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sábado, 30 de dezembro de 2017

Carros blindados, utilitários e motos com valores abaixo da tabela serão leiloados pela SOLD em todo o Brasil. Serão diversos pregões realizados em janeiro de 2018


Uma das líderes no segmento de leilões eletrônicos, a SOLD está promovendo uma série de leilões que incluem carros de luxo, blindados, de passeio, utilitários e motos com valores abaixo da tabela.

Os itens já estão abertos para lances e os pregões serão encerrados em janeiro de 2018. Para visitar os veículos basta fazer um agendamento prévio no site da SOLD.

Entre os destaques estão diversos lotes com mini motos ofertadas com lances iniciais a partir de R$ 640; 
um Ford Fiesta Hatch Edge modelo 2003 está com lance inicial de R$ 4 mil; 
um Chery QQ3 1.1 modelo 2012 com lance inicial de R$ 7,1 mil; Citroen C4 Picasso Blindado Nível NIJ IIIA executivo modelo 2013 está com lance inicial de R$ 21.130,00; Hyundai Tucson GLSB modelo 2013 com lance inicial de R$ 25 mil; 
Toyota Corolla GLI 1.6 modelo 2012 com lance inicial de R$ 28 mil; 
uma BMW X1 modelo 2015 com oferta inicial de R$ 66 mil; e um Volvo XC60 2.0 modelo 2016 que está sendo ofertado inicialmente pelo valor de R$ 75 mil.

De acordo com o leiloeiro da SOLD, Henri Zylberstajn, esta é uma oportunidade para quem quer comprar um veículo com um bom custo-benefício. 

"Além disso, uma das facilidades que o leilão eletrônico oferece é a garantia de compra de um bem com preço diferenciado associado a segurança e à comodidade", explica.

Confira todos os lotes no link: http://www.sold.com.br/lote/lista/tag/carros_pecas.

Como participar
Qualquer pessoa pode participar dos leilões: basta se cadastrar no site www.sold.com.br, criar um login e senha e se habilitar para ofertar lances no leilão de interesse. A partir daí, é só acompanhar os lances no dia marcado para o encerramento. O método usado na internet é o mesmo de qualquer leilão, isto é: quem der o maior lance leva o produto.

JAC Motors prevê crescer 15% em 2018, com os quatro ou cinco lançamentos, entre SUV's, uma picape e uma van. Este ano, a marca cresceu 40,2%



O mercado brasileiro de automóveis encerra o ano de 2017 exibindo franca recuperação. Em dezembro, o total de emplacamentos foi de 204.691 unidades de automóveis e comerciais leves, registrando aumento de 2,9% quando comparado às vendas do mesmo mês em 2016, com 199.013 veículos. 

No acumulado de 2017, as vendas somam 2.172.449 unidades, o que dá um crescimento de 9,4% quando observado o volume de 2016 (1.986.424 unidades).

Considerando que novembro de 2017 anotou 197.247 unidades, tivemos um aumento em dezembro de 3,8% em relação ao mês anterior. 

Mas é preciso ressaltar que novembro teve 19 dias úteis contra 20 em dezembro. Se compararmos as vendas por dia útil, portanto, tivemos 10.381 unidades em novembro contra 10.235 unidades no mês seguinte, o que indica ligeira retração de 1,4%. Contra dezembro de 2016, as vendas por dia útil tiveram o sólido aumento de 8,1%.

“Enquanto os fabricantes falavam em menos de 7% de crescimento, nós, da JAC Motors, sempre defendemos aumento nas vendas na casa dos 10%. O mercado passou a operar num ritmo mais acelerado a partir de abril e não parou mais”, lembra Sergio Habib.

De acordo com o presidente da JAC Motors Brasil, a expressiva recuperação de um mercado que vinha caindo consecutivamente desde 2012 tem um fator primordial: a taxa Selic. “A queda sucessiva na taxa de juros em 2017 ampliou sensivelmente o volume de negócios. Prestação mais baixa aumenta venda. É simples”.

O executivo dá um exemplo concreto para explicar esse fenômeno. Segundo ele, o cliente que entrou numa concessionária JAC em março de 2017, disposto a adquirir um T5 (cerca de R$ 70 mil), dando 30% de entrada e financiando o saldo em 48 vezes, arcava com um prestação mensal de R$ 1.477. Em dezembro, no entanto, o mesmo modelo de negócio já rendia um pagamento mensal de R$ 117 a menos.

