Coluna nº 4.917 - 8 de dezembro de 2017
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Sem Rumo ou Rota
Desde o princípio do ano, o
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) promove reuniões
com segmentos ligados à indústria automobilística e de auto-peças para criar
novo regulamento ao setor, o Rota 2030. Sete grupos de trabalho entre
indústrias e um do governo, leia-se MDIC.
O horizonte plotado era ter
a matéria sancionada pelo presidente da República até final de novembro, com
vigor ao início de 2018, e para isto até o titular do ministério e os
interessados foram ao Planalto fazer lobby
junto ao presidente. Advogado, político, ouviu, deu o maior apoio – mas isto
apenas dar-se-á se a norma for consensual.
O Rota 2030 deve substituir
o Inovar-Aut. Dito Inovar fez o País perder anos em competitividade ao
implementar um aumento de 30 pontos percentuais sobre o IPI dos veículos
importados para evitar a concorrência com os nacionais.
A soma do imposto de
importação de 35% - número de redução prevista há 25 anos, desde a abertura das
importações – com a imposição artificial dos 30%, eleva os preços dos
importados, e com isto não instiga a concorrência, a melhora nos veículos
brasileiros, a competitividade do País.
O projeto do Inovar, uma
das pérolas da gestão do processado Fernando Pimentel, era tratado como Lei
Anti-Habib, referindo-se ao estardalhaço feito pelo empresário Sérgio Habib ao
importar o chinês JAC e vendê-lo, equipado, pagando impostos, a preço inferior
aos nacionais pelados.
A situação incentivou a
instalação de montadoras por BMW/Mini, Jaguar Land Rover, Audi, Mercedes. Em
todas pratica-se – ou comete-se – processo absolutamente simples: a importação
dos veículos em grupos de peças para a montagem no Brasil.
Em alguns, processo
repele a nacionalização, trazendo alguns modelos com a carroceria pintada. Na
prática, o método praticado ao início do século passado, participação nacional
inferior ao início do governo JK.
Há curiosidades no
processo, como considerar nacionalização todos os gastos da empresa para
calcular tal índice: além dos usuais, conta-se, por exemplo, o valor da conta
de luz e de água.
Num exemplo risível, mas aritmeticamente correto, se
necessário aumentar o índice de nacionalização, basta deixar as luzes acesas 24
horas/dia e/ou determinar ao cozinheiro promover um desarranjo digestivo geral,
para inflar a conta d’água...
Para manter a barreira protecionista
– e incentivar não desenvolver produtividade – os industriais do automóvel
sugeriram fórmula pouco criativa: imposição de imposto de 10 ou 15% sobre os
importados.
E ante ponderações que tal medida seria questionada na Organização
Mundial do Comércio – como o foi o InovarAuto – o MDIC, para remover o rótulo
de punição aos importados, incidir sobre todos os veículos, nacionais ou
importados.
Na prática, criar um aumento para permitir redução a cada ganho
obtido sobre eficiência energética; segurança veicular; investimentos em
pesquisa; inovação e produção no País.
A dificuldade maior para
aprovar a redação final está em fato básico: a não negociação com o Ministério
da Fazenda, que ante a situação das contas do País veda incentivos, desconsiderando
a argumentação de o Inovar Auto trouxe vantagens à sociedade pela economia em
combustível gerada com a aplicação de tecnologias exigidas como forma de
reduzir o IPI.
Entretanto, outra corrente obsta, pois a normatização da redução
do imposto por desenvolvimento de tecnologia pode ser tratada em regra própria.
Fonte do Ministério da Fazenda sintetiza: a dificuldade está em como auditar os
eventuais ganhos, individualizando as empresas e os alegados ganhos em cada um
dos cinco objetivos.
E resume: quem precisa
de legislação de incentivos? E quem tomará conta de tantas contas incluindo
indústrias de veículos e de auto-peças?
Do consenso ainda não há
definições sobre dois pontos fundamentais: qual o futuro para o carro com
combustível não petrolífero?
Como se preparar para o Indústria 4.0, a maior
revolução industrial mudando conceitos, controles, investimentos, métodos,
pessoas e seus empregos? Aparentemente,
sem consenso, o Rota está sem rumo – sem prazo.
Por pensar
Brasil teve grandes chances de se impor no cenário
mundial caso fosse mantido o projeto original do GEIA – grupo executivo para
implantação da indústria automobilística.
Mudou-se a diretriz e perdeu-se o
foco. Já fomos a quinta indústria do automóvel e temos perdido a chance do
desenvolver de tecnologia, de conquistar mercados externos – a GM, hoje a maior
vendedora doméstica, acabou com seu centro de engenharia e design, significando dizer não há mais adequação às características
locais ou seus compradores, pois todas as diretrizes técnicas vêm do exterior.
