Coluna Fernando Calmon
Nº 1.286 — 1/2/2024
Tropeço dos elétricos nos EUA e
Europa pode atrasar eletrificação
Para alguns pode
significar apenas uma freada de arrumação, para outros há preocupações com a
velocidade que a migração de motores a combustão interna (MCI) para elétricos
pode ocorrer em dois dos maiores mercados mundiais de automóveis e veículos
comerciais leves. De fato, acelerar o passo pode não ser a melhor estratégia.
As manchetes dos
sites no exterior indicam claramente a segunda hipótese. Algumas já questionam
se a Europa vai mesmo confirmar o prazo fatal de 2035 de proibir as vendas de
veículos novos movidos por MCI. Os comentários desde agora é que haveria
exceção para os híbridos que conjugam MCI e motor elétrico com baterias menores
e mais em conta.
Veja alguns dos
comentários:
· Ford atrasará investimentos de US$ 12 bilhões
que incluíam uma nova fábrica de baterias no estado americano de Michigan. Para
complicar, legisladores dos EUA querem investigar quatro empresas chinesas envolvidas
na produção daquelas baterias por suspeitas de ligações com militares chineses,
segundo o site Automotive News.
· Jim Farley, CEO da Ford, disse que
compradores não estão aceitando os preços altos dos VEBs (veículos elétricos a
bateria). E espera quadriplicar a produção de híbridos, em especial de picapes.
· GM adiará por um ano a nova fábrica para a
picape Silverado elétrica. Como a Ford, também apontou um recuo das vendas dos
VEBs no último trimestre de 2023, embora pretenda avançar com os novos Blazer e
Equinox, sem fazer previsões.
· CEO da GM, Mary Barra, sempre afirmou que a
empresa só lançaria novos VEBs, porém admitiu voltar a produzir híbridos
plugáveis. Nos EUA a participação total dos VEBs em 2023 foi de apenas 7,7%.
· Tesla reivindicou que tanto governo americano
quanto europeus criassem taxas extras sobre os elétricos chineses. O dono, Elon
Musk, afirmou que estes vão “demolir” a maioria dos outros fabricantes, mas não
inclui a Tesla entre os ameaçados. Estranho uma marca defender alguns de seus
concorrentes e outros não, além de se achar estar a salvo.
· Uma semana atrás Akio Toyoda, CEO da Toyota,
previu que apenas 30% do mercado mundial será de BEVs. O restante híbridos e
motores convencionais movidos a hidrogênio ou gasolina.
· Volkswagen, líder no mercado europeu, além de
adiar a construção de uma nova fábrica de elétricos, cancelou o plano de abrir
o capital (IPO, sigla em inglês) de sua subsidiária de baterias PowerCo. Também
alegou queda de vendas.
· Segunda maior marca europeia, Renault
desistiu de um IPO de sua subsidiária Ampere dedicada à pesquisa e
desenvolvimento de modelos VEBs. Apontou dificuldades no mercado de capitais.
Por fim, a cereja no
bolo. Segundo a agência Bloomberg, a trilionária Apple e maior empresa do mundo
listada em bolsa de valores, anunciou que vai adiar para depois de 2028 o seu
aguardado modelo elétrico. Por mais de uma vez chegou a desmentir o projeto,
quando na realidade só suspendeu os planos. Em um segundo momento, voltou atrás
e os retomou.
Duas coisas são
certas. Os híbridos voltaram ao jogo e de pouco adianta trocar uma maratona por
uma corrida de 100 m rasos.
Porsche 718 Cayman GTS é escolha prazerosa
A Porsche foi o
primeiro fabricante a adotar um motor turbo viável. Antes houve tentativas da
Oldsmobile e da BMW que não deram certo. Até que chegou o Salão de Paris de
1974 e o lançamento do 911 Turbo de 3 litros com “apenas” 264 cv. Já o 718 Cayman
GTS é um cupê esporte raiz de dois lugares com motor central traseiro lançado
em 2005.
Até a geração
anterior à atual o motor era um turbo, agora substituído por um 6-cilindros
horizontais opostos três a três de aspiração natural, 4-litros, 400 cv a 7.000
rpm e 42,8 kgf·m entre 5.000 e 6.500 rpm com câmbio manual de seis marchas.
Acelera de 0 a 100 km/h em 3,9 s, ótima marca.
Em poucas palavras,
o oposto da maioria de hoje com motores turbo e câmbios automáticos até em
carros esporte. E essa é a primeira ótima impressão do Cayman. O motor sobe de
giros parecendo não ter fim até o corte automático a 7.800 rpm. A precisão do
câmbio manual com ótimos engates só empolga. Se o motorista gosta de efetuar curvas
muito rápidas se sentirá totalmente à vontade. Pode-se escolher entre quatro modos
de condução por meio de um botão rotativo logo abaixo do raio direito do
volante: normal, sport, sport plus e individual. Sport plus é para quem sabe
muito bem o que explorar em um automóvel.
O quadro de
instrumentos tem ótima visibilidade. Já o comando do freio de estacionamento
fica do lado esquerdo, ao lado da chave de ignição e partida, porém sem o
recurso do auto-hold, a ativação automática
nas paradas. Volante, de dimensões perfeitas, comanda uma caixa de direção
incrivelmente precisa e com assistência elétrica ideal.
Retenção do banco do
motorista ajuda muito em curvas e o grau de dureza é o necessário para qualquer
tocada rápida e longas viagens. Em capítulo à parte estão a potência e precisão
dos freios, sempre ponto de honra para a Porsche. Por fim, há dois porta-malas:
dianteiro, de 150 litros e traseiro, de 120 litros. Para viagens curtas e
médias dão conta do recado.
Preço: R$ 680.000.
Territory evoluiu e agora, um verdadeiro Ford
O SUV médio
fabricado na China pela Jiangling, uma associada da Ford, realmente é outro
carro. A começar pelas dimensões. Comprimento (4.630 mm) permitiu um
porta-malas de 448 litros e entre-eixos (2.726 mm), espaço ligeiramente maior para
os passageiros do banco traseiro. O estilo também mudou: nada das linhas
generalistas de antes. Territory ganhou em imponência, faróis de LED, rodas de
19 pol. e traseira também redesenhada com defletor de teto robusto. Teto solar
panorâmico continua de série.
Internamente chama
atenção a tela única (inspirada nos Mercedes-Benz). Tanto o quadro de
instrumentos quanto o multimídia têm 12,3 pol. Mas não é tão prático de
manusear, exigindo sair do espelhamento do celular (Android Auto e Apple
CarPlay) para mudar o modo de condução ou a temperatura do ar-condicionado. O
acabamento muito bom inclui superfícies agradáveis ao toque e transmite refinamento.
Seletor de câmbio tem botão rotativo e há também freio de imobilização
automática no para e anda do trânsito.
Motor 1,5 L turbo, a
gasolina, ganhou 19 cv, saltando para 169 cv e também 2,6 kgf·m passando a 25,5
kgf·m. Abandonou a insossa caixa de câmbio CVT e agora há uma automatizada de
duas embreagens em banho de óleo e sete marchas. Trata-se de um conjunto com
diferenças bem marcantes em relação ao trem de força anterior e respostas
imediatas ao acelerador. Aceleração de 0 a 100 km/h em 10,5 s pelo velocímetro
Google Maps.
Preço atraente frente
aos principais rivais: R$ 209.990.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça seu comentário