Tanto que Sergio Habib prevê um crescimento de 15% para 2018. “Teremos uma Selic de 7% não somente no finalzinho do ano, como foi em 2017, mas a tendência é que prevaleça essa taxa durante 2018 inteiro. E há muito represamento de consumo. Há milhares de brasileiros que compraram carros em 2012, 2013 e 2014 que queriam trocar por um zero km em 2017, mas ficavam receosos com o custo do crédito. Eles vão comprar agora”, aposta.

JAC cresce mais de 40% no ano
De olho nesse ritmo intenso de crescimento, a JAC Motors já prepara quatro ou cinco lançamentos em 2018, sendo que boa parte desses modelos irá atuar em novos segmentos de mercado, aproveitando-se, inclusive, do final da imposição de cotas que “segurou” o line-up da marca até 2017. “Teremos novos SUV´s, uma picape, uma van... Estimamos dobrar nossas vendas em 2018 frente ao que comercializamos em 2017”.

Em dezembro, a JAC Motors ampliou ainda mais o ritmo de aumento nas vendas que havia demonstrado nos meses anteriores, com alta de 27,4% quando consideradas as vendas de dezembro de 2016 – 641 unidades contra 503 unidades, respectivamente.

No acumulado do ano, a JAC Motors registrou crescimento de 40,2% – versus 9,4% do mercado. Com esse percentual, assegurou uma invejável terceira colocação dentre os percentuais de crescimento de todas as marcas do País. No total, a marca comercializou 3.823 unidades, em 2017.

A indústria automotiva passou 2017 acreditando na recuperação do setor. Mas a indecisão de políticas sérias e firmes por parte do governo pode resultar numa fase de dúvidas e indefinições, que vão atrasar os próximos passos do setor. Vamos ver como será e o que esperar de 2018



COLUNA 
MECÂNICA ONLINE®

30 | DEZEMBRO | 2017 | 



As marcas de 2017 e o que esperar de 2018


O hodômetro já está próximo de mudar de quilometragem percorrida. Vamos celebrar um novo ano passando a rodar no km 2018 com muito do que foi revelado em 2017. 

Aqui não é diferente, temos as marcas do que se foi e os sonhos que vamos ter. Não tem como fugir desse tema no final do ano em nossa coluna, mas o clima de trabalho realizado e a preparação para começar ainda melhor precisam ser comemorados por todos nós.

A realidade brasileira é muito difícil. Temos um desemprego altíssimo, uma violência de guerra nas ruas, justiça lenta e políticos que trabalham em causa própria. Vamos sobrevivendo, mas não está fácil para ninguém.

A indústria automotiva está sempre acreditando na recuperação. Mas a indecisão de políticas sérias e firmes por parte do governo pode resultar numa fase de dúvidas e indefinições, que vão atrasar os próximos passos do setor.

Na coluna passada abordamos os “Melhores Veículos de 2017 para 2018”. Hoje o assunto fica nas marcas e desejos que teremos para o novo ano.
A Honda criou um segmento único, seu, com o lançamento do WR-V. Caro, o cliente investiu mais pelo pós-venda e imagem que a marca possui no mercado, que nos itens oferecidos no modelo. 

Vida difícil num mercado cada vez mais concorrido. A esportividade está na agenda da marca com Honda Civic Si. No início do ano será a vez da quinta geração do CR-V, que ganha novo tamanho, refinamento e motor turbo.

A Renault bem que poderia usar o slogan da irmã Nissan pelo seu “atrevimento”. Com design marcante e a opção da transmissão automática de seis velocidades, o Captur encanta por onde passa. Mas o atrevimento ficou por conta do lançamento do Kwid. Muitas pessoas curiosas perguntavam sobre o “suv” pequeno da Renault.

A marca conseguiu conquistar os clientes antes mesmo do lançamento. Adequado para sua proposta, o Kwid surpreendeu positivamente e negativamente o consumidor: ágil, econômico e até mesmo espaçoso. 

Já um recall de todos os modelos produzidos assustou, mas a Renault fez os devidos ajustes e o modelo já é oferecido até na Argentina. Em 2018 a fabricante deve atualizar o Duster no visual e reforço na lista de equipamentos.

2018 com certeza será um ano de boas novidades no segmento das picapes grandes. Renault (Alaskan), Mercedes-Benz (Classe X) e Nissan preparam boas notícias. 

Ainda assim, a Nissan conseguiu acelerar o processo e lançou a nova Frontier. Única grande novidade no ano em seu segmento, conquistou muitos prêmios e mostra bons eventos mecânicos e de construção.