Sem firulas, porque não seguir o melhor adotado por
Coreia, China e Índia, em situação inferior à nossa, fizeram sua independência
de produtos, qualidade, e nos exportam? Porque não copiar a fórmula que deu
certo?
Mustang voltará, importado pela Ford (divulgação)
Em
março, Mustang
Gostas
de Mustang? Tens disponibilidade para uns R$ 300 mil? Se, sim, seu dia está
chegando. Próxima 2ª feira, dia 11, Ford dirá preços da inicial versão GT
Premium, abrindo inscrições para entregas no fim de março. Preço
é focado no concorrente Chevrolet Camaro, hoje R$ 311 mil.
Modelo
é da nova safra, alteração em meio de ciclo, marcada pela mudança de grade
frontal, trocada por reclamação, pois buscando ser assinatura familiar,
penalizou-o dando-lhe similaridade com o sedã Fusion. Nova frente busca
identificar-se com o modelo 1967 pluri exibido no filme Bullit, símbolo do
Mustang.
No
pacote aplicou aerofólio e spoiler aerodinâmicos. No interior
mudanças e conectividade pelo bom sistema Sync 3. Suspensões e freios adequados
à boa performance oferecida pelo motor V8 5,0 litros, 466 cv de potência;
câmbio automático com 10! marchas, com aletas sob o volante. Para artistas do
guiar, botão Drift permite derrapagens controladas. Vendas por sítio exclusivo.
Pintura de apresentação do Sauber Alfa (foto Divulgação)
Alfa
volta à Fórmula 1
É
a mais icônica das marcas de automóveis; pioneira em tecnologia; em foco de
produto; rica história com suas vitórias.
Voltar às corridas de automóveis,
onde representou a Itália até a 2ª. Guerra Mundial, e serviu de base à formação
da Ferrari, é caminho natural na busca pelo mercado mundial. No caso, estar na
enorme vitrine da Fórmula 1 é para cumprir o distante desiderato de vender 430
mil unidades anuais.
Negócio
comum. Uniu-se à suíça Sauber, crendo na aliança e na injeção de capital e
tecnologia elevá-la ao primeiro time de concorrentes, deixando de usar motores
defasados.
Por
raciocinar, motor Ferrari será chamado Alfa. Talvez a engenharia Alfa seja
convocada a personalizar os cabeçotes, por dentro, operacionalmente, ou na
parte externa para exibir o nome Alfa Romeo em letra cursiva.
A
FCA quer carona na intensa mídia de cobertura da Fórmula 1 e deve aplicar-se a
eventos internacionais para evidenciar a marca. Maior carga de trabalho recairá
sobre o assessor de comunicação.
Alfa
pretende reacender formação de torcidas, como havida ao tempo de disputa com
Ferrari e Maserati, aproveitando o período de graça de seu principal produto, a
Giulia: recordista com o suv Stelvio no circuito norte do anel
de Nurbur; e eleita Carro do Ano nos EUA pela revista Car
and Driver.
Roda-a-Roda
Pré – Lamborghini exibiu seu primeiro
utilitário esportivo, o Urus. Usa o bom motor Audi V8, 4,0 litros, dois turbos
e 650 cv, 70,84 Nm, também aplicado ao Porsche Cayenne Turbo em 2019.
Não é o
primeiro da marca – houve o LM002 entre 1983 e 1992 -, mas será o de produção
seriada. 0 a 200 km/h em 12s e final de 305 km/h. Suspensão regula altura livre
do solo entre 15 e 25 cm.
Urus, o suv da Lamborghini
Negócio – Elevados incentivos estaduais para
ser o Lambo de maior produção. Intenta ser mais rápido ante outro do mesmo
grupo, o Bentley Bentaiga. Vendas em 2019 e preço imaginado em 200 mil euros –
na Itália.
Não – Paulo Ferraz, empresário, um dos criadores do
conceito de picape como veículo de status, ex-sócio da então MMCB,
fabricante de Mitsubishis, desistiu de fabricar veículos chineses em Luziânia,
GO – a 50 km de Brasília.
Situação – Razões? Pouca
instigação de mercado, outros negócios mais rentáveis, dispõe-se a passar à
frente o projeto pronto e incentivado.
Dobro – JAC Motors, com operações industriais
congeladas, resumindo-se a importações, cresceu 133% no período, com vendas
infladas pelo modelo SUV T40, representando quase 2/3 de seus negócios. Números
exibem crescer acima do mercado. Em 2017 intenta superar venda de 4 mil
unidades.
Plano – Christiano Ratazzi, número 1 da FCA, na
Argentina, às vésperas do início de produção do Fiat Cronos em Ferreyra,
Córdoba – linha industrial será inaugurada dia 14 ante os presidentes Maurício
Macri, da Argentina, e Sergio Marchionne, da FCA -, alimenta sonho: transformar
a fábrica revista e atualizada em base de exportação para a Europa.
