Nº 973 — 29/12/17
Fernando Calmon
REPENSAR O NEGÓCIO
O mundo mudou nos últimos 100 anos ao ampliar tremendamente
a capacidade de mobilidade do ser humano e possibilitar locomoção de maneira
rápida, confortável e livre. Agora, o automóvel começa se tornar vítima neste
processo inovador e disruptivo, que a própria indústria criou.
Em cenário cada vez mais conectado e integrado, os carros
poderão deixar de ser o ponto focal da mobilidade e se tornar apenas mais um
elemento em uma plataforma bem maior e dinâmica para atender necessidades
multifacetadas dos consumidores.
Esta é a previsão de pesquisa, publicada este
ano, pela consultoria Ernest & Young (E&Y) ao abordar a remodelação
deste setor produtivo.
O estudo destaca que, apesar dos enormes avanços
tecnológicos refletidos nos atuais veículos, há um processo em curso de
descolamento da vanguarda na inovação.
Na opinião da consultoria, a
consolidação do negócio obrigou os fabricantes a encarar grandes mudanças
administrativas, nos seus processos e na forma de atender a novas demandas.
“É necessário que essas empresas, com alta confiabilidade no
mercado, não tenham medo de fazer diferente e se conscientizem de que só
alcançarão êxito se enfrentarem antigos modos de operação, repensando seu
modelo de negócio urgentemente”, avalia Rene Martinez, sócio da E&Y e
encarregado por análises da indústria automobilística.
A pesquisa identificou cinco desafios para transformar
problemas em oportunidades. Exigirão mudanças radicais sobre a maneira de como
costumam ver os clientes, os parceiros de negócio (entre os principais suas
redes de concessionárias), os funcionários e, principalmente, a si mesmos.
O primeiro desafio se refere à inovação e, para isso, é
necessário novo modelo de negócio. Segundo o levantamento, poucas companhias do
setor mostram abordagem objetiva no desenvolvimento e avaliação de novas ideias
e propostas. Há necessidade de revolucionar o seu próprio negócio.
O segundo desafio refere-se à conectividade. O cliente quer
ser ouvido. As novas gerações estão acostumadas a serviços móveis “sob
demanda”.
O problema, agora, é desenvolver relacionamento contínuo com o
consumidor e criar produtos e serviços personalizados. Fundamental aprimorar a
capacidade de interação.
Será necessária colaboração externa, mais uma
dificuldade, pois por seu tamanho a indústria automobilística estabeleceu uma
relação muito rígida com o mercado e seus parceiros. A nova indústria da
mobilidade requer colaboração ampla envolvendo todos os participantes.
Atrair novos talentos, de outras áreas, também não é fácil.
Pesquisa com jovens profissionais de tecnologia indicou que estes não veem o
setor automobilístico como inovador e, por isso, existe baixo interesse em
trabalhar nele.
Porém, segundo o estudo, a indústria precisará atrair
especialistas em inteligência artificial e cientistas de TI para se adequar à
remodelação da mobilidade. E isso leva ao quinto desafio: deixar de lado
métodos operacionais desatualizados.
É necessária ruptura com a velha tradição
de apenas alavancar antigos processos operacionais e sistemas. Assim, além de
criar novas unidades de negócio para manter a competitividade, deverão ser
desenvolvidos modelos condizentes.
E&Y é uma consultora conceituada, mas esse “caminho das
pedras” já vem sendo seguido há algum tempo por quase todos os atores do setor.
Constatável por qualquer observador mais atento.
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fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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