Falando em japonês, a Toyota é outra fabricante que tem conquistado seu merecido reconhecimento no mercado. Investindo em modelos confiáveis como o Corolla, que ficou mais seguro, tem o Etios muito bem em seu segmento e de reputação com o consumidor. 

Hilux ficou mais esportiva e tecnológica, mas tecnologia de verdade e inovadora quem oferece é o híbrido Prius, que já começa a conquistar um número maior de consumidores. Em meados de 2018 será a vez do hatch Yaris, que ficará posicionado entre o Etios e o Corolla chegar por aqui.

A Audi fortalece sua presença no Brasil. A3 e Q3 são destaques em eficiência energética e bom comportamento dinâmico. Novos Q5 e A5 vão no mesmo caminho, com a diferença do tamanho. Nova geração do A8, que combina inteligência artificial e direção autônoma chega no próximo ano.

A Ford começou 2017 com mais uma versão para o Ka, a Trail. Comportado e justo, o modelo de entrada da marca agrada quem procura economia e boa dirigibilidade. 

Renovação do ano, o EcoSport ganhou a inédita motorização 1.5 litro com três cilindros e foco na eficiência energética mas sem perder na dinâmica. Desafio não é fácil. New Fiesta também ganhou modificações de estilo. Logo no início do próximo ano será a vez do Mustang ganhar as ruas brasileiras.

Em 2017 acompanhamos o nascimento da Nova Volkswagen e muitos investimentos. Não por acaso o Carro do Ano, prêmio promovido pela AutoEsporte, elegeu o Novo Polo como destaque. 

Muito bem acertado, o carro foi pensado em todos os aspectos: segurança, design, interior tecnológico, eficiência energética e baixo custo de propriedade. Ainda tem gente que diz que ele é um Gol maior. Recomendo que passe numa concessionária e veja as muitas diferenças. Se você dirigir, então, sua opinião será muito diferente.

Para 2018 já temos a chegada do sedã do Novo Polo, o Virtus, com preços estimados entre R$ 60.000 e R$ 80.000. No Salão do Automóvel, em São Paulo, o destaque da Volks deve ser o T-Cross, um SUV para brigar com Renegade e HR-V.

A Fiat, aliás o grupo FCA, trabalhou muito no ano e não teve vida fácil. Saiu de cena o Punto. Chegou o Argo. Com acabamento interno muito bom para seu segmento, mecânica eficiente e tecnologias, o Argo só faltou ter uma identidade própria, um design verdadeiramente italiano e único, para ser ainda mais falado nas ruas. 

Recall já agora ao final do ano complicou a imagem do Argo e principalmente da picape Toro com motorização diesel. Jeep Compass é sucesso absoluto com sua boa relação de custo e benefícios.

Na agenda da Fiat temos o sedã do Argo, Cronos, ainda no primeiro trimestre.
E o carro do ano na Europa também veio para o Brasil. A Peugeot não poupou tecnologias, acabamento e comodidades no Novo 3008. O carro impressiona em todos os sentidos com destaque para acabamento interno e estilo futurista incorporado.

Em ano de FENATRAN comemoramos os 60 anos de presença no Brasil da Scania e da Ford Caminhões. A feira mudou de lugar, ficou ainda mais bonita e o mercado parece que vai realmente retomar o crescimento.

A Chevrolet trouxe seu SUV mais completo para o Brasil: Equinox. Repleto de tecnologias e com a mesma motorização do Camaro, o carro anda muito.
E falando em andar muito, agora é só esperar mais alguns metros e entrarmos numa quilometragem nova. 

Que tenhamos paz, amor e saúde para enfrentar o ano imprevisível com copa do mundo e eleições. Não há dúvidas que será um ano rápido, então é preciso ter atenção e dirigir com segurança para não perder o traçado. Feliz 2018 para todos nós!

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Tarcisio Dias é profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista, desenvolve o site Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) que apresenta o único centro de treinamento online sobre mecânica na internet (www.cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.
Coluna Mecânica Online® - Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuída gratuitamente todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
http://mecanicaonline.com.br/wordpress/category/colunistas/tarcisio_dias/

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A comemoração dos 120 anos de fundação da Renault e os 20 anos de operações no Brasil que acontecerão em 2018 serão marcadas com o lançamento no Brasil do novo Alpine A110, equipado com motor 1.8, de 270 cv que faz de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. Leia ainda a história envolvendo Ricardo Achcar a Simca e a Santa Fúria

                

            Coluna nº 5.217 - 29 de Dezembro de 2017
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Evolução. Alpine A110 original (e) e o novo


De Alpines novos e antigos
Em 2018, Renault comemorará 120 anos de surgimento e 20 da operação Brasil. Eventos imagináveis pelas pretensões da empresa: ser, com Nissan e Mitsubishi, terceiro grupo de automóveis no mundo. 