Medida – Mercado doméstico para automóveis 0 Km deteve a queda
e sedimenta ascensão: 13,6% ante 2016, vendendo 197.247 unidades. Seria melhor
caso o país fosse operacionalmente organizado.
Sequência de feriados reduziu
dias úteis de vendas. Loja fechada não fatura nem recolhe impostos. Até o final
de outubro mercado cresceu 10%.
Ajuste – Fiat mistura e depura motores em seus produtos.
Próximo lançamento do Cronos como sedã da marca, não forçará tirar de produção
o Gran Siena, mas simplificá-lo para ser carro de frota, locadoras e trabalho,
mantendo apenas versão com motor 1.0.
Troca – Para harmonia
industrial, encerrou a produção do Palio, substituindo-o por Argo simplificado
– tem ar condicionado, direção elétrica, vidros frontais com acionamento
elétrico.
Enfim – VW iniciará
vender o Amarok com motor V6, 3.0, 225 cv e 550 Nm de torque. Performance de
carro esportivo, versão de topo, Highline, e unidades contadas em 450 unidades
para definir mercado. R$ 187.710.
Régua – Ultrapassa o
padrão do mercado com o mais forte dos motores disponíveis, e traz a bandeira
de ser escolhido Picape do Ano na Europa. Preço balizará o do próximo
concorrente a utilizar um V6 com unidade propulsora, o Mercedes Classe X.
Amarok V6 inicia por versão de topo
História – Fábio Pagotto, engenheiro, antigomobilista,
segunda incursão como autor: assina em conjunto com Rogério Ferraresi o livro “Picapes
Chevrolet – Robustez que conquistou o Brasil”. Pela Editora
Alaúde. Pré-venda pela revista Classic Show – assinatura@classicshow.com.br R$ 55 + frete.
Futuro – Após décadas o Brasil não
terá piloto da Fórmula 1: falta projeto nacional para estruturar a formação de
pilotos e sua ascensão internacional. Na verdade, ao Brasil falta projeto para
tudo.
Mais – Questão permeia do olimpo da
administração (?!) federal às paróquias e interesses inferiores. Isto explica
desmanchar o Autódromo do Rio e, agora, vender a ampla área contendo o circuito
de Interlagos, como aprovado pela Câmara de Vereadores de S. Paulo, de
vassalagem fiel ao prefeito João Dória.
E? - De lá saiu o caminho para o futuro: será cortado.
Dória e turma querem transformar o grande espaço em mega condomínio – coisa
inadequada por acabar com o maior circuito do País, e pela falta de infraestrutura do bairro e de circulação para o novo afluxo.
Sem futuro – Autódromo carioca foi-se; o de Interlagos ameaça
findar-se; o de Brasília, fechado à espera de refazimento da pista, em porvir
cinzento ante a postura pouco clara do governo distrital. Políticos são muito
sensíveis aos argumentos dos especuladores imobiliários que, pelo lucro do dia
comprometem os anos futuros.
Camionata Mercedes, diretoria dirige até os clientes
Mercedes leva
Diretoria à estrada
Em meio à crise cortando
suas vendas em 50% e adequações industriais para gerir prejuízos, sob a então
nova direção de Philipp Schiemer, a Mercedes foi a campo entender as demandas
dos clientes quanto aos seus produtos.
Ouviu, fez modificações, trocou partes e
tecnologias para obter melhor performance e manutenção mais fácil. Chamou o
programa por bom slogan: As estradas
falam, a Mercedes-Benz ouve.
Não se resumiu ao título e
tem agido para manter e atrair clientes à marca, com apelos indo do operador, o
antigo motorista, ao dono da empresa.
Mais recente fez surpresa:
uma camionata com seus modelos Actros
e Axor percorrendo 450 km na estrada de segunda categoria entre Uberaba e
Araxá, MG, visitando clientes importantes das duas atividades previstas como as
de maior expansão no consumo de caminhões: as poderosas CBMM, de extração
mineral, e a Usina Santo Ângelo, produtora de açúcar e álcool. Insólito era o
grupo descendo das cabines e volantes dos caminhões.
Liderados por Phillip
Schiemer, presidente da Mercedes no Brasil e América Latina, estavam os
executivos mais afeitos ao setor: Stefan Buchner, chefe mundial da
Mercedes-Benz Trucks; Prof. Uwe Baake, chefe mundial do Desenvolvimento; Dr.
Frank Reintjes, chefe mundial de Agregados.
Da Mercedes nacional, liderados por
Schiemer e Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing, Peças e
Serviços, Christof Weber, vice-presidente de Desenvolvimento de Caminhões e
Agregados; Carlos Santiago, vice-presidente de operações; Fernando Garcia,
mesmo nível em Recursos Humanos, e Hetal Laligi, nº 1 de Finanças e Controle.
Estrangeiros foram ver
parte da realidade da operação nacional, e anfitriões foram provocados pelo
anúncio de novidades nos produtos na linha 2018.
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