período de exposição do inverno para o verão, mas não
deu certo. Este ano não se realizará e a volta só ocorrerá em 2025 sob
temperaturas congelantes de janeiro como sempre.
A gigantesca exposição
bienal de Frankfurt nos anos ímpares foi trocada por um evento muito mais
discreto em Munique e focado em Mobilidade no ano passado. E o bienal Salão de
Paris, realizado em 2022, também se retraiu, prestigiado apenas por marcas
francesas e chinesas. O evento voltará este ano de 14 a 20 de outubro.
O Salão do Automóvel
de São Paulo terá três mudanças a fim de atrair mais público. Deve voltar
(ainda sem confirmação) ao agora totalmente modernizado e climatizado pavilhão de
exposições do Anhembi, na região central da capital. Os testes de veículos
abertos ao público serão incrementados. Pela primeira vez se permitirão
operações comerciais nos estandes (desejo sempre rejeitado pelos
organizadores). As tratativas envolvem a Fenabrave, associação nacional das
concessionárias.
Resta comemorar essa
volta, depois de seis anos, com a confiança de que os mais de 700.000
visitantes da última edição, em 2018, sairão tão ou mais satisfeitos.
Compass e Commander: novo motor e garantia de 5 anos
A Jeep não se
acomodou na liderança de mercado de seus dois modelos de SUVs, de cinco e sete
lugares (este também com versão de cinco lugares): ao final de 2023, o médio-compacto
detinha 42% de participação e o médio-grande, 22%. Ambos à frente dos concorrentes
diretos da Toyota, Corolla Cross e SW4, respectivamente. Compass tem liderança
folgada, porém o Commander é seguido de perto pelo SW4 e o GWM Haval H6.
Ambos os modelos 2025
agora oferecem um motor a gasolina (importado) que vira o jogo em termos de
desempenho, nas versões de topo Blackhawk. Trata-se da mesma unidade importada Hurricane
da picape Ram Rampage, 2-litros turbo, 272
cv e 40,8 kgf·m. Câmbio é automático epicíclico de nove marchas.
No lançamento em
Punta del Leste, Uruguai com cronometragem eletrônica a bordo o Compass acelerou
de 0 a 100 km/ em empolgantes 6,76 s e o Commander, por ser maior e ter mais
massa, cravou 7,32 s. São os mais rápidos de seus respectivos segmentos.
Os motores Diesel
(importado) de 170 cv/35,7 kgf·m e turbo flex produzido no Brasil de 185 cv/27,5
kgf·m continuam em ambos os modelos. Os câmbios são sempre automáticos de nove
e seis marchas, respectivamente.
A inédita versão de
topo Blackhawk é a mais atraente, mas todas as outras seis receberam nova grade
do radiador e rodas de liga leve de 18 ou de 19 pol. Especificamente nesta
versão, a grade tem acabamento em cromo escurecido, pinças dianteiras pintadas
em vermelho e bancos em camurça e couro.
Ambos os bancos
dianteiros oferecem ajuste elétrico (no Commander, duas memórias para o do motorista).
Abertura elétrica da tampa do porta-malas tem sensor de presença (chute por
baixo do para-choque). O modelo de maior porte oferece 158 mm a mais na
distância entre-eixos e se destaca pelo amplo espaço interno tanto nas versões
de cinco quanto de sete lugares.
Um avanço importante
em segurança é o sistema ativo de direção ao combinar centralizador de faixa de
rolagem ao controlador automático de cruzeiro com função para-e-anda. No
Compass destacam-se detector de cansaço do motorista e o reconhecimento de
placas de trânsito, incluindo alertas visual e sonoro ao se exceder velocidade máxima
permitida.
De forma geral, a
dirigibilidade de ambos os modelos sobressai pela ótima sensação ao volante,
comportamento em curvas e os tradicionais recursos de ponta 4x4 para uso fora
de estrada. A garantia em ambos os SUVs passou de três para cinco anos, sem
limite de quilometragem, retroativa ao ano-modelo 2022 em diante.
Para quem não
espera, carro também baixa de preço no Brasil. Os dois Jeeps receberam cortes
de R$ 5.000 a R$ 40.700
Compass: R$ 179.990
a R$ 279.990. Commander 5-lugares/7-lugares: R$ 217.990 a R$ 321.290.
Nervos à flor da pele: Alfa Romeo troca nome
Milano por Junior
Certamente é estranho,
mas o governo italiano barrou a pretensão da Alfa Romeo de lançar um crossover
compacto híbrido com o nome Milano. De fato, a marca italiana tem origem na
cidade homônima (em português, Milão) com uma enorme tradição de esportividade desde
1910. Nasceu apenas como A.L.F.A (Anonima Lombarda Fabbrica Automobile) e
depois se fundiu com a empresa de Nicola Romeo em 1918, passando a Alfa Romeo.
Em resumo, durante décadas no escudo circular da empresa aparecia Milano em
destaque na parte de baixo. Com uma nova fábrica no sul da Itália, o nome
desapareceu do logotipo a partir de 1970.
Opção por Junior foi
natural, pois a marca já o havia utilizado como subnome desde 1965 com o GT 1300
Junior. A birra do governo italiano tem a ver com as discórdias em relação aos investimentos
do grupo Stellantis na Polônia. O argumento foi que os consumidores estavam
sendo enganados, pois se tratava de um carro polonês. Uma bobagem, pois há diversos
carros que homenageiam cidades sem nenhuma fábrica instalada no local: Kia Rio,
Hyundai Tucson, Seat Leon, Bentley Mulsanne para citar só alguns. E vários
outros modelos na história do automóvel seguiram o mesmo tema.
A Stellantis poderia
ignorar a pressão sofrida, mas preferiu contemporizar. O governo da Itália até
já cogitou adquirir uma pequena participação no conglomerado franco-ítalo-americano,
mas as tratativas emperraram. Depois o governo quis atrair a chinesa Chery para
a Itália, o que irritou a Stellantis. Afinal, o atual Júnior custaria 10.000
euros a mais, se não fosse polonês. Haja nervos...
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