Aqui, bem marcar o crescimento constante, sucessivo e consistente, mostrar estar presente desde 1959 via sociedade com a Willys-Overland para fazer seus produtos – Dauphine, Gordini, 1093, Interlagos -, e a herança do R 12 aqui chamado Corcel.

Alpine
Um dos eventos nacionais será apresentar o Alpine A110, redivivo esportivo inspirado no mítico vencedor de rallyes, produzido no Brasil, México, Espanha e Bulgaria.  

Aqui, graças ao talento dos pilotos e da Equipe Willys, mudou a vocação de rallye, tornando-se vencedor em circuitos de velocidade.

Novo A110 utilizou a base conceitual criada pelo também mítico Jean Rédélé: aerodinâmica e pouco peso. Relativamente ao original, inverteu a posição do motor, girando-o da popa à entre eixos traseira – ironia, copiou a solução então dita alucinada, de 1965, pelo piloto carioca Ricardo Achcar, e viabilizada pelos lusos irmãos Ferreirinha, de trocar o motorzinho L4, 850 cm3, traseiro, por um V8 2.500 cm3 entre eixos. (Perceba a emoção do autor no texto abaixo.)

Base
Projeto Alpine supera o patamar de ser apenas mais um produto. É projeto de esportividade, começando com equipe e motores na Fórmula 1, patrocínio de categorias no automobilismo, como a Copa Alpine, abertura de novo segmento de mercado. Há anos a Renault assumiu a Alpine e agora refez a fábrica de Dieppe, França, onde a marca nasceu e cresceu.

Não se baseia na proposta nacional do designer João Paulo Melo, levada à Renault Brasil, de baixo custo para industrialização. 

O novo Alpine A110 não utiliza carroceria em compósito de fibra de vidro, mas de alumínio, em processo único no mundo; motor da aliança Renault-Nissan – fase pré-Mitsubishi -, L4, 1.800 cm3, 16 válvulas, turbo, 270 cv de potência, 320 Nm de torque. Transmissão distante da original: automática, dupla embreagem, sete velocidades, tração traseira.

Proposta nacional para reviver o Interlagos

O que faz
Combinação de potência com baixo peso, menos de 1.100 kg, oferece larga dose de alegria. Muito esperto, 4,5s de 0 a 100 km/h e velocidade final de 250 km/h.

Vinda será para tatear o mercado pós queda do artificialismo dos 30 pontos adicionais no IPI; quantificar interesse dos revendedores – os definidores do sucesso ou fracasso do produto –; pesquisar mercado para quantificar vendas, determinar investimento em homologações, treinamento de vendas e assistência.

Deverá ser atração no Brazil  Classics Show, mais elegante dos encontros de automóveis antigos no país, realizado em Araxá. Neste ano, de 31 de maio a 3 de junho. 

A Renault será o principal patrocinador. Preço? Na Europa versão de entrada vendeu série inicial de 1.955 unidades a 58.500 euros. Lançamento das berlinette em versões Pure e Legend será no Salão de Genebra, março.

O início: Achcar-Simca-Santa Fúria

O Santa Fúria, pioneiro com motor entre-eixos (ilustração Maurício Moraes)   


O carioca Ricardo Achcar, gerador de ideias e moda, filho de família de muitas posses, de tudo fez – e bem. Piloto, construtor de automóveis, pioneiro em caminhos europeus, pilotou com Luizinho Pereira Bueno na SMART, equipe inglesa de Fórmula Ford, comandada pelo multimídia e hoje Sir Stirling Moss.

E promoveu casamento teoricamente impossível: Berlinette Willys Interlagos com motor Simca - entre eixos! Trabalho de engenharia de coragem, pois o projeto original do Alpine A 108, fabricado no Brasil como Interlagos, era baseado numa treliça central envolta em fibra de vidro, carro para exclusivo motor traseiro. Mas Achcar aplicou-o entre-eixos com apoio dos irmãos Ferreirinha, Herculano e Antônio, depois fabricantes dos Fórmula Heve.

Dele são os comentários e o texto escrito para os originais do inédito livro por mim cometido sobre a história do Simca.
É muito bom, dá ótimo cenário de época, pela avulsiva redação de Brimo Achcar. 

