Coluna Fernando Calmon
Nº 1.114 — 10/9/20
208 REÚNE TUDO PARA
FAZER PEUGEOT CRESCER
A Peugeot aposta em
nova vida para o hatch 208, fabricado em El Palomar (Argentina) com motor
exportado do Brasil de quatro cilindros, 1,6 litro, 118 cv (etanol), 15,6 kgfm
e todas as versões com câmbio automático de seis marchas.
Sua arquitetura CMP,
a mais moderna da marca francesa, estilo arrojado e pacote tecnológico avançado
significam também uma guinada no posicionamento, ao se descolar da base do
mercado. Oferecido entre R$ 74.990 e R$ 94.990 inclui entre alvos principais Polo,
Yaris e Fit (este considerado mais monovolume do que hatch de teto alto).
A principal executiva
do grupo no Brasil, Ana Theresa Borsari, afirma que os SUVs compactos se
estabilizaram em 15% de participação e, portanto, os hatches tendem a voltar a
crescer como segundo ou mesmo terceiro carro da família, no período pós-pandemia.
Segundo Oswaldo Ramos,
diretor comercial, as projeções de vendas estão mantidas como no começo do ano,
ainda antes da pandemia, por se tratar de um modelo com vantagens na sua faixa (alta)
de preço.
Ele acredita que o 1% atual de mercado da marca crescerá, sem revelar
uma meta. Para isso acha que o plano de financiamento com 30% de entrada, 36
prestações e mais 30% ao fim do período com garantia de recompra por 100% da
tabela FIPE (concorrentes oferecem 80%) deve atrair antigos e novos clientes.
O novo 208 mantém o
volante de pequenas dimensões com respostas rápidas e acrescenta quadro de instrumentos
inovador com holografia tridimensional que identifica placas de trânsito, além
de frenagem autônoma de emergência e assistente de mudança de faixa. Freios são
a tambor atrás e como pesa 23 kg a menos que o modelo anterior não chega a
comprometer.
Espaço interno para as pernas no banco traseiro é algo limitado,
porém o carro ficou 2 cm mais baixo e pessoas altas raspam a cabeça no teto. O assoalho
é ligeiramente desnivelado em relação à soleira de porta porque na versão
elétrica as baterias ocupam esse vão. Porta-malas tem 265 litros, 20 litros menos
que antes.
O motor entrega
desempenho razoável (0 a 100 km/h em 12 s, dado de fábrica). Importar o 1,6 L
turbo do 2008 ou o tricilindro turbo europeu, com a cotação atual do euro,
deixaria o carro sem condição de competir.
Opção é oferecer a versão elétrica
208 e-GT a partir do início de 2021, ainda sem valor estimado, mas competitivo
na Europa. A sensação de guiar, como todo elétrico, alia desempenho (0 a 100
km/h, em 8,1 s) ao silêncio a bordo. Pesa 300 kg a mais que o modelo convencional.
No entanto, comportamento é exemplar, tanto em estabilidade direcional quanto em
curvas, no travado circuito do Haras Tuiuti. O 208 elétrico deve vender muito
pouco, mas pode ser líder nesse nicho de mercado por seu estilo e provável bom
preço relativo.
ANFAVEA VAI REVER
PREVISÕES PARA 2020
Apesar de as vendas
diárias estarem em ascensão, a situação da indústria automobilística ainda
preocupa bastante principalmente pelo nível de emprego que depende da produção
e exportações. A Anfavea admite rever a queda do mercado interno, hoje em torno
de 35%, já no próximo balanço mensal em outubro.
A revisão da entidade
deve apontar uma queda anual de 30% de 2020 sobre 2019 contra até 45% das
primeiras estimativas. Alguns executivos, como o presidente da GM América do
Sul, Carlos Zarlenga, estimam o retorno dos níveis do ano passado só em 2023.
No entanto, o consultor Francisco Mendes acredita que já em 2021 o mercado
interno de automóveis e comerciais leves (94% do total) atingirá um crescimento
de 3,9% sobre 2019.
Se concretizada sua previsão, comprova a resiliência da
economia brasileira à pandemia do Covid 19. E a chamada recuperação em “V”,
quando as vendas sobem tão rapidamente quanto caíram, já não pode ser apontada
como delírio de otimistas.
Mesmo com preços de
tabela (sugeridos) em alta moderada, os negócios entre consumidores e
concessionárias são influenciados por planos de postergação das primeiras
prestações, bônus atraentes e também o velho recurso de “compre antes que
aumente”.
Rendimentos do mercado financeiro estão muito baixos e viagens internacionais
encareceram demais pela alta acentuada do dólar. A opção pode ser trocar o veículo
por um novo ou outro menos velho.
GM E HONDA ACERTAM
ALIANÇA PONTUAL
Os desafios ambientais
e pesquisas sobre conectividade com enorme impacto financeiro sobre
investimentos estão deixando os fabricantes sem saída a não ser juntar forças.
Este cenário levou GM e Honda a assinarem um acordo para aliança estratégica na América do Norte. Em comunicado
conjunto as duas empresas se comprometeram a explorar o compartilhamento de
plataformas de veículos e sistemas de propulsão para diversos
segmentos.
Apesar de o acordo estar restrito àquela região, é bom lembrar que pode
ser expandido no futuro. E também os mercados internos da América do Norte (Estados
Unidos, Canadá, México) e Japão somados, praticamente se igualam ao da China, o
maior do mundo.
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