Nº 946 — 22/6/17
Fernando Calmon
INFLUÊNCIAS DO
PASSADO
Automobilismo de competição tem demonstrado longo histórico
de contribuições aos automóveis convencionais utilizados em ruas e estradas de
todo o mundo.
Claro que categorias de ponta como Fórmula 1, protótipos do WEC
(em inglês, Campeonato Mundial de Resistência) e de Rali desenvolvem projetos sofisticados
cujas inovações são bastante caras e dificultam a migração direta para carros
do dia a dia.
Porém, não invalida as pesquisas e os esforços técnicos que
as corridas exigem sem parar. Os regulamentos mudam de tempos em tempos e
renovam os desafios.
Por fim, se nem tudo pode migrar diretamente das pistas para
as ruas, a relação de componentes utilizados em pistas e depois nos automóveis
comuns é, de fato, extensa.
Em 1990, a FIA (Federação Internacional do Automóvel) fez um
primeiro levantamento de inovações originadas nas pistas desde o início das
competições no final do Século 19.
Foram 87 itens que entraram em produção em
curto prazo, geralmente nos automóveis mais caros, e depois em modelos de alta
produção em prazos variáveis.
Para começar, os chassis desenhados para carros, sem inspiração
nas carruagens, surgiram com a primeira corrida oficial entre Paris e Rouen, em
1894.
Nos motores, dezenas de novidades, como os de altas rotações a partir de
1908, os compressores (1907), duplo comando e multiválvulas (1912).
Caixas de
câmbio de cinco marchas desde 1911. Tração 4x4 começou em 1906, mas levou 60
anos até chegar a um carro esporte.
Primeiro freio a disco, estreou na 24 Horas
de Le Mans de 1953 e apenas dois anos depois já estava em modelo de produção.
Até o simplório espelho retrovisor começou nas corridas em 1911.
A prova de 24 Horas de Le Mans, etapa principal do WEC no
fim de semana passado, levou este colunista de volta ao circuito 47 anos depois
de transmitir a prova em boletins ao vivo para a extinta TV Tupi.
A
infraestrutura atual é tremendamente melhor, desde o paddock, boxes, edifícios
de apoio e até aeroporto a menos de um quilômetro da pista.
Em 1970, um Porsche, o emblemático 917, venceu pela primeira
vez na classificação geral e este ano a marca conseguiu sua 19ª vitória.
Quando
decidiu retornar a Le Mans, em 2014, desenvolveu o 919 Híbrido que utiliza um
motor V-4 turbo, gasolina para tracionar as rodas traseiras e um motor elétrico,
para as rodas dianteiras.
O mais interessante: duplo sistema de recuperação de
energia por meio dos freios e dos gases de escapamento. Armazenamento é numa bateria
de íon de lítio. Curiosamente, solução que veio das ruas – do supercarro 918 – para
as pistas.
Quanto ao motor V-4 não é mais utilizado em carros de rua
(por enquanto...). Mas, antes de chegar a alguns modelos Ford, Matra e Saab em
1962, esse configuração estreou em corridas em 1898. Que mundo pequeno...
RODA VIVA
NOVO Polo, de sexta geração, apresentado de forma estática,
semana passada em Berlim, chegará ao Brasil em outubro (poucas semanas depois
da Alemanha). Apenas em dezembro atingirá capacidade total de produção.
Estilo
é evolucionário nos conceitos da marca alemã, mas o interior agrega painel e
quadro de instrumentos de grande impacto visual.
COMPARADO ao Polo IV que saiu de linha aqui há menos de três
anos, em dezembro de 2014, diferenças são marcantes: comprimento, 4,05 m (mais 16 cm ); largura, 1,75 m (mais 10 cm ); entre-eixos, 2,56 m (mais 10 cm ); porta-malas, 351 L (mais 101 L ). Nenhum dos compactos
atuais poderá rivalizar em termos de espaço, equivalente ao do antigo Golf IV.
PLATAFORMA do Polo vai gerar mais três produtos: sedã Virtua
(fevereiro 2019), produzido em S. Bernardo (SP); SUV T-Cross (maio 2019) e
picape Saveiro (dezembro 2019), fabricados em S. José dos Pinhais (PR) ao lado
do Fox e do Golf.
Para conviver com o Polo a VW abaixará os preços do Fox, que
continua em produção até o final de 2021, juntamente com SpaceFox argentino.
CHEVROLET Tracker coloca-se bem no segmento de SUVs
compactos especialmente pelo desempenho do motor turbo de 1,4 L/153 cv
(etanol).
Embora tenha potência menor que o 2-litros do Creta, torque maior
garante desempenho superior no uso cotidiano. Espaço interno é razoável, mas
porta-malas de 306 litros
só ganha do Renegade. Muito boa a direção eletroassistida.
FALTAVA ao Captur um câmbio automático para o motor de 1,6 L a fim de atender a
crescente procura de maior comodidade no uso urbano.
Nessa faixa de preço, representa em média mais de metade das vendas. Renault oferece agora um CVT, de
seis marchas virtuais, origem Nissan, que limita discretamente o desempenho do
modelo. Preços de R$ 84.900 (versão Zen) a R$ 88.400 (Intense).
CONTINUAM as discussões nos EUA sobre regulamentação de
carros autoguiados. Fabricantes estão apreensivos em razão de a tecnologia
avançar mais rápido que o esperado.
Ainda há dúvidas se vão prevalecer as
legislações estaduais ou a federal. Indústria quer ter voz ativa no processo,
pois desenvolvimento de inteligência artificial vem resolver muitos problemas.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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