Não acatei sua ameaça, pois editei o amplo texto para caber na Coluna.
Assumo meus direitos de Publisher, aproveito o recém passado Natal para oferecê-lo como lembrança aos leitores apreciadores de história dos automóveis nacionais. (R Nasser)

“Se você alterar uma vírgula eu nunca mais peço para Maomé te dar um camelo. Fique rico e não me dirija mais a palavra.“
“ BRIMO! Escreve o que e como quiser. Suas palavras tem o cheiro do tempo e do vento - CHIM-EL HAUA, o cheiro do vento...”

A CAPOTAGEM DO MILTON AMARAL E O SANTA FÚRIA
                                                                                      Ricardo Achcar

" - Tudo começou nas 250 Milhas de São Paulo, 1965. Milton Amaral e eu estávamos com gosto de sangue na boca. Tínhamos feito os 1.000 Quilômetros, em Interlagos, com Berlineta Interlagos 850cc de motor muito bem preparado pelo Antônio Ferreirinha, e suspensão apreciada pelo ícone Ciro Caires, piloto cuja característica era compartilhar tudo que podia em prol do esporte motor.

Era madrugada e tínhamos rodado como um relógio. O único incidente comum na neblina de Interlagos foi com o Milton, perdendo a segunda tomada da Curva do Sol e, para não sair barranco afora pela externa, forçou uma rodada e ficou no meio da pista virado ao contrário, motor morto, carburador Solex de corpo duplo afogado e dificuldade de dar partida.

Os segundos passaram, e o Milton tentava desafogar, mas era tarefa para a bateria perder o fôlego. E adivinhou na densa neblina, estar parado num ponto de desgarro de tangência, e que logo, logo, alguém ia chegar por ali. 

Entre pensar e enxergar, quatro luzes cresceram meteoricamente diante do pára-brisas e passaram fulminantes de cada lado da Berlineta... Toco e Jaime Silva com as Simca Abarth. O motor pegou, Milton parou no box, e eu assumi o volante.

Após 3 horas, trocamos posição. Às 9h a neblina levantava numa manhã exclusiva de Interlagos e Le Mans. Aquela camada levantando na reta dos box e no Retão, e o baixo circuito jogando para fora da neblina, aos ouvidos dos assistentes, o rasgo dos motores com a incógnita de quem ia chegar na subida da Curva da Junção. 

Estávamos em 9º lugar e gente boa vinha capengando e quebrando. A 40’ da chegada, em 2º lugar, na Curva do Pinheirinho, terceira marcha engatada, a alavanca de câmbio da Berlineta ficou na mão do Milton. Chegamos com frustração eterna. Afinal, o motor era de apenas 850cc.

Por isso, nestes 250 Quilômetros, na quarta volta, o Milton, muito rápido, atacou a Curva da Ferradura por fora, passou dois concorrentes e, sob nossos olhos, soltou a Berlineta numa derrapagem controlada para ficar por dentro na Subida do Lago. 

Manobra para pilotos excepcionais. Mas, infelizmente, pegou um cascalho de beira de pista, e  foi para o brejo capotando violentamente. Por sorte saiu ileso...
Resultante, tínhamos a disposição de mudar: em vez da Berlineta uma Trolineta!

Começa
Herculano Ferreirinha recebeu a Trolineta ex-Berlineta em sua oficina em Vila Isabel, Rio de Janeiro. "Eu sou lanterneiro. Fibra de vidro não é a minha praia."

Mas adquiriu bons conhecimentos, aplicados ao construir carros de corrida.

O chassis de espinha central do Jean Rédélé formava estrutura misturando tubos de aço com fibra de vidro, primórdio dos monocoques como conhecemos hoje. 

Ora, na violenta capotagem, o solavanco aplicado pelo motor na treliça integrada, provocou torções e deformações e, para corrigir, exigiria corte e remendo, com uso de solda autógena e certeza de incêndio geral. 

Risco e oportunidade provocaram-me considerar nova forma ao automóvel, ante perfis assemelhados entre a Lola GT de Le Mans e o possível da moribunda Berlineta.

Aí surgiu o Manoel Truviso, habilidoso, equilibrado e criterioso. Pau para toda obra, perfil rasante, não se fazia notar. 

Um bom pedaço do Simca-Achcar Santa Fúria teve as mãos e a inteligência do Manoel, somadas ao trabalho e ao comando de equipe do Herculano.

Assim tornei-me "designer" da Trolineta, e minha imaginação espacial alarmou os portugueses e meu co-piloto Amaral, pois indicava, não seria coisa confiável.

Muito do projeto e execução vinha das palavras do Ciro Caires, disparando processo de elocubração, misto de invenção e vontade de ganhar corrida, sem limite razoável dentro de mim. Mas eu acho, deve ser assim.

Ao Antônio não importava se o carro ia fazer curva ou segurar nos freios, mas como pendurar um motor num chassis de espinha central. 

Em sua inconformada cabeça o motor ficaria do meu lado direito - e de fato não ficou muito longe. Ao final, resultado prático, me incendiou a nuca meia dúzia de vezes antes de me vencer. 

Dava medo. A "porra" dava um tiro, e queimava a nuca aos berros, com assobio de caldeira e locomotiva na cabine da enfurecida Trolineta.

História
Mas antes espumar no cockpit rolou muita água. Ciro nos recebeu na fábrica da Simca, ouviu-me e ao Antônio, e disse – "Segura aí que vou falar com o Chico" (Chico era o Landi, ícone das corridas, chefe do departamento de competição Simca). 

Era da melhor qualidade como pessoa, mas tinha birra de "cariocas e suas baboseiras" - e ninguém lhe tira a razão. Landi só atendeu por ter sido pedido do Ciro, com motor de 142 HP medidos em dinamômetro, o melhor que tinham. Ciro Caires é um nome inesquecível na minha agenda de recordações.

O Fazer
A propriamente dita amarração da treliça de suporte do motor na Trolineta Santa Fúria é de complicada narrativa: dois canos de parede grossa saiam do tronco central no limite traseiro, erguiam-se até 15 cm do coletor de admissão, carburadores e os cabeçotes planos, em alumínio. 

O bloco motor, em ferro, tinha um par de suportes estruturais, permitindo amarração de responsabilidade.
No encontro dos tubos ascendentes, o suporte da carroceria do chassi original, colocamos mais um tubo de suporte, fechando um triângulo estrutural.

Motor Simca V8 entre eixos e a caixa Collotti – (foto Ricardo Achcar)


Problema sem solução era a pouca espessura do eixo piloto da caixa de 5 velocidades criação do preparador Colotti, suprimindo anéis sincronizadores, aplicando engrenagens com dentes retos. 

Fora projetada para Renaults 4 CV, Dauphines e Gordinis e motores 750 e 850 cm3 – não o V8 2500. Um duplo H, definia: primeira à esquerda, abaixo; quinta igual, à direita; ré oposta, para cima. O trambulador foi criação do Manoel exigindo nanoprecisão – ou se quebraria.

Outro era o sistema de arrefecimento. Radiador frontal, abaixo do motor, com caixa de compensação e sangradores para eliminar bolhas de ar. Bem calculado, mas fomos vencidos por um detalhe de verificação. O diabo está nos detalhes.

Voltando ao conjunto geral do carro, não foi difícil constatar, o aumento de peso ocasionado pelo motor baixo e entre eixos, respondeu ao resultado projetado.

O motor girava 6200 rpm e podia chegar a 6400, sem ponto fraco de quebra. Era muito resistente com limite definido pelo sistema arcaico de varetas de válvulas. 

Mas à época não havia carro para arrancar na frente do Santa Fúria. 

Em relação ao conjunto, estabilidade e aderência limitadas pelos pneus radiais concebidos para derrapagem controlada.

Referência
O Simca-Achcar foi apelidado “Vem quente que eu estou fervendo...“ pelo jornalista Marcus Zamponi. Colou, e em nada enobrece a minha obra.

Razão estava no fato de, após algumas voltas, quando a temperatura da água chegava aos 103 ou 104 graus, a mangueira de saída inchava, se soltava espirrando a água fervente no meu pescoço.

Resumo a história: o sistema de arrefecimento do motor contava com o de melhor na indústria do país. Radiador celular Bongotti, aumentando o percurso da água, e o máximo de canais vazantes. 

Pedimos com capacidade para 11 l, mais a estocada nos canos de transporte, com diâmetro de 1 ½”. A bomba era poderosa, resistente, desenvolvida pelo Chico Landi, e o motor sempre com total rendimento e potencia – e nunca fundiu.

Não aquecia por falta d'água, porém por má troca de calor no sistema baseado em alta pressão. Tantos anos passados creio, o problema estava na pressão formada pelo sistema de devolução dos estimados 11 l d’água.

Explicação
Numa noite, quatro anos após, entrei no box de corrida na minha casa, e pedi ao Antônio me ajudar a medir a capacidade do radiador do Simca-Achcar: os 11 litros encomendados foram, na verdade física, apenas 7...  

Silenciosos nos entre olhamos, fechamos a porta do box, e fomos para a Montenegro, hoje Vinicius de Moraes e lá, no Garota de Ipanema, pedimos uns baldes de cerveja. 

Então, sem aviso algum o Português começou a esbravejar e a soltar impropérios que fariam Cabral ir de volta para Portugal. Bebia, espumava, me respingava. Eu fiquei calado e murcho.”

Ps: Há tempos busco localizar o Santa Fúria – ou seus restos, ou a história de seu fim. Se você souber, mande-me um e-mail. O Museu Nacional do Automóvel agradecerá. (RN)
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Ford reativa antiga fábrica em Detroit onde a marca começou há 110 anos. Ali, a partir de 2018, será um centro de desenvolvimento de veículos autônomos. “Regressar a Detroit é particularmente importante, porque é onde o meu bisavô se estabeleceu para perseguir a sua paixão e é a cidade que chamamos de lar”, afirma Bill Ford.



A Ford anunciou a reativação de um dos seus centros de produção mais emblemáticos e antigos no bairro de Corktown, em Detroit, onde tudo começou. 

Inaugurado há 110 anos com o nome “The Factory” – “A Fábrica”, em português – o local concentrará os esforços da marca em veículos autônomos e elétricos, a partir do ano que vem. 

A decisão é estratégica e alinhada com o compromisso da Ford de criar novos modelos de negócios de transporte e serviços, com o objetivo de se tornar a empresa de mobilidade mais confiável do mundo, desenvolvendo veículos inteligentes para um mundo conectado.


Totalmente restaurada, a unidade, com 4.180 metros quadrados de área, estará em funcionamento já em 2018 e permitirá que um time com mais de 220 pessoas faça uma imersão nos desafios e soluções de mobilidade em um ambiente urbano. 

A escolha deste espaço tem significado maior ainda para o presidente executivo da marca, Bill Ford, pois foi nesta região de Dearborn, Michigan, onde os seus antepassados se instalaram após emigrarem da Irlanda. 

“Regressar a Detroit é particularmente importante, porque é onde o meu bisavô se estabeleceu para perseguir a sua paixão e é a cidade que chamamos de lar”, afirma Bill Ford.

A equipe em Corktown será comandada por Sherif Marakvy, vice-presidente de veículos autônomos e eletrificação da Ford, e também abrigará projetos estratégicos, como o team Edison – equipe especializada que visa acelerar o desenvolvimento global da nova geração de veículos elétricos da marca.


Carros autônomos
A Ford pesquisa os carros autônomos há mais de uma década e, desde o início, definiu alguns pilares para o desenvolvimento dessa tecnologia, colocando o consumidor sempre no centro desse processo. 

Jim Farley, presidente de Mercados Globais da Ford, fala sobre a visão da empresa nesse trabalho que vai moldar o transporte do futuro.

“Quando penso na tecnologia de carros autônomos e o que ela pode oferecer, posso sonhar com visões surpreendentes do futuro. É um exercício divertido e que devemos fazer constantemente para garantir que estamos na direção certa”, diz. “Para isso, precisamos construir hoje um negócio que sirva de base para o sucesso de longo prazo.”

Segundo ele, o próximo ano será um momento importante, quando a empresa começará a testar sua tecnologia de carros autônomos e o novo modelo de negócios como projeto piloto na primeira cidade. 

O objetivo é projetar um veículo totalmente novo, otimizado para a condução autônoma, que diferencie o produto por meio da tecnologia e experiência do consumidor quando começar a ser usado por empresas líderes no transporte de pessoas e mercadorias.

O carro autônomo da Ford está sendo projetado a partir de quatro aspectos principais:

Uso Comercial: a empresa aproveitará a experiência na produção de veículos comerciais de alta capacidade, usados em frotas de táxi, polícia e outros serviços pesados, para construir um carro autônomo com componentes avançados – freios, rodas e estrutura da carroceria capazes de suportar ciclos de trabalho extremos e submetidos a testes rígidos de durabilidade antes de chegar ao mercado.

Híbridos Elétricos: o desenvolvimento de veículos híbridos, inclusive para uso em operações comerciais, é outro ponto forte da Ford. 

O uso da tecnologia híbrida nos veículos autônomos traz vários benefícios para as empresas de serviços, como a maior autonomia. 

Além disso, os híbridos dispõem da energia necessária para alimentar os sensores e sistemas de computação do veículo, sem impacto significativo na autonomia. 

Desde que a Ford lançou o seu primeiro híbrido, em 2004, 99,6% de suas baterias de alta voltagem continuam ativas mesmo após o término da garantia.

Projeto com Propósito: a Ford faz e vai continuar realizando extensas pesquisas com os consumidores para entender suas necessidades e projetar recursos que melhorem seu negócio e a experiência do cliente no transporte de passageiros e mercadorias. 

Na pesquisa com a equipe da Domino's, por exemplo, a Ford descobriu que os clientes aprovavam as instruções de voz dadas por alto-falantes para explicar como tirar sua pizza do veículo autônomo ao chegar na sua casa. Na verdade, muitos clientes conversavam com o carro, dizendo “tchau” na sua saída.

Integração para a Segurança: Para garantir um produto integrado, seguro e confiável desde o início, as equipes que estão projetando, testando e construindo os carros autônomos da Ford trabalham como um só time. 

Sua parceira de desenvolvimento, Argo AI, é liderada por alguns dos especialistas mais experientes do mercado no desenvolvimento de produtos robóticos e agora conta uma equipe reforçada. 

Essa sinergia com as equipes de desenvolvimento e manufatura da Ford garante a capacidade de construir veículos autônomos de alta qualidade.

De acordo com a consultoria Ernest & Young, os carros poderão deixar de ser o ponto focal da mobilidade e se tornar apenas mais um elemento em uma plataforma bem maior e dinâmica


Alta Roda                    

Nº 973 — 29/12/17

Fernando Calmon



REPENSAR O NEGÓCIO



O mundo mudou nos últimos 100 anos ao ampliar tremendamente a capacidade de mobilidade do ser humano e possibilitar locomoção de maneira rápida, confortável e livre. Agora, o automóvel começa se tornar vítima neste processo inovador e disruptivo, que a própria indústria criou.

Em cenário cada vez mais conectado e integrado, os carros poderão deixar de ser o ponto focal da mobilidade e se tornar apenas mais um elemento em uma plataforma bem maior e dinâmica para atender necessidades multifacetadas dos consumidores. 

Esta é a previsão de pesquisa, publicada este ano, pela consultoria Ernest & Young (E&Y) ao abordar a remodelação deste setor produtivo.

O estudo destaca que, apesar dos enormes avanços tecnológicos refletidos nos atuais veículos, há um processo em curso de descolamento da vanguarda na inovação. 

Na opinião da consultoria, a consolidação do negócio obrigou os fabricantes a encarar grandes mudanças administrativas, nos seus processos e na forma de atender a novas demandas.

“É necessário que essas empresas, com alta confiabilidade no mercado, não tenham medo de fazer diferente e se conscientizem de que só alcançarão êxito se enfrentarem antigos modos de operação, repensando seu modelo de negócio urgentemente”, avalia Rene Martinez, sócio da E&Y e encarregado por análises da indústria automobilística.

A pesquisa identificou cinco desafios para transformar problemas em oportunidades. Exigirão mudanças radicais sobre a maneira de como costumam ver os clientes, os parceiros de negócio (entre os principais suas redes de concessionárias), os funcionários e, principalmente, a si mesmos.

O primeiro desafio se refere à inovação e, para isso, é necessário novo modelo de negócio. Segundo o levantamento, poucas companhias do setor mostram abordagem objetiva no desenvolvimento e avaliação de novas ideias e propostas. Há necessidade de revolucionar o seu próprio negócio.

O segundo desafio refere-se à conectividade. O cliente quer ser ouvido. As novas gerações estão acostumadas a serviços móveis “sob demanda”. 

O problema, agora, é desenvolver relacionamento contínuo com o consumidor e criar produtos e serviços personalizados. Fundamental aprimorar a capacidade de interação. 

Será necessária colaboração externa, mais uma dificuldade, pois por seu tamanho a indústria automobilística estabeleceu uma relação muito rígida com o mercado e seus parceiros. A nova indústria da mobilidade requer colaboração ampla envolvendo todos os participantes.

Atrair novos talentos, de outras áreas, também não é fácil. Pesquisa com jovens profissionais de tecnologia indicou que estes não veem o setor automobilístico como inovador e, por isso, existe baixo interesse em trabalhar nele.

Porém, segundo o estudo, a indústria precisará atrair especialistas em inteligência artificial e cientistas de TI para se adequar à remodelação da mobilidade. E isso leva ao quinto desafio: deixar de lado métodos operacionais desatualizados. 

É necessária ruptura com a velha tradição de apenas alavancar antigos processos operacionais e sistemas. Assim, além de criar novas unidades de negócio para manter a competitividade, deverão ser desenvolvidos modelos condizentes.

E&Y é uma consultora conceituada, mas esse “caminho das pedras” já vem sendo seguido há algum tempo por quase todos os atores do setor. Constatável por qualquer observador mais atento.